quinta-feira, 28 de setembro de 2006

2 anos!

Faz hoje 2 anos que cá cheguei.
As despedidas no aeroporto, as primeiras 2 noites em casa da Margarida, a chegada a Passfield e à LSE, já me parecem recordações longínquas. As ideias que trazia foram mudando rapidamente: achava que o Master me ia mudar a vida e foi apenas interessante; achava que não ia fazer amigos e fiz bons amigos; achava que ia aprender a viver sozinho e ainda não aprendi; achava que ia voltar há 1 ano e ainda cá estou.
Não sei se estou mais maduro, mas sei que o meu mundo cresceu. Cresceu muito para a América Latina, e muito por culpa do Eduardo, que tem acompanhado de perto os altos e baixos da minha vida em Londres e é co-responsável por algumas das melhores páginas que por cá tenho escrito. Também foi muito importante, e continua a ser, a amizade com o Roberto e com os colombianos. Graças a eles, hoje falo um castelhano fluente e conheço muito mais da cultura latina. O meu mundo cresceu muito também para os lados da Índia, tanto pela Nayan como por outros amigos que cá continuam; apesar de a cultura ser bem mais diferente, não faltam pontos em comum, e têm estado presentes nos momentos chave. Também fiz alguns amigos entre os ingleses ou outros europeus, ainda que não tão próximos, e toda esta riqueza de encontros assegura-me que valeu a pena ter vindo.
Outra coisa que quero sublinhar foram as amizades que cresceram à distância. Amigos que estão sempre do outro lado do email, do MSN ou do Skype, a perguntar se está tudo bem e a manterem-me a par do que se passa em Portugal. Amigos que aparecem por cá, com quem passeio e converso com mais tempo e abertura. E outros amigos desterrados, com quem vou partilhando os queixumes próprios da saudade lusitana (falta-nos sempre qualquer coisa...) e cujo apoio internético não dispenso.
Por tudo isto, hoje tenho razões de sobra para festejar!

Faz também 2 anos que este blog nasceu. Quase 400 posts depois, tem cerca de 100 visitas por dia, o que me enche de orgulho. Não tanto pela qualidade da obra, mas por saber que há gente desse lado interessada em saber o que se vai passando deste lado.

quarta-feira, 27 de setembro de 2006

Portugal sempre perto

1. Na habitual visita ao supermercado para comprar o almoço, deparei-me com um cartaz a alertar para uma promoção: ROCHA PEARS. Como "Rocha" me soava pouco inglês, aproximei-me e de facto lá estavam as nossas deliciosas peras do Oeste. A juntar aos nossos espinafres e vinhos que são presenças mais habituais.
2. No regresso a casa, quando ia a sair da estação de comboio, vi na rua algum alvoroço, com duas motas da polícia a abrir espaço no trânsito para deixar passar um autocarro. O bigode de Reinaldo Teles não enganava, era a equipa do Porto a caminho do estádio do Arsenal. O desfecho da noite futebolística luso-britânica não foi o melhor, esperemos que amanhã o Sporting faça melhor.

terça-feira, 26 de setembro de 2006

Marisa Monte

Um belíssimo concerto: a voz cristalina, os efeitos das luzes, os braços dela sempre ao ritmo da música... As músicas dos 2 álbuns lançados este ano passaram quase todas: Vilarejo, Vem Saber e Meu Canário são as minhas preferidas. Mas o que fez o público levantar-se das cadeiras para dançar foram alguns êxitos mais antigos, como Não Vai Embora e os êxitos dos Tribalistas.
Realmente a música é uma linguagem muito forte! Traduz sentimentos que também são nossos, leva-nos até às memórias de outras vezes que escutámos as mesmas canções... e consegue fazer-nos arrepiar. E pelo menos a mim dá-me sempre a vontade de ser um dos músicos que estão no palco.

Um pé lá e outro cá

Assim foi o fim-de-semana.
Sair do trabalho em direcção ao aeroporto já não tem nada de novo. Dormir a viagem inteira, tal como depois fiz no regresso. Cumprir a promessa de comer a bela da francesinha em Vila do Conde.
No sábado, o tal encontro de família, desta vez com 133 pessoas. Muitos olhos no Pedrinho e os devidos parabéns para os papás. Depois da missa e do almoço, mostrei um Power Point para explicar às pessoas como podem colaborar no site da família, um dos meus projectos que espero agora ganhe outro fôlego. E para terminar, o tradicional jogo de futebol, mas com um pouco menos de garra, pareceu-me - muitos veteranos se foram retirando e os novos ainda estão muito verdes. Mas depois de terminada a festa, só deu para jantar com os meus pais, faltou um bocado mais de socialização...

E no domingo o almoço já foi na minha casa de Camden. Estava lá em casa a Marcela, irmã da Catalina, e depois de almoço o Eduardo e eu fomos levá-la à residência onde vai ficar. Mas como a tarde estava bonita, o passeio não ficou por aí. Fomos até à beira do rio, onde parámos a beber uma pint com a vista que aqui vos mostro. Ainda que cada vez mais ecoe na minha cabeça o refrão do Variações "só estou bem aonde não estou", são estes os momentos que me fazem perceber que por enquanto ainda estou bem aqui. E melhor ainda depois do fish and chips com que terminámos o dia.

sexta-feira, 22 de setembro de 2006

Ao encontro da família

Quando disse aqui no trabalho que hoje ia a Portugal, eles fizeram uma cara espantada: "Again?!"
Pois é, à noite já estarei com os meus pais a jantar uma francesinha em Vila do Conde. Isto porque amanhã temos o anual encontro de família em Famalicão.
O meu avô (o senhor baixinho que aparece no centro da foto) teve 17 filhos. Como vários destes filhos também foram bem generosos na prole, hoje somos 59 netos, 78 bisnetos e 8 trinetos. Com os respectivos, somos cerca de 200 pessoas.
E devido aos 50 anos de intervalo entre o primeiro e o último filhos do meu avô, a confusão entre gerações é bastante grande: o meu tio mais velho já é bisavô, enquanto os tios mais novos continuam a ter filhos... Por isso os novos rebentos vão-se somando aos vários níveis da árvore genealógica. Só nos últimos meses nasceu um neto, um bisneto e um trineto.
E quem é este trineto? O Pedrinho, meu afilhado! Sim, porque nos últimos anos tive a alegria de ter um amigo a participar de pleno direito nestes encontros familiares, que acho que ainda o deixam um pouco esgotado, não é Pedro? É que para quem entra, são muitos beijinhos e "passou-bens" a gente que não se faz ideia de onde aparece! Mas com os anos as caras vão-se tornando familiares...
Assim, amanhã espera-se um dia bem animado, e depois eu conto como foi.

quarta-feira, 20 de setembro de 2006

Procura-se...


Um post mais leve agora, mas nem por isso menos importante!
Daqui a pouco mais de 2 semanas vou a Lisboa comemorar o meu 26º aniversário. Faço anos num domingo, mas a minha ideia é dar uma festa no sábado, dia 7. E, como todos os anos, aqui fica a questão: alguém sabe de um lugar onde eu a possa fazer?
O ideal seria um bar, onde já tudo estivesse "pronto a usar" e não fosse preciso preparar nada nem arrumar no fim. Mas uma condição importante era que me deixassem pôr a música, para ser uma festa mais pessoal! Claro que outras soluções são de considerar, mas por enquanto é disto que estou à procura. Pode ser em Lisboa ou na Costa, ou perto. Dão-se alvíssaras a quem me descobrir o lugar perfeito...

Oi

Não gosto de ficar tantos dias sem escrever, que me desculpem os leitores mais assíduos. Não faltam assuntos, nem falta tempo, mas nem sempre há inspiração para o fazer.
Tenho andado demasiado absorto a tentar perceber o que espero de Londres neste momento. Estou um bocado descontente com o trabalho, parece-me chato, mas por outro lado toda a gente passa por esta fase e este tempo é bom para poupar algum dinheiro. Será que deveria procurar outro?
Algumas vezes deixo-me condicionar pela nostalgia dos tempos de estudante, e isso acaba por fazer-me mal - se o passado foi bom, há que ficar feliz e não triste, e o futuro é o que está por construir. Parece simples, mas tem-me levado tempo a entender!

Entretanto, tive a oportunidade de passar boa parte do último fim-de-semana com o meu amigo P.P., que veio cá poucos dias antes de entrar para os jesuítas. E é giro como aqui parece que temos todo o tempo do mundo para conversar, que não há uma próxima actividade para onde correr, como normalmente em Lisboa. As conversas ficam guardadas no coração, mas o orgulho na coragem da sua decisão e a promessa de rezar por ele nestes tempos podem ficar aqui documentados.

E que mais? Nos próximos dias chega a Londres a irmã da Catalina, vem estudar na LSE. E há novas compatriotas para conhecer. Daqui a 2 dias vou passar o fim-de-semana ao Porto com a família e na segunda é o concerto da Marisa Monte. E hoje devo finalmente ter o meu Apple arranjado! Tudo motivos para sorrir.

Esta é só uma noite para partilhar
qualquer coisa que ainda podemos guardar cá dentro
num lugar a salvo para onde correr
quando nada bate certo
e se fica a céu aberto
sem saber o que fazer

Esta é só uma noite para comemorar
qualquer coisa que ainda podemos salvar do tempo
um lugar pra nós onde demorar
quando nada faz sentido
e se fica mais perdido
e se anseia pelo abraço de um amigo

* Pode ser simples, mas a Mafalda Veiga continua a fazer sentido para mim. Hoje fez.

sexta-feira, 15 de setembro de 2006

Menino de coro

Durante 10 anos estudei música. Aprendi piano e teoria com a D. Judite, uma professora entusiasmada e exigente, que continuava a ensinar já na casa dos oitenta. Eu devo ter sido o seu último aluno, e no dia do seu funeral prometi que não ia deixar nunca a música.
Nesses anos todos de aulas, nunca consegui ganhar disciplina para me sentar todos os dias ao piano e estudar, e ao tocar faltava-me algum sentimento. Tens de arranjar uma namorada, dizia-me ela. Por sua insistência, ainda cheguei a fazer um exame no Conservatório, mas foi, juntamente com Processo Civil, a única coisa a que chumbei. Ainda assim, não me frustra tanto saber que não fui, nem virei a ser, um virtuoso do piano.
O que eu gostei mesmo foi de aprender a teoria da música, perceber a sucessão quase matemática, mas sempre aberta ao imprevisto, das harmonias. Reconhecer os sons, ler pautas, cantar afinado. Essa base tem-me sido preciosa para tirar acordes de ouvido para a guitarra e fazer vozes em coros ad-hoc para casamentos. E a isto se resumia a minha actividade musical até ontem.
A meio do Verão decidi procurar um coro. Era uma maneira de pôr a render esse talento e também de conhecer novas pessoas. O meu amigo Google deu-me várias hipóteses de escolha, mas a que mais me interessou foi um coro que ensaiava a escassos metros de minha casa e que publicitava uma boa vida social entre os seus membros.
Ontem fui pela primeira vez a um ensaio, à experiência, e acho que é para ficar! Eram 15 a 20 pessoas, quase todos abaixo dos 40. Se aqui no emprego o que não faltam são caras feias, ali toda a gente tinha pinta: lavadinhos, bem vestidos e com caras sorridentes - e nem vestígios de uma miúda feita, eram todas giras!
Quando cheguei, estavam nos exercícios de aquecimento, não só vocais mas também físicos (ginástica e até massagens!). Como era o primeiro ensaio para o próximo concerto (em Novembro, acho), o director apresentou reportório e avisou logo que ia ser um bocado diferente dos clássicos habituais. Passou-nos para as mãos um livro de partituras dos Abba, e lá fomos nós: Money money money, Thank you for the music... Não é de longe um dos meus grupos favoritos, mas aquilo cantado a 4 vozes tem outra pinta! E para a semana vamos juntar a Bohemian Raphsody dos Queen, e até Britney Spears, ao reportório.
O único problema é que, enquanto que todos os outros são uns cromos e apanham as notas todas
à primeira, eu estava muito enferrujado e andei um bocado perdido, mas nada que não se resolva com a prática. E também não tenho o vozeirão de alguns que lá estavam, mas essa é a vantagem de um coro - não é preciso ser um às, desde que possa contribuir para o colectivo!
No intervalo serviram café e biscoitos, e no final fomos quase todos até ao pub - how British! De onde és?, o que fazes?, como descobriste este coro?, as apresentações habituais. E todos me acolheram muito bem.
Parece que foi uma escolha acertada, e com muito para explorar!

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Tudo na mesma ou tudo diferente?

Muitas das vezes que fui de férias a Portugal nestes 2 anos voltei com a sensação de por lá estar "tudo na mesma". É, aliás, a resposta mais habitual quando pergunto a alguém se há novidades. Mas desta vez tive uma percepção diferente. Não que tenha havido um surto anormal de mudanças nos últimos meses, acho que fui eu a dar outra atenção às coisas.
O crescimento dos sobrinhos (é estranho já não poder dizer as sobrinhas) é o sinal mais evidente dessas mudanças, está bem à vista. Dos amigos, já quase ninguém estuda, e alguns conseguiram entretanto bons empregos. Uns já vivem por sua conta, outros preparam-se para o fazer. Entre os "emparelhados", fala-se cada vez mais em casar e ter filhos. Um grande amigo vai entrar para jesuíta.
Tudo isto fez-me pensar nos meus projectos. Às vezes preciso de um empurrão de fora para me questionar: até quando devo ficar por cá, o que quero fazer a seguir... Sinto-me enriquecido pela experiência no estrangeiro, e falo agora da vida profissional, mas não me sinto ainda "encarreirado". Terei tempo para experimentar várias coisas.
Mas ainda me falta cerca de 1 ano por estas bandas, e tenho muita vontade de segurar esse presente com garra! Para evitar que a vida só avance na pátria e que por aqui fique tudo na mesma.

segunda-feira, 11 de setembro de 2006

Acabou-se o que era doce

Foram só 2 semanas mas pareceu mais, de tão bem que me soube estar com a família e os amigos, estar de papo para o ar na praia, guiar o meu carro, comer e beber à boa maneira portuguesa. Mais do que grandes festas e ajuntamentos (que também os houve!), estas férias foram sobretudo feitas de momentos simples, encontros mais pessoais, conversas mais prolongadas. E também do dolce fare niente!
Mas eis que é chegado o tempo de voltar. Por enquanto a minha primeira morada continua a ser mais a Norte. E também é bom rever as caras que me acompanham por cá, tentar entregar-me com mais garra ao trabalho e a novos projectos, e voltar a estar por minha conta. Vamos a isto!

sexta-feira, 8 de setembro de 2006

sexta-feira, 1 de setembro de 2006

Ponto final

Lembro-me de ter 15 anos, em plena queda do cavaquismo, e de poupar no almoço às sextas-feira para poder ir à papelaria em frente da escola comprar O Independente. Lia com atenção as notícias corrosivas, sempre com trocadilhos por título, e passava as aulas da tarde a ler a revista, com os artigos irreverentes sobre a sociedade e as colunas de opinião do Miguel Esteves Cardoso, do Domingos Amaral, da Constança Cunha e Sá...
Há muito que O Independente já não era carne nem peixe. Já não era o jornal que fazia o Governo tremer, já não tinha todas as estrelas de outros tempos e já não ditava modas. Ainda assim era um espaço mais à direita que vai fazer falta, neste país onde a orientação política dos jornais raramente é assumida (em Inglaterra isso é mais transparente). Pode ser que venha outro.