segunda-feira, 19 de novembro de 2007

The End

Fiquei sem tempo para deixar esta casa arrumada, como queria. Desculpem.
Por agora fica apenas uma varridela por baixo do tapete, quando tiver tempo venho aqui fazer um epitáfio em condições.
As Crónicas de Londres ficam por aqui, em Janeiro nascerá um novo blog.
A minha vida nos próximos 2 meses passa-se aqui (link para o meu blog da viagem).

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Despedidas

Desculpem a demora. As palavras seguem dentro de umas horas. Para já ficam as imagens.











terça-feira, 6 de novembro de 2007

Ratatouille

Não, não é um post sobre o filme que por coincidência vi há poucos dias.
É só para vos contar que, quando eu pensava que já não havia mais experiências novas para viver em Londres, que nada podia ser mais estranho ainda que o Reino das Pantufas, eis que me aparece na cozinha um...
PS: um agradecimento à Inês, minha prima, que tem estado cá em casa nas últimas semanas e que tem lidado com o visitante com muito mais bravura do que eu...

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Programa para o fim-de-semana

Vejam só quem me veio visitar!

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

O regresso

Comprei finalmente o meu bilhete de regresso. Desta é de vez. Aterro na Portela no domingo, dia 11, às 19h45. Quem avisa as autoridades?

E vai ecoando na minha cabeça a Mafalda Veiga:
Não sei o motivo pra ir
Só sei que não posso ficar
Não sei o que vem a seguir
Mas quero procurar

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Mais um dia no Reino das Pantufas

Antes de mais, um esclarecimento: apesar da pressão dos pares, à chegada ao trabalho não faço mais do que tirar os sapatos e ficar só de meias. Jamais meteria o meu pé em pantufa alheia e trazer as minhas havaianas não me libertaria do frio. Além de que chinelo com meias... hum, nããã... ok, vou parar com esquisitices.
A novidade de hoje é que está cá o chefe de Hong Kong. Já me tinham avisado que ele vinha, por isso hoje tive a preocupação de pôr uma camisa bonita. Achei que ia encontrar um daqueles chinocas sorridentes, com cabelo à escovinha e fato antiquado, eventualmente descalço, mas com ar de chefe!
Chegado cá, vejo na cozinha um chinês a lavar a loiça. Sento-me à mesa com os meus colegas, que me dizem: "o nosso chefe gosta muito de trabalhar, só hoje já limpou a cozinha toda!" E depois lá veio ele juntar-se à nossa mesa, com a sua camisa às flores! Mas como não fala inglês só comunica com o outro. Será que a sede de Hong Kong é também a casa dele?

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Em Berlim

Há uma semana estava a chegar a Berlim com a Mary para um belo fim-de-semana de turismo. A cidade está carregada de História, sobretudo sobre duas fases: por um lado, o domínio nazi e a Segunda Guerra Mundial; por outro, a divisão da cidade em dois pelo Muro. Um dos ex-libris são as Portas de Brandemburgo, construídas no final do século XVIII, danificadas pela Guerra e durante 30 anos marco de divisão entre Berlim ocidental e oriental. Hoje são não apenas o spot privilegiado para a foto da praxe, como também símbolo da reunificação de 1990.

Gostei especialmente de visitar o Museu dos Judeus e a os edifícios modernos da Potsdamplatz. O único senão foi que achei a cidade um pouco vazia, sem muita gente nas ruas, mesmo ao fim-de-semana.
Em qualquer cidade nova gosto sempre de experimentar a gastronomia local. Por isso, não podiam faltar as famosas salsichas (bratwurst) com cerveja! Também provei um prato de carne, Sauerbraten, e uma Apfelstrudel.
Mas como os tugas estão em toda a parte, fomos numa das noites a um restaurante algarvio, com atendimento muito personalizado e até direito a um Porto de graça! Fica a dica, se estiverem em Berlim vão até à Casa Algarvia (Goethestr. 61), onde às vezes até há noites de fados.
No último dia fomos até à floresta, onde a Maria tinha estado a trabalhar há 2 anos. Caminhámos junto a um lago, por entre árvores com as cores de Outono bem vivas. Deu para encher os pulmões de ar puro (e frio!) antes de voltar para a poluição de Londres.
Um agradecimento final para os nossos anfitriões, a Sofia e o Georg, que nos receberam muito bem. O Georg é alemão mas fala um português impecável. Os pequenos almoços em casa deles foram qualquer coisa de extraordinário! E além dos 2 jantares e dos passeios, ainda descobrimos um barzinho giro para abanar o capacete no sábado à noite ao som dos 80s. Wunderbar!








quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Um trabalho diferente

Hoje lá fui até ao novo trabalho. Lá bem nos subúrbios, 1h10 de caminho porta a porta. Chego à morada indicada e é uma rua residencial, sem sombra de prédios de escritórios. Começa-me a cheirar a esturro. Avanço até ao número 53, que me aparece como uma casa igual às outras. Antes de tocar à campaínha, imagino-me por momentos a acordar numa banheira de gelo e sem um rim, e rio da ideia estúpida. Quem me abre a porta é um rapaz indiano, com quem eu tinha ontem falado ao telefone. Não tem mais de 20 anos. Será ele o dono da empresa? O primeiro pedido desconcerta-me: não te importas de tirar os sapatos?
Já em pleno reino da pantufa, que mais não é do que a sala de casa do chefe, sou apresentado à minha colega polaca. Todos muito afáveis, a aliviar o sinistro da situação. O rapaz vai-me explicando o que faz a empresa: compra telemóveis novos (excedentes de stock) ou usados (velhos ou avariados) às operadoras e vende-os a Hong Kong. Os telemóveis bons são postos à venda nos mercados asiático e africano, enquanto que os avariados são mandados para arranjar na China. Um bom negócio, ao que parece. A minha tarefa é telefonar a estabelecer contactos com os operadores portugueses, já que saber a língua ajuda muito quando é preciso descobrir quem é a pessoa certa a contactar. Passam-me um portátil e um telefone para a mão.
Entretanto chega o chinês, devidamente achinelado, e vai-se ocupando com os orçamentos e os contactos com Hong Kong. A minha pronúncia inglesa não é famosa, mas ao lado daqueles três sinto-me o Professor Higgins da My Fair Lady. Faço o primeiro telefonema, e consigo desbloquear um contacto que eles perseguiam há meses. O mais divertido foi dizer ao senhor da Optimus que lhe estava a ligar "dos nossos escritórios em Londres" e imaginá-lo a imaginar-me num prédio sofisticado, com vista para o Thames, e obviamente calçado! Pelo meio traduzo uma apresentação de inglês para português e um email de espanhol para inglês.
Hoje fiz só meio dia, amanhã será o dia todo. Não pagam bem, mas sempre ganho mais do que se ficasse em casa de papo para o ar. E quando me fartar, goodbye Maria Ivone.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Deus escreve certo por linhas tortas

Peço desculpa por tão longa ausência. Sou leitor diário de vários blogues, e sei como é uma seca vir aqui e não ter nada de novo.
Estive fora nos últimos dois fins-de-semana, primeiro em Portugal e depois em Berlim, já vos contarei melhor nos posts seguintes.
Por agora conto-vos que fui despedido. Ou melhor, resolveram acabar o meu contrato. Depois dos primeiros 3 meses (ou seja, desde Agosto), o contrato era ainda mais precário e podia terminar de um dia para o outro, quando deixassem de precisar de mim. Pela minha parte, talvez tenha sido patego ao querer ser transparente e avisá-los já que terminaria a 9 de Novembro. Por outro lado, na semana passada foram as entrevistas para os postos permanentes (a que eu não concorri porque vou embora), o que significa que as vagas ficarão agora preenchidas por outros. Mas na verdade, apesar de eu estar a cumprar com as minhas obrigações, estava longe de render tanto como poderia - o trabalho estava cada vez mais desinteressante e algumas vezes dei por mim a desejar ser despedido.
Quando a minha chefe me disse, há 1 semana, que o meu último dia seria quinta-feira passada, fiquei desiludido. Ninguém gosta de sentir o sabor a fracasso, neste caso agravado pelas 3 semanas de ordenado que contava receber e assim deixo de ganhar. Mas rapidamente me alegrei por sentir que ia poder aproveitar como bem me apetecesse os últimos dias em Londres - e nesse mesmo dia soube que a minha irmã e família vinham a Londres no fim-de-semana prolongado.
Entretanto fui para Berlim, mas antes deixei um anúncio no Gumtree, o site de classificados mais usado cá do sítio, a dizer que estava disponível para fazer uns biscates nas próximas 3 semanas. No regresso, tinha uma resposta de uma companhia de telemóveis, aqui de Londres. Têm uns contactos em Portugal e precisam de falar com eles por telefone, e para isso querem que eu vá lá uns dias. A localização não é a melhor, mas sempre é dinheiro a entrar sem grande esforço. Amanhã já saberei as condições, e quantos dias lá tenho de ir.
O resto do tempo fica para disfrutar a cidade! Ainda quero ir assistir a uma sessão do Parlamento e a um julgamento. E passear...

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Festejos e presentes

No dia dos meus anos tive direito a vários mimos. O melhor de todos foi receber os parabéns de quase 100 pessoas no total, entre os que estiveram comigo ao vivo e os que telefonaram, mandaram sms, emails ou mensagens para o blog ou Facebook.
Desculpem a bazófia, a quantidade é irrelevante, mas não é irrelevante sentir que todas estas pessoas se têm mantido sempre por perto. Outras vão-se juntando, mas quase nenhumas desaparecem. Tenho até a mania de apontar as mensagens neste dia, e não sou o único da família a fazê-lo. Não é tanto para controlar quem falou, porque eu também me esqueço muitas vezes destas ocasiões. É um misto de patologia do guardar-registo com um ritual de auto-satisfação para usar num dia mais cinzento. Enfim, cada tolo...
Como já aqui tinha dito, uma colega apareceu no trabalho com uma caixa cheia de muffins de chocolate. Nada como ter fama (e proveito) de guloso! Com essa e mais outra, ambas australianas, fui almoçar a um restaurante brasileiro e voltámos de barriga muito cheia. E isto foi a comemoração no trabalho, sem cantoria nem beijinhos.
À noite, o jantar foi indiano com a Maria, o Eduardo e a Anne, a Nayan e o Chintan; a Sónia foi lá ter também, era parte de uma surpresa da Maria para mim mas mais ninguém pôde ir. E este jantar do núcleo duro valeu pelo dia, muito descontraído e já com bolo, velas, cantoria e beijinhos.
Os primeiros presentes tinham chegado no sábado, com o meu ex-chefe a dar-me um álbum de fotografias violeta (!) e o João e a Luísa a darem um livro sobre o comportamento dos ingleses e um calendário para eu me lembrar de Londres em 2008. À meia noite, a minha enfermeira particular deu-me um mini-kit de primeiros socorros para eu poder sobreviver aos percalços da viagem. E ao fim do dia deu-me uma T-shirt que é mesmo a minha cara: 80s BOY!
Também recebi uma encomenda da Amazon onde vinha a prenda da Ana Sofia, um livro com os highlights da América do Sul. Obrigado a todos!
Entretanto resolvi também auto-oferecer-me um presente e comprei mais um par de ténis, estes mais adaptados às caminhadas que espero fazer pelas Américas (tinha de inventar uma desculpa esfarrapada para a futilidade, não é?).
Sexta-feira há mais festa, mas continua difícil encontrar um sítio! Procuro desesperadamente um bar ou uma tasquinha barata! HELP!!!

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Vinte e sete

Ao bater da meia noite deu-me um ataque de pieguice. Nada de tristeza, longe disso! Apenas me apercebi, uma vez mais, quão privilegiados têm sido estes 27 anos que hoje completo.
E decidi que hoje era dia para agradecer:
- A Deus, pela minha vida, pela saúde e inteligência, por todos os que pôs no meu caminho e por se tornar visível para mim tantas vezes.
- Aos meus Pais, por me terem transmitido os valores da Fé, da honestidade e da alegria, e por sempre me terem dado liberdade para fazer as minhas escolhas.
- Aos meus irmãos, por terem sido segundos pais e pelo exemplo de dedicação à família e à Igreja; ao meu cunhado por me ter passado muitos interesses, e aos meus sobrinhos por me fazerem sorrir todo o tempo.
- À minha família paterna pelo exemplo de trabalho e sportinguismo, e à família materna pela união e devoção.
- Ao núcleo duro da Costa, a Joana, a Mafalda, o Pedro e o Vasco, que conheço desde a primária e que estão em todas; são parte da minha família como eu sou das deles.
- Aos amigos da catequese e do coro da Costa, à Margarida e à Marta; sinto sempre que ali é a minha comunidade.
- Ao Rui e Ricardo, amigos desde o secundário com quem partilhei e partilho passeios e conversas ao luar.
- Aos amigos da Faculdade, em especial a Ana Sofia e o Diogo, com quem me divirto muito e tenho tanta coisa em comum.
- Aos muitos amigos do MSV, com quem passei as experiências mais fortes de entrega aos outros e com quem partilho os mesmos valores, e também muitos momentos de rambóia.
- Às pessoas de Alcoutim e de Montes Claros, que me ensinaram que o pouco com Deus é muito e o muito sem Deus é nada.
- Aos professores que me foram moldando, em especial a D. Clarisse, a Isabel Costa, o João Ribeiro e o António Barreto.
- Aos amigos que fiz em Londres, os latinos, os indianos, os tugas e os poucos ingleses; foi graças a eles que esta terra cinzenta e impessoal se foi tornando também home para mim.
- À Maria, a minha mais importante "conquista" de Londres, com quem passo a passo quero construir um caminho cada vez mais sólido e por muitos anos.
- E já agora a todos os que fui conhecendo através do blog, obrigado por me alimentarem este meu bichinho da escrita.

Aqui no escritório, uma colega fez-me muffins e todos já me deram os parabéns. Mas ninguém canta nem dá beijinhos, são mesmo... ingleses! Segue-se um almoço num restaurante brasileiro e um jantar num indiano. E sexta haverá mais festejos em Lisboa. Yupi!

Barbecue em Camden

E não é que coubemos todos! O meu estúdio encheu-se com 27 caras amigas no sábado para celebrar os meus anos e começar com as despedidas.
O primeiro a chegar foi o Chris, meu chefe no trabalho anterior. Trouxe a mulher e 2 filhos. Podiam ser os mais "fora do baralho" na festa, mas só o facto de terem feito 50 kms de propósito já me sensibilizou.Outros convidados de honra foram a Mariana e o Nuno, com os gémeos Luísa e Manuel. Apesar da logística complicada de andarem com 2 bebés de 4 meses, não deixaram de vir e foram dos últimos a sair.
Parte do sucesso da noite deveu-se a este homem à esquerda, o Marcos. É um brasileiro que trabalha aqui em Hackney e que conversa bastante comigo. Passei-lhe o comando da grelha e ele cozinhou tudo no ponto! Também por sugestão dele, eu tinha ido a um talho brasileiro em Camberwell (sul de Londres) comprar uns bifes especiais muito apreciados por todos. O rapaz à esquerda é o Alex, um amigo colombiano que tem marcado presença nos momentos importantes. Com fim-de-semana prolongado em Portugal, a Maria tinha cá 4 amigos de visita, e todos vieram também. Quem apareceu também foi a Guida, amiga de um amigo meu, que é agora minha vizinha.
O Eduardo e a Anne também vieram, tal como o João e a Luísa, a Ana que vive com a Maria, o alemão Phillip que era da minha residência, e a colombiana Carolina.
O Rodrigo (à direita) é meu companheiro de trabalho. Filho de colombiana e chileno, é com toda a naturalidade com quem me dou melhor. E foi o único da minha equipa a aparecer, com mais 2 amigos ingleses. Com os mais resistentes, fomos por fim dar um pé de dança a um bar brasileiro ali perto. Aqui vemos a Sónia (aka Cromossoma X) e a Francisca, amiga da Maria.

Foi uma excelente noite, valeu bem o esforço da preparação para reunir as amizades que levo de cá!

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Todos à festa!

Lembram-se dum concurso que havia num programa do Júlio Isidro, para ver quem conseguia meter mais gente dentro dum Mini? Assim vai estar a minha casa no próximo sábado!
Vou fazer uma festa 3-em-1: festa de "house warming", porque mudei há pouco para este estúdio; festa de anos, porque os celebro por esses dias; e festa de despedida, porque parto daqui a pouco mais de 1 mês e já não vou fazer outra festa. Acreditem ou não, quando andava à procura de casa já tinha na cabeça esta festa nesta data, e por isso pesou tanto na escolha o facto de ter jardim. Há gostos para tudo, e eu gosto de organizar festas!
Por ser a última, pensei numa coisa mais longa, por isso vai começar a meio da tarde com um churrasco. A previsão da BBC dá sol para os próximos dias, o que já me tira uma preocupação de cima. O que agora me começa a preocupar é se vamos caber todos!
Ao contrário do que sempre aconteceu nas festas anteriores, em que eu mandava dezenas de convites e só apareciam (da minha parte) umas 5 pessoas, desta vez já tenho 25 pessoas confirmadas e o número ainda pode duplicar! Desde o anterior chefe que vem da sua casa a 70kms de Londres e traz os filhos, até um alemão que era da minha residência e que já não vejo desde então, passando por alguns portugueses que vão estar cá de visita. O único problema é que só tenho 10 m2 de jardim, mais outro tanto (ou menos) de quarto para meter esta gente toda! Mas como já vai fazendo frio, até dá jeito que haja calor humano.
Ontem já fiz o sound check, para assegurar que não vai muito barulho para os vizinhos, e comprei umas tochas para alumiar à noite e dar um ar sofisticado. Se é a última festa, é bom que seja em grande estilo! E se me estiver a ler alguém que viva cá por Londres e me queira ajudar a bater este record, é favor aparecer também!
PS: e já agora, alguém conhece um bar em Lisboa ou na Costa onde eu possa fazer uma festa no dia 12?

Haja saúde!

O trabalho continua uma seca, mas de vez em quando há uma coisa divertida para sair da rotina. Hoje houve um evento para promover a saúde no trabalho. Tinha bancas para tudo: para medir a tensão, para dar conselhos sobre andar de bicicleta ou a pé, para deixar de fumar e para ensinar posturas correctas na secretária. E ainda dava direito a almoço grátis! Sandochas, está claro.
Eu apostei em 3 actividades: primeiro pedalei numa bicicleta fixa ligada a uma batedeira, e num minuto tinha um batido de banana e morango; depois entrei com os meus colegas num torneio de ténis numa Nintendo Wii (não percebi o que tinha isto de saudável); por fim, tive direito a uma massagem de 20 minutos, nas costas e pescoço, obviamente de borla. Nada mau, hã?
Este Council de Hackney é muito "boa onda", mas quando depois volto para as minhas tarefas quase fico doente...

Mestre de culinária

Não é para me gabar, mas ontem fiz um bacalhau com broa que estava de comer e chorar por mais!
De todos as 1001 formas de comer bacalhau, este é o meu prato favorito. E ontem percebi que é muito fácil de fazer, porque comprando o bacalhau já desfiado a única parte que dá trabalho é esfarelar o miolo da broa e picar cebola e alho. Tudo o resto é só pôr num pirex e levar ao forno.
Desta vez acompanhei com umas babatas salteadas que já se compram descascadas e temperadas, mas também fica muito bem com couves.

Aqui fica a receita para quem se quiser aventurar:

2 postas de bacalhau do lombo demolhado
2 dl de azeite
2 colheres (sopa) de banha
1 colher (sobremesa) de colorau
400 grs de miolo de broa
2 dentes de alho picados
2 cebolas médias picadas
1 folha de louro
pimenta q.b.
1 copo e meio de vinho branco

1. Coloque as postas de bacalhau demolhado num tabuleiro, regue com meio copo de vinho, junte junte um pouco de azeite (+- 4 colheres de sopa), a folha de louro e tempere com pimenta. Leve ao forno quente até alourar.
2. Amasse o miolo de broa com o restante vinho, os alhos picados, a banha, a cebola picada, o restante azeite e o colorau. Tempere com pimenta e sal caso seja necessário e espalhe sobre o bacalhau, fazendo-o aderir com as costas de uma colher, ou com as mãos. Leve novamente ao forno até alourar bem a crosta regando várias vezes com o molho.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Efemérides

Faz hoje 3 anos que estou em Londres! Lembro-me bem nas despedidas chorosas no aeroporto e de ser recebido em Gatwick pela Margarida e pelo Chris. Na altura tinha o blog alojado no Sapo e estas foram as primeiras impressões que lá escrevi.
O primeiro ano na residência foi provavelmente o mais divertido da minha vida; o segundo começou com o desafio de trabalhar no estrangeiro e partilhar casa com amigos, mas terminou num pico de desânimo e alguma solidão. Nada acrescento aos balanços que já aqui fiz em 2005 e 2006.
Do terceiro ano posso congratular-me com duas grandes conquistas: o pontapé na "crise" através de uma atitude mais dinâmica (coro, cursos, novas caras, novo emprego, nova casa...) e o namoro com a Maria que hoje perfaz 5 meses.
Mas 3 anos de céu cinzento e um trabalho que não me satisfaz fizeram-me decidir voltar para casa. Antevejo alguns riscos, sobretudo a dificuldade em encontrar trabalho em Lisboa e o namoro à distância, mas acredito mesmo que com um pouco de sorte no primeiro e muito empenho no segundo tudo vai dar certo. E já só faltam 6 semanas.
Também hoje faz anos um grande amigo. Nascemos com 10 dias de diferença e já levamos 15 anos de amizade! E hoje bem me apetecia celebrar contigo numa bela jantarada no teu terraço. Parabéns, Vasco!

terça-feira, 25 de setembro de 2007

A chave, a chave!

Não tive nenhum encontro de terceiro grau com a "amiga Olga"*, apesar de ter passeado pelo Porto. Mas o lendário grito "a chave, a chave" ecoou na minha cabeça quando no domingo à noite ia com o Pedro a caminho do aeroporto Francisco Sá Carneiro.
Como já estou no processo de esvaziar a casa, tinha levado de Londres um saco com roupas que já não preciso, e tinha posto lá dentro tudo o que tinha nos bolsos antes de passar no detector de metais em Stansted. Depois lembrei-me de tirar tudo o que precisava, menos... a chave! Aliás, as chaves de casa, do cacifo do emprego e dos cadeados da bicicleta. E quando dei por isso já o saco tinha viajado até Lisboa e eu estava a poucos minutos de levantar vôo do Porto para Londres. Aaaargh!!!
A primeira coisa que me ocorreu foi que não podia aparecer no emprego na manhã seguinte de calções e ténis, que era a única roupa que tinha comigo. Telefonei ao Eduardo e apareci em casa dele para dormir às 2 da manhã, com o benefício de ter roupas emprestadas para ir trabalhar. Chegado ao emprego, o senhor que guarda o prédio tinha uma chave mestra para todos os cacifos, por isso consegui tirar o portátil e papéis que precisava. A meio do dia, encontrei-me com a senhoria e fiz outra cópia das chaves. Entretanto, a Mãe tinha mandado as chaves pela DHL e passadas 24 horas já me chegaram às mãos. Afinal tudo se resolveu mais depressa do que imaginava, e sem maior transtorno que o gasto de uns quantos euros.
Mas não pude deixar de reparar nos vários elogios que ouvi quando apareci com roupas emprestadas. "You look very smart today!" Será que as minhas roupas são demasiado informais?
* Para os mais chavalos ou deslembrados, havia nos primórdios da TVI um concurso apresentado pela Olga Cardoso, em que os concorrentes tinham de escolher entre a chave de um cofre com um prémio incerto e uma quantia em dinheiro - daí os gritos histéricos do público "a chave, a chave!!!", ou "o dinheiro, o dinheiro!!!"

O esférico rolando sobre a erva

Reparem no estilo possante deste jovem, a caminho do golo que há muito lhe escapava no derby anual dos Mesquitas. Eh eh...
É verdade, fui mais uma vez a Portugal, desta feita para o encontro da família da minha mãe. Sábado juntámo-nos 153 descendentes do meu avô, em Famalicão. Para quem só agora sintonizou este canal, o meu avô teve 17 filhos e muitos deles foram também abundantes na prole, de modo que hoje somos mais de 200! O meu tio mais velho tem 83 anos e a mais nova tem 33. Entre os primos direitos, a mais velha tem 59 e há dois que ainda estão nas barrigas das mães!
Este encontro repete-se todos os anos, e já por si é um feito conseguir reunir no mesmo dia 3/4 do universo possível - significa que as pessoas gostam de se ver, pelo menos uma vez por ano! É também motivo de orgulho que a família continue a ser essencialmente católica - quase todos chegam para a missa que dá início ao dia e há até um coro de primos. Depois, saliento o esforço que tem havido ultimamente para dinamizar os contactos e divulgar histórias dos nossos antepassados; eu tenho-o feito através do site, que tem muito a melhorar.
É giro ter uma família grande e reconhecer traços comuns entre primos. É estranho vê-los só uma vez por ano, mas já que são 54 primos direitos e quase todos vivem no Norte, dificilmente poderia ser de outra maneira. Posso pelo menos gabar-me de conhecer quase todos os 200 pelo nome!

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Sala de visitas

Como o estúdio é muito exíguo, o jardim faz a diferença. E fiquei bastante orgulhoso da volta que lhe dei no sábado passado. Arranquei as ervas daninhas que ocupavam metade do espaço e que ocultavam pás e vassouras debaixo, para além de várias espécies de vermes. Limpei o chão de beatas e ficou tudo com muito melhor aspecto!

É impressionante como as casas cá (pelo menos em Londres) são tão descuidadas! No andar de cima apareceu um rato esta semana. Com a quantidade de tralha, restos de comida e falta de limpeza, não é de admirar. Ao menos no meu estúdio quero dar um exemplo de asseio e deixá-lo bem melhor do que o encontrei.

Voltando ao jardim, é pena que agora anoiteça mais cedo e já faça mais frio, porque não dá para aproveitar tanto o espaço exterior. Mas no domingo aproveitei para convidar o Eduardo e a Anne para tomarem brunch comigo e com a Maria, e servi no jardim o típico English breakfast com toda a fritanga a que dá direito! Também já cozinhei para amigos indianos e colombianos. Quero aproveitar este meu espaço para convidar amigos e fazer experiências gastronómicas - o gaspacho foi um sucesso! E já estou a planear um sábado de festa para comemorar os meus anos daqui a 2 semanas - os leitores londrinos podem ir marcando o dia 6 de Outubro nas agendas!

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Random

Random friends é uma expressão que uso com a Maria para designar aquelas pessoas que encontramos aleatoriamente numa ocasião mas que nunca mais vamos (ou queremos) ver. Como o lema nas festas aqui é "traz outro amigo também", o que multiplica os convidados vindos ninguém-sabe-donde, estamo-nos sempre a deparar com os tais random. E se antes até achava piada a conhecer gente nova e fazer aquela conversa quebra-gelo, ultimamente já não tenho muita pachorra. Sobretudo quando vai soando a contagem decrescente.
Também "random" tem sido a minha relação com os colegas de emprego. Tirando o Rodrigo, com quem almoço mais vezes, nenhum dos meus colegas me suscita especial interesse. Não sei se é consequência de não termos qualquer convivência fora do expediente, mais provavelmente será a causa. Mas na semana passada houve um "Away Day", o dia em que toda a equipa se junta fora do trabalho para avaliar o trabalho feito e lançar os próximos objectivos. Tudo em traje desportivo e no meio de "dinâmicas de grupo", para fomentar o espírito de equipa. O dia foi proveitoso em termos de motivação, mas melhor ainda foi o que se seguiu: o director levou-nos ao pub e ofereceu a primeira rodada, devíamos ser uns 15 na altura. O grupo foi-se reduzindo até ficarmos só os 7 da fotografia, mas as rodadas multiplicaram-se: 5 pints e 8 shots. O director (34 anos) e a minha chefe (29) estavam divertidíssimos, e pela primeira vez despiram o ar de durões. Já entornada, a minha chefe dizia que não gostava de ter de ser tão chatinha connosco e eu aproveitei para lhe contar que me ia embora em Novembro. Questionámo-nos porque nunca tínhamos saído juntos antes e ficou combinado fazêmo-lo todas as semanas. Mas isso já seria exagero! E também ninguém se vai lembrar da promessa até ao próximo Away Day. Foi muito giro, mas já estou cá há tempo suficiente para perceber que foi apenas mais um momento random e efémero. Tão efémero como o fogo de artifício com que o Mayor de Londres nos brindou no passado domingo...

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Os Lobos


Não consigo gostar de rugby - aliás, ontem foi a primeira vez que assisti a uma partida inteira. Mas o feito de a selecção portuguesa ter chegado ao Mundial, sendo a única composta por amadores, chamou-me a atenção. Mais ainda quando descobri entre a nossa equipa o João Correia, que conheço da Costa há muitos anos (confesso, eu frequentava o "Bar do Rugby").
Ontem, com mais amigos portugueses, estivemos 80 minutos frente à Sport TV a sofrer com os nossos heróis. O resultado acabou por não ser tão mau como a diferença entre as equipas anteveria, e conseguimos dominar durante algum tempo, mas a imagem que vou reter é a dos nossos rapazes a cantar o hino, a plenos pulmões e de lágrimas nos olhos. Eu sei que o patriotismo não se mede (só) no desporto, mas naquele momento senti eu também, com eles, a honra que é envergar as cores do nosso País.

A minha casinha

Mostro-vos as primeiras imagens do estúdio onde estou a viver há uma semana.
Só ontem consegui pôr as coisas à minha maneira! Na semana passada cheguei sempre tarde a casa e não tive ocasião para arrumar nada até ontem. Além disso, aproveitei o fim-de-semana para comprar algumas coisas que faltavam: talheres, torradeira, balde do lixo, etc. Mas o melhor de tudo foi finalmente ter a oportunidade de tomar o pequeno-almoço no jardim!
A casa pouco mais é que quarto paredes: numa delas está a cama, a secretária e o armário; noutra, uma cómoda com a televisão, que apanha os canais com muita chuva; noutra a cozinha que vêem em baixo; na última, a porta para o jardim e um sofá muito baixinho, que se desdobra em cama. Numa das esquinas há um corredor mínimo que dá para a porta de saída, a casa-de-banho (lavatório e poliban) e o wc (só retrete).
Fora isto, há uma mesa e uma cadeira de metal, que eu deixo no quintal, tal como uns ferros que servem para secar a roupa.
O quintal está mal cuidado, mas nem eu tenho muito jeito para a jardinagem nem os 2 meses de estadia justificam grandes trabalhos.
O que me está a chatear é não ter internet em casa - a senhoria tinha garantido que a casa tinha, mas até à data népias, e todos os dias a andamos a pressionar. Precisamente na mesma altura, bloquearam no emprego o acesso a emails pessoais. A solução de recurso foi inscrever-me na biblioteca que fica ao pé do meu trabalho e dar lá um salto na hora de almoço. À noite posso ir a um pub ao lado de casa que tem rede wireless. E quando me apanho numa casa com internet, faço o meu sorriso 33 e peço "posso só ver os meus mails?" (e já agora saber o que fizeram os McCann nos últimos 10 minutos?) É o que dá o vício...

sábado, 8 de setembro de 2007

Viajar

Há meses ou anos que tinha esta ideia na cabeça, para marcar em grande a transição de Londres para Lisboa. Agora, já com os bilhetes de avião comprados, torna-se bem mais real: parto a 19 de Novembro para São Paulo e só regresso a Lisboa a 13 de Janeiro.


Entre as 2 datas, visito o sul do Brasil, os bairros de Montes Claros, atravesso o Pantanal, cruzo a Bolívia, entro no Peru pelo Lago Titicaca e subo até Machu Picchu, dou um pulinho a Lima, desço até ao deserto de Atacama, já no Chile, depois até Santiago, Buenos Aires, passo o fim de ano no Rio e uns dias em Búzios.


Vou encontrar vários amigos latinos, mas mais de metade do tempo vou estar por minha conta - um desafio acrescido! E vai ser MUITO bom.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Praia da Luz

Há uma semana estava lá eu a banhos e tudo parecia bem calmo, sem jornalistas à vista. Até deu para o meu sobrinho-in-law brincar na praia com os gémeos McCann...
Nos últimos dias fui lendo na imprensa de cá acusações aos media portugueses, por estarem a colocar as suspeitas sobre os pais. Hoje as coisas ficam ainda mais tensas, a mãe torna-se agora arguida e a história fica cada vez mais estranha. Será que se vai desvendar o mistério?
Adenda de sábado:
É verdade que a exploração do caso pelos media é um bocado doentia, como tantos outras notícias antes. Mas confesso que tenho seguido tudo atentamente, talvez por estar em Inglaterra e a notícia do momento se passar em Portugal.
Hoje ao almoço o assunto veio de novo à baila. Estava com um grupo de indianos, familiares e amigos da Nayan. E eu era o que tinha estado na Praia da Luz há dias, lembram-se? Mas acontece que o namorado da Nayan trabalha com a namorada dum dos jornalistas ingleses que estão a cobrir o assunto. E acontece que uma amiga da Nayan tinha sido convidada pelo Fundo Madeleine para desenhar o novo site da campanha, por isso tem contactado bastante com pessoas ligadas à família. Não vou aqui escrever publicamente o que eles contaram, mas houve uma ou outra cusquice interessante... Ainda que nada, obviamente, que ajude a descobrir o essencial.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Despedidas luso-colombianas

Antes de ir de férias, houve tempo para dois jantares de despedida. Foram os únicos momentos bons no meio de uma maratona de mudanças! A ideia de levar tudo "às costas" de uma casa para a outra, apesar de a distância ser pequena, esgotou-me as forças e fez-me aguentar 3 dias com apenas 3 horas de sono no total. Fiquei a sentir-me muito casmurro por não ter posto tudo num táxi, como faria qualquer pessoa normal.
Mas vamos aos jantares. Na quinta-feira 23 foi o último jantar em "67 Mayford", a casa antiga. Tinha acabado de assinar o contrato do novo estúdio e já tinha transportado parte das coisas com as minhas amigas colombianas, Carolina e Catalina, que vão continuar a viver no mesmo prédio que eu, dois pisos acima. Mas achámos por bem aproveitar a cozinha limpa e arrumada da casa antiga para um último jantar. Isto porque o meu estúdio estava um amontoado de tralhas e a cozinha que elas partilham com outras 3 pessoas estava um nojo.
Comprei vegetais para saltear com peru e arroz, e não podia faltar o vinho verde que sempre nos acompanhou naquela casa. Ficam aqui as fotos da praxe, ainda que desta vez tiradas com o telemóvel e por isso de pior qualidade.
Ainda hei-de contar quantos convidados passaram por esta mesa, com direito a foto tirada sempre do mesmo sítio. A mesa era o lugar da casa que os assíduos do blog reconheciam logo, quando me visitavam. Agora tenho de puxar pela imaginação para receber os convidados, dado que no estúdio não cabem mesa e cadeiras...

No dia seguinte foi altura de me despedir da Marcela Tobon. A irmã da Catalina, que chegou a dormir lá em casa nos primeiros dias, já terminou o seu Master (LLM) em Direito e agora voltou para a Colômbia para retomar o trabalho. E para terminar em beleza, recorremos uma vez mais à gastronomia sul-americana: já tínhamos experimentado brasileiro e peruano, mas deixámos para o final o restaurante colombiano de Elephant & Castle (La Bodeguita). O mais divertido é que parecia que tínhamos entrado em território colombiano, de tão autêntico era o lugar e a sua clientela. Enquanto apreciávamos um ceviche de camarão (ela) e uma bandeja paisa (eu), já estávamos rodeados de gente a dançar salsa.
A Marcela deixa saudades, mas já deu para perceber pelas restantes amizades inter-continentais que mais cedo do que pensamos nos voltaremos a encontrar!