segunda-feira, 29 de agosto de 2005

Catalina

Um a um, a sociedade colombiana de Londres vai perdendo os seus membros mais ilustres. Sábado foi a vez de nos despedirmos da Catalina, que partiu ontem para casa.
Conheci-a na missa da LSE, e logo depois encontrámo-nos numa festa colombiana; era amiga do Juan Felipe, trabalhavam juntos no BanColombia.
Mas só quando fizemos a viagem a Paris nos conhecemos melhor. Nessa altura, o meu espanhol ainda estava em fase de aprendizagem, e por várias vezes as minhas calinadas mereciam da parte da Cata o comentário "que divino!"
À conta disso, na cantina de Passfield fiquei apelidado de "El Divino", e quando nas férias da Páscoa o meu irmão e o Eduardo fizeram a mesma piada à mesa de minha casa, o meu pai veio-me perguntar, curioso, se eu "tinha alguma coisa" com a Catalina.
Não era o caso, mas acho que poucos rapazes de bom gosto lhe ficariam indiferentes. Fossem outras as circunstâncias da vida de um e de outro, e quem sabe...
Mas fica uma forte amizade, nascida em Paris e consolidada em várias "festas de queijo e vinho" e outros eventos sociais, como o concerto dos U2. Em jeito de brincadeira, dizíamos que ela tinha vindo para Londres fazer um Master em "piqueniques e organização de eventos", porque normalmente era quem tinha as ideias e distribuía o que cada um devia levar. Foi também com muito gosto que a recebi em Lisboa.
Cata, vou ter saudades tuas. Aliás, já tenho.

sábado, 27 de agosto de 2005

Temos casa!!!

É verdade... ainda estou nervoso com o passo gigante que estamos a dar!
Depois de vermos umas 10 casas, encontrámos uma que nos serve perfeitamente. Bem localizada, espaçosa, arejada e limpa.
O Eduardo ainda está em Shangai, em trabalho, por isso no momento em que escrevo ele ainda nem sabe da novidade. Mas tinha-nos dado carta branca para escolhermos, e tanto eu como a Nayan gostámos muito da casa. E como nesta altura do ano há muita gente à procura, ou seja, muita concorrência, tivemos de pôr uma oferta por ela rapidamente. Dia 9 de Setembro fazemos a mudança e assinamos o contrato por 1 ano.
Acreditem que, para quem sempre contou voltar agora para Portugal, é muito estranho estar à procura de emprego e a alugar uma casa... e depois de assumido este compromisso, já não dá para voltar atrás! Mas vai ser uma boa experiência, e se Deus quiser o emprego há-de aparecer nos próximos tempos. E daqui a 1 ano espero estar finalmente de volta à pátria.

Mas deixem-me contar-vos mais sobre a casa: fica em Mornington Crescent, a meio caminho entre Euston e Camden. Como nós morámos muito perto durante este ano, conhecemos bem a zona. Movimentada (por causa do mercado) e com óptimas ligações de transportes. E também muito perto de mercearias portuguesas, e de cafés para ver o futebol!
O edifício é de um bairro social, mas isso aqui não tem uma conotação tão negativa como em Portugal. De há 20 anos para cá, os residentes mais "sociais" são autorizadas a vender essas casas, e assim se foi misturando a população. E além disso a nossa porta dá directamente para a rua, por isso estamos independentes do resto das casas.
A casa tem 2 andares. Que chique, vamos viver num duplex! Mas também isso aqui é comum, e não significa que seja um palácio.
Em baixo tem uma cozinha limpa e espaçosa, com mesa para 6; depois uma sala de estar quadrada (4x4 metros) com 2 sofás, estante, mesa para tv e secretária para computador com cadeira; a sala tem porta para um jardim pequenino nas traseiras, com uma cadeira de madeira e vasos, e daí temos acesso a um grande relvado comum, no interior dos prédios.
Em cima são 2 quartos espaçosos com cama de casal, e um mais pequeno com cama individual. Como a rapariga indiana vai provavelmente ter mais dificuldade em arranjar emprego (por causa do visto), fica por enquanto com esse quarto e paga menos que nós. Tem ainda 2 casas de banho: uma com banheira, lavatório e retrete, e outra só com retrete.
O chão é todo em madeira, e os móveis são novos e de bom gosto. Tem muito espaço para arrumos e todos os electrodomésticos necessários. E como a casa foi toda arranjada há pouco tempo, tem um aspecto novo. Mal posso esperar pela mudança!
Os amigos ficam desde já convidados para me virem visitar!
E por mais 1 ano podem continuar a ler as "Crónicas de Londres"...

Nostalgia


Era no tempo em que as férias de Verão tinham 3 meses e ainda não se vislumbravam grandes viagens. No tempo em que com 5 ou 10 contos na carteira se passavam 5 dias na maior. No tempo em que a disponibilidade para nos juntarmos no final de Agosto na aldeia dos avós do Pedro era total. E aí íamos nós para a Vermelha, de autocarro!
E o "nós" era o grupo de Santo António, que caminhava todos os dias da escola para casa, desde os 12 anos. E já antes disso nos conhecíamos da escola da Trafaria, alguns até da primária. O grupo que desde essa idade e ainda hoje combina os presentes de anos em conjunto. Os amigos que me acompanham há mais tempo, de uma forma sempre próxima: o Pedro, a Mafalda, a Joana e o Vasco.
O Pedro era quem nos conduzia pelos recantos da aldeia. As tardes eram pacatas, a jogar matraquilhos, snooker ou Pictionary, ou então na piscina do Cadaval, ou ainda no tradicional jogo de "solteiros contra casados". Os avós dele recebiam-nos como príncipes, e o momento de ir para a mesa era sempre aguardado por todos com ansiedade. Imaginem umas travessas abundantes de bifes com batatas fritas e salada (haverá melhor petisco?), mas tudo com o tempero precisamente no ponto... juntem-lhe uma sobremesa caseira e uma ginjinha a rematar. À mesa juntavam-se ainda 2 famílias de primos, uns das nossas bandas e outros de Vila do Conde. E a Daniela, o Tiago e a Susana juntavam-se à festa.
À boa maneira portuguesa, saíamos pelas onze, e a noite ainda era uma criança. Parávamos primeiro no café do senhor Pedro, onde a imperial era a 100 paus (ou menos) e havia sempre amendoins ou tremoços. Aí fluía a conversa, as piadas e os piropos, e o Vasco ia chateando o juízo à empregada loira. Ao fundo, ouviam-se os primeiros
acordes do conjunto que ia animar a noite com todo o reportório de música pimba. E do café
seguíamos, já mais quentinhos, para o lugar
da festa, onde a primeira paragem se fazia na barraquinha das rifas (10 escudos cada!); à conta disso, deixávamos sempre o sótão lá de casa cheio de loiças inúteis. E passado pouco tempo, lá estávamos nós a dançar ao ritmo dos êxitos de Emanuel, do Carocha do Amor ou do Burrito.
Mais umas moelas, um licor Beirão e um jogo de matrecos, e a noite estava feita. Se ainda sobrava pica, mais uns dedos de conversa acompanhados de (pão acabado de sair do forno) com manteiga. E chegávamos à cama pouco antes de nascer o sol, para só nos levantarmos para o almoço.

Recordo estes tempos com nostalgia, mas com a alegria de ver que passado este tempo a amizade continua. E isso é o mais importante.
O Pedro, a Daniela e a Susana entretanto já estão casados. Todos já trabalham, menos eu - espero que daqui a poucas semanas eu deixe de ser excepção!
Mas estivesse eu em Portugal, e esta noite iria sem dúvida às festas da Vermelha!

Ainda vai a tempo


Aqui fica a recordação da visita do Ricardo, que esteve aqui comigo quase uma semana. Por causa do meu trabalho, não deu para passear muito com ele (à excepção da visita domingueira a Camden, reportada na foto), mas como rapaz desenrascado que é percorreu a cidade de lés a lés, de dia e de noite, ao sol e (mais frequentemente) à chuva.
E foi bom partilhar boas conversas, aqui no quarto ou nas escadas da Trafalgar Square...

quarta-feira, 24 de agosto de 2005

Se estamos em Agosto...

...porque é que não pára de chover???
Eu sei que até é bom para trabalhar, e até nem está muito frio, mas lá que é estranho, é.

quinta-feira, 18 de agosto de 2005

Recta final


Desculpem a falta de regularidade na escrita, mas estou a entrar no sprint final para acabar o trabalho, por isso tenho de me concentrar mais nos livros. Novamente ritmo de exames, todo o dia na biblioteca... mas já não falta muito!
Ao mesmo tempo, continua a procura de casa e trabalho. Tenho andado a visitar apartamentos com o Eduardo e a Nayan, e já temos 2 em vista. Temos de decidir depressa, porque o Eduardo vai este domingo para Shangai em trabalho, e quando voltar já vai ser quase tempo de nos mudarmos, por isso o ideal era termos o problema da casa tratado até ao próximo fim-de-semana. Quanto a trabalhos, tenho continuado a mandar candidaturas, até agora sem resposta; mas têm aparecido propostas interessantes, e o facto de ter estudado na LSE e de não precisar de visto para trabalhar são claras vantagens para mim. De qualquer forma, só vou intensificar a corrida ao trabalho quando acabar a dissertação.

Entretanto, na espuma dos dias:
- O João Raposo regressou a Portugal, depois de um mês a aprender a ser um "gestor empreendedor", muitas conversas e algumas pints. Foi muito bom partilhar com ele todos os dias as refeições na residência, o caminho para a LSE e algumas festas. Para não falar das ceias after-hours patrocinadas pelo Tesco 24 horas!
- O Diogo "fez escala" de 1 dia em Londres, entre Oxford e Lisboa. Daqui a 2 semanas vai para a China, dar aulas de inglês. Apesar dos receios normais de partir para um lugar longínquo, pareceu-me muito animado com a ideia e eu acho que lhe vai fazer bem.
- O Ricardo vai chegar hoje, para visitar Londres durante uns dias. Tenho pena de não lhe poder fazer muita companhia no turismo, mas vai ser bom para à noite me distrair (no bom sentido) do stress do tal sprint final.
- O meu irmão João está em Colónia, a participar nas Jornadas Mundiais da Juventude. Tenho pena de não estar também, depois das experiências ricas que foram Roma e Toronto.
- O Bruno também cá está, a fazer um curso de inglês de 2 semanas. Na semana passada fomos a um café português ver o (triste) jogo do Sporting para a Liga dos Campeões.
- No domingo juntámo-nos em casa da Natalia e falámos em conferência pelo Skype com o Roberto e o Juan. Foi lindo! E assim do longe se faz bem mais perto...
- O Vasco teve a sorte de ir levar os U2 ao aeroporto! Isto porque o tio tem uma empresa de transportes VIP, e perguntou-lhe se ele queria... E também assistiu ao concerto no backstage! Nada mau...
- A comida da residência está cada vez pior!

quinta-feira, 11 de agosto de 2005

Futuro próximo

Depois de muito pensar no que deveria fazer agora, decidi tentar a sorte e ficar mais 1 ano em Londres. Já falei com os meus Pais, que me deram todo o apoio.
Já respondi a alguns anúncios, e assim que acabar a minha dissertação (1 Setembro) vou começar a enviar CVs em grande número. Gostava de trabalhar numa ONG, no governo local, ou numa instituição que faça investigação sobre exclusão social.
Como não posso ficar na residência para além de 9 de Setembro, estou à procura de casa com o Eduardo e a Nayan, uma indiana da nossa residência.
Claro que não posso ficar aqui indefinidamente a gastar dinheiro, por isso se não arranjar trabalho até ao fim de Outubro volto, igualmente feliz, para Portugal. Mas não deve ser assim tão difícil conseguir alguma coisa por aqui, por isso o mais provável é mesmo ficar.
De qualquer forma, e para que as saudades da nossa terra não aumentem, devo começar a ir mais frequentemente a Portugal.
Por enquanto, aguardo ansiosamente as cenas dos próximos capítulos!

segunda-feira, 8 de agosto de 2005

Joãozinho

É o meu sobrinho! Ao que parece, é um comilão. E está a crescer! E eu estou desejoso de lhe pegar ao colo...

domingo, 7 de agosto de 2005

É uma mesa portuguesa, com certeza!

A Margarida é minha vizinha na Costa desde sempre, catequista durante muitos anos, madrinha de Crisma, confidente e conselheira, enfim, uma grande amiga! Vive e trabalha há 8 anos em Reigate, a 30 kms de Londres, e é casada com o Chris, que é inglês.
Hoje eles vinham a Londres, e convidaram-me para almoçar com eles. Escolhemos um restaurante português (O Fado), na zona de Chelsea. Pedi um caldo verde e um bitoque. É verdade: mais do que qualquer prato elaborado, do que eu sinto falta aqui é de um bom bife com batatas fritas! E para beber, um Sumol laranja! Nada melhor para um familiar almoço de domingo!

sexta-feira, 5 de agosto de 2005

Leopoldo e os atentados

O meu amigo brasileiro voltou agora a Londres, depois de quase 1 mês de férias com a sua mulher no Egipto e na Grécia.
No dia 7 de Julho, quando houve os atentados aqui, eles estavam de saída para um dia de passeio a Bath. Às 8 e pouco, quando a bomba explodiu no metro entre Kings Cross e Russell Square, mesmo por baixo da nossa residência (mas 20 metros abaixo!), ele ouviu o barulho. Depois saíram, o trânsito estava caótico (todo os metros fecharam) e passaram mesmo ao pé do autocarro que tinha acabado de explodir a 2 quarteirões de casa. A caminho do comboio que iam tomar para Bath, passaram ainda ao pé da estação de Edgware Road, outra das atingidas.
Dois dias depois, partiram para o Egipto. A meio da viagem, estiveram 1 dia em Sharm al-Sheikh a fazer mergulho, e passaram na zona onde pouco depois se deu o atentado que matou mais de 60 pessoas. Apenas 3 horas depois de eles terem partido para outra cidade. Pode-se dizer que tiveram muita sorte!
E ainda dizem que São Paulo não é seguro...

quarta-feira, 3 de agosto de 2005

Residência Espanhola

Se alguém duvida que este ano está a ser divertido,
aqui fica mais uma prova.
Sábado passado, fui "sair" com os amigos do João, do summer school. Um brasileiro, um turco e 4 italianos. Primeiro uma pint num bar ao pé de nós, como a fotografia mostra. Depois apareceram 3 amigas deles (espanhola, italiana e mexicana) e fomos dançar para um bar de Angel.
Não vale a pena imaginarem "filmes" porque não houve nada, mas foi muito divertido conhecer caras novas, de vários países, e fazer um daqueles programas que eu raramente faço em Lisboa, mas que gosto muito.
Bom para compensar a seca que é a biblioteca durante a semana...

terça-feira, 2 de agosto de 2005

Aquarela

Há 2 anos precisamente, estava eu a chegar à cidade de Montes Claros, no estado de Minas Gerais. Aí passei 2 meses, a dar "reforço escolar" às crianças, visitar as famílias e os doentes, e participar nas celebrações das comunidades. Uma experiência única, que partilhei com a Catarina, a Mafalda, o Palma e o Zé Maria.
Recordo ainda muitas das caras e dos nomes daqueles que lá conheci, gente pobre mas com um grande coração. Lembro especialmente a frase da D. Maria Assunção: o pouco, com Deus, é muito; o muito, sem Deus, é nada.
Este ano estão lá 3 amigos MSVistas: o Jorge, que está a desenvolver uma biblioteca/ludoteca no bairro de Santa Rafaela; a Rita e a Zezinha, que tinham a seu cargo pôr de pé o "Projecto Aquarela", uma casa para 80 crianças passarem os tempos livres, a estudar e a brincar.
O primeiro semestre foi passado a tratar dos preparativos - conseguir o espaço e os apoios necessários, escolher as crianças e o pessoal - e esta semana o projecto abriu as suas portas e começou a funcionar!
Agora as crianças dos "nossos" bairros passam a ter uma alternativa a passar o dia na rua. Não é que "soltar pipa" (papagaio de papel) não seja bom, mas quando mais apoio tiverem na sua formação, maiores serão as possibilidades de um futuro melhor!

Otro amigo se fue...

Pouco a pouco, os amigos vão partindo.
Desta vez foi o Juan, o colombiano que eu conheci nas missas da LSE e que era da turma do Roberto. O que nos juntou finalmente foi a viagem a Paris, onde nasceu a "queso y vino Society". Depois seguiram-se várias festas e serões, para culminar no nosso encontro em Portugal.
Ontem fomos jantar a um restaurante indiano, e depois seguiu-se o ritual das despedidas: abraços sentidos e uma lágrima no canto do olho. Fiquei com a satisfação de ter sido apelidado de "bom amigo" e com a esperança de um dia, não muito distante, ir conhecer a Colômbia.
Já se sabia que ia ser assim, mas acreditem que esta fase custa um bocado!

segunda-feira, 1 de agosto de 2005

Agosto

Nos últimos 10 anos, Agosto foi sempre um mês especial para mim.
De 1996 a 2000, as festas da aldeia da Vermelha foram o pretexto para passar uns dias de pura diversão com o meu grupo de amigos da Costa: a Joana, a Mafalda, o Pedro e o Vasco. Ao som da música pimba e com alguma cerveja à mistura, as conversas de adolescentes iam alimentando a amizade que ainda hoje nos liga.
De 2001 a 2003, passei este mês "em projecto" com o MSV. Os dois primeiros anos em Vaqueiros, na serra algarvia, e o terceiro em Montes Claros, no Brasil. Aí não só me senti útil a ajudar os outros, como também aprendi muito sobre a vida em comunidade e fiz bons amigos.
No ano passado, com outro grupo (Ana Isabel, Inês, Mafalda, Vergamota, Ascensão e Zé Maria), percorri o Reino Unido e a Irlanda, de carro, de uma ponta à outra. Fizemos 5 mil kms em 20 dias, e valeu bem a pena!

Este ano vai ser diferente. Vou ter este mês para (acabar de) escrever a minha dissertação, o que já por si não é tarefa fácil. Tenho de escrever 10 mil palavras, faltam-me dois terços.
Mas vou ainda estar à espreita de oportunidades de trabalho e concorrer àquelas que me parecerem mais interessantes. O meu coração e as minhas ambições de trabalho continuam em Portugal, mas acho que só teria a ganhar em ficar cá mais um ano, desta vez a trabalhar e a ganhar outro tipo de experiência. Para não voltar só com a sabedoria dos livros e o nome da LSE no curriculum (o que já não seria mau). Gostava de ver como trabalham os ingleses e até que ponto as suas políticas sociais, mais activas e diversificadas que as nossas, poderiam ser transpostas para a nossa realidade.
Vamos ver se tenho sorte...

Gato escaldado...

Sábado à tarde, voltava com o João do Victoria & Albert Museum, no andar de cima de um autocarro. No último banco ia sentado um rapaz muito estranho (preto mas com uma cabeleira postiça, exageradamente grande, de cabelo castanho liso), e com o autocarro cheio ele ocupava 2 bancos ao seu lado com uma saco de viagem.
O João aproximou-se dele e fez-lhe um gesto a pedir para tirar o saco para se sentar: "Can I?", ao que ele respondeu com voz grossa: "I CAN'T MOVE IT!"
Imediatamente as pessoas começaram a trocar olhares e comentários. Perguntei ao João se não seria melhor irmos para o andar de baixo, e levantámo-nos. Atrás de nós vieram mais 4 ou 5 pessoas, de maneira que os bancos à volta do suspeito ficaram vazios. Mas claro que, como devem calcular pela falta de notícias, não rebentou nenhuma bomba. Era apenas um rapaz muito excêntrico, e nós ficámos com uma história para nos rirmos.

Bem mais a sério, uma das colombianas presentes no churrasco, que vivia ao pé dum sítio onde na passada quinta prenderam um dos bombistas, contou-nos que estava no seu jardim quando foi surpreendida por um polícia de metralhadora em punho. Ele gritou-lhe "Go inside! MOVE!!", e ela foi-se fechar no quarto cheia de medo. Que susto!