quinta-feira, 31 de maio de 2007

Somos pacíficos!

Somos peritos em dizer mal do nosso país, por isso gosto de salientar sempre que sai uma boa notícia como esta: Portugal é o 9º país mais seguro do mundo!
Uma equipa do The Economist desenvolveu o "Global Peace Index", um ranking de 121 países que tem em conta indicadores como o nível de criminalidade, posse de armas, despesa pública com a Defesa e respeito pelos direitos humanos. E Portugal teve um brilhante resultado, a provar que continuamos a ser um povo de brandos costumes, por muito que as manchetes d'O Crime nos tentem convencer do contrário. Aqui entre nós, tirando a Irlanda os nossos companheiros do "top ten" são países chatos, com baixa densidade populacional e elevada taxa de suicídio!
Muito abaixo na lista vem o Reino Unido. Agora tenho um bom argumento de cada vez que me perguntarem se Portugal é um país seguro para ir de férias. E outro argumento para voltar depressa para a paz e sossego da Pátria.
Também posso dizer que já estive no terceiro e sexto países mais perigosos do ranking, e que em nenhum deles me senti minimamente em risco!
Podem consultar a lista completa aqui, mas deixo-vos um resumo:


1. Noruega
2. Nova Zelândia
3. Dinamarca
4. Irlanda
5. Japão
6. Finlândia
7. Suécia
8. Canadá
9. Portugal
16. Chile
21. Espanha
49. Reino Unido
83. Brasil
96. Estados Unidos da América
116. Colômbia
119. Israel
121. Iraque

quarta-feira, 30 de maio de 2007

De bandeja

No Verão passado rendi-me em Medellin às delícias da bandeja paisa, um prato típico daquela região da Colômbia. Tal descoberta teve até direito a post aqui.
Uma das coisas de que Londres se pode gabar é a variedade da sua oferta gastronómica. Logo por sorte, encontrei há dias um restaurante peruano no caminho para casa, e hoje fui lá com o Rodrigo, o meu colega anglo-colombi-chileno, em sacrificada missão de reconhecimento. Se fosse bom, propúnhamos à equipa para o próximo almoço de grupo.
Depois de darmos voltas à ementa e ponderarmos um menu económico (entrada, prato e bebida por £5), lá nos decidimos por encher o bandulho com uma bandeja paisa - arroz, feijão, carne, toucinho, salsicha, ovo e banana! Claro que ficou muito aquém da original, sobretudo na qualidade (e quantidade) da carne, mas se nunca tivesse experimentado na Colômbia diria que esta estava óptima! E com tais petiscos a 5 minutos do emprego, acho que a tentação virá mais vezes.
O almoço mais comprido deu também para nos conhecermos melhor e para cortar na casaca dos outros colegas - em espanhol, claro! Muito buena onda!

terça-feira, 29 de maio de 2007

Campanhas MSV

Já aqui falei várias vezes do Movimento ao Serviço da Vida, um grupo a que me orgulho de pertencer (mesmo à distância) e que moldou muito do que sou hoje.
Um dos projectos de que já se falava há vários anos é o Céu Aberto, uma casa para acolher crianças de risco. O projecto já está há anos no papel, a casa (em ruínas) foi cedida pela Câmara de Lisboa há mais de 1 ano mas estava a faltar o dinheiro para as obras. Pois bem, finalmente surgiu a maneira de conseguir esse dinheiro! O novo Swatch Mundo Perfeito vai ser apresentado e deve chegar às lojas nos próximos dias.
Não é lindo de morrer? E a caixa, já repararam? Não vamos todos querer ter um???
Outra parte importante da actuação do MSV são os projectos de Verão. Todos os anos parte um grupo de voluntários para o interior do Brasil e outro grupo para o concelho de Alcoutim. Num lugar e noutro, esses voluntários visitam os doentes, animam lares de idosos, dão explicações a crianças e tentam unir e dinamizar as comunidades. Eu já o fiz durante 3 Verões seguidos e foram as experiências em que me senti mais realizado. Para pagar os bilhetes de avião ou a gasolina, o aluguer da casa onde ficam e os materiais didácticos, os grupos que vão em cada ano organizam várias actividades. A maior é o jantar MSV, que vai acontecer na próxima sexta-feira na Academia Militar, junto à Estefânia (ver mapa). Os €30 do preço podem parecer muito, mas se juntarem à óptima comida que há sempre (olhem que eu percebo disto!) um espectáculo de capoeira no início e uma sessão de fados no final, fica um bom preço para um programa de sexta-feira com os amigos!
Finalmente, como todos os anos há a campanha das T-shirts. Eu sei que o tempo por aí não tem estado nada de especial, mas o sol vai agora começar a aparecer em força e é preciso vestir a família toda com roupa alegre e colorida! E mais uma vez, juntar o útil ao agradável e patrocinar os restantes projectos do MSV. Há 2 centros de ocupação de tempos livres para crianças no Brasil que todos os meses recebem do MSV o dinheiro necessário para funcionarem; e há uma equipa de rua que todos os dias presta apoio aos sem-abrigo da Baixa, e que apesar de ser em parte financiada pela Câmara de Lisboa precisa também da outra parte. Os modelos das T-shirts podem ser vistos aqui, onde se explica também como fazer para comprar.
Ficam, portanto, três ideias de como ajudar bons projectos. Quem estiver interessado pode-me escrever um comentário ou mandar um mail e eu posso dar mais informações.
Eu não posso estar no jantar, mas certamente vou ter um relógio no pulso e, como sempre, vestir a camisola!

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Viva o Sporting!

Soube um bocadinho a prémio de consolação. Depois da excelente segunda volta no Campeonato, os putos fabulosos que despontaram no Sporting mereciam outra sorte, mas claro que o mérito é de quem faz mais pontos e esse foi o Porto. De qualquer forma, podemos festejar mais uma Taça de Portugal e esperar que para o ano seja melhor!
Desta vez não pude ir buzinar para o Marquês, mas fiz a festa num pub português de Vauxhall.

sábado, 26 de maio de 2007

Pop piano

Sábado à tarde é dia de ter aula de pop piano! Pois é, depois da boa experiência do coro decidi meter-me em mais uma actividade musical.
Encontrei uma escola que tem cursos nas mais variadas áreas (www.citylit.ac.uk), a preços bem acessíveis, e escolhi o de "pop piano 2". A ideia base é acompanhar músicas ao piano. Eu tive 10 anos de piano clássico, aprendi Bach e Beethoven, e ao mesmo tempo aprendi toda a teoria musical, o que me permite tirar músicas de ouvido. O que me faltava aprender era a técnica de conjugar as 2 mãos com ritmos apropriados e moldar os acordes para soarem mais interessantes.
Só é pena avançar devagar, porque somos 15 pessoas na classe (cada um com o seu piano) e há sempre uns que demoram mais a perceber. Mas sem dúvida que está a valer a pena e é sempre bom fomentar a criatividade! E como sou péssimo no desenho e no palco, é melhor apostar na escrita e na música!

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Novas rotinas - no emprego

Apesar de os ingleses serem por natureza mais contidos, e de demorar muito até se fazer amigos, posso dizer que no novo trabalho o ambiente é bem mais divertido. Somos um grupo de 9, em três filas de computadores, e por estarmos mais próximos acabamos sempre por meter-nos uns com os outros.
O grupo já de si lembra um bocado uma sitcom americana. A chefe indiana, baixinha e com alguma falta de confiança; o pintas, benjamim do grupo mas sempre de fato e gravata; a senhora pespineta, de voz irritante, que trata todos como filhos; o gay discreto mas sempre com tiradas de humor; o preto cool, de meia idade mas em boa forma, pastor evangélico nas horas vagas e por isso sempre com a Bíblia ao lado e as chaves penduradas numa fita que diz "I love Jesus"; o latino simpático; e o rapaz amigo de todos, que desenrasca computadores e telemóveis, e que é sempre encarregue de tratar dos dossiês difíceis (como por exemplo convencer o chefe da chefe que a equipa "tem de" ir passar um dia a Dublin).
Como em qualquer trabalho por cá, sempre que alguém vai preparar chá ou café pergunta a todos se também querem. Às sextas há o costume de a última bebida da tarde ser acompanhada de um bolo que alguém compra. Há poucos dias descobri um brasileiro que lá trabalha, noutro departamento, e meti conversa. Não sei explicar porque há tamanha concentração de gays no sector público por cá, mas adiante. Os gays não me incomodam nada, mas este brasileiro é mesmo bichona, tal é o exagero nas expressões e nos modos. E todas as sextas faz bolos para vender no trabalho. Como esta sexta me tocava providenciar o bolo para o grupo, lá lhe comprei um bolo de limão, e vinha embrulhado em papel vegetal, com a etiqueta da "marca": Miss Daisy!
Mas o mais divertido no grupo é a tarefa semanal. Não sei se conhecem um programa chamado "The Apprentice", é muito popular por aqui. É um reality show, em que um milionário coloca desafios a um grupo de 10 ambiciosos concorrentes. As tarefas têm sempre a ver com montar um negócio, vender um produto ou organizar um evento; no fim da semana o milionário avalia a actuação de cada um e despede o pior. E nós no trabalho também jogamos ao Apprentice: cada semana há uma tarefa e um chefe de equipa, mas neste caso, apesar de passarmos o tempo a brincar com isso, ninguém é despedido. Na primeira semana a tarefa era organizar a viagem a Dublin. Na última semana foi organizar um almoço de equipa, e quinta-feira lá fomos até ao Nando's mais próximo. O que nos esperará esta semana?

Dores de crescimento

Aconteceu-me hoje, como era frequente numa altura da infância. Estava tudo bem e de repente os ossos começavam a doer sem razão aparente. Ia ter com a minha mãe assustado, sem perceber o que se passava, e depois de um eliminar de outras causas possíveis vinha o diagnóstico: são dores de crescimento, tens de esperar que passe...
As de agora já não doem por fora, mas deixam a mesma sensação de pouco haver a fazer, além de "esperar que passe".
Demoraram a vir. Como diz a minha tia, tenho o rabinho virado para a lua. Foi preciso chegar a esta idade para perceber algumas frustrações da vida: que não posso fazer bem a toda a gente, que nem toda a gente me faz bem e que nunca vou poder agradar a todos. Em compensação, surge nova gente de quem gosto e que gosta de mim. E isso está-me a fazer bem.
No fundo, são apenas isso, dores de crescimento. Não são doenças difíceis de resolver, como algumas que vejo perto de mim. São dores ocasionais, que com o tempo passam, e que me vão tornando uma pessoa menos inocente, mas mais forte. Tenho pena, mas não posso ser criança a vida toda...

quinta-feira, 24 de maio de 2007

O Labirinto do Fauno

Vi este filme há 2 semanas, mas ainda não pude escrever aqui sobre ele. Pena que já não esteja nos cinemas portugueses, mas se tiverem a oportunidade de o ver em DVD, aconselho.
A acção passa-se no tempo da Guerra Civil de Espanha, cuja violência permanece sempre como pano de fundo. Uma menina vai com a mãe viver para o campo, onde o padrasto é general de um batalhão franquista. Ávida leitora de contos de fada, a menina acaba por entrar num mundo de fantasia (ou não?), onde um fauno (meio homem, meio bode) lhe propõe 3 tarefas para garantir a imortalidade. A mãe da menina está grávida, e o irmão que entretanto nasce vai ser determinante no desfecho da história, que naturalmente não conto aqui.
Mas posso contar que me deixou a pensar nos dois mundos que acredito existirem, um à vista e outro mais escondido. E muitas vezes a aparente derrota (ou desprendimento) neste mundo escondem a glória no outro mundo, que é o mais importante. E o contrário também será verdade. Não se trata de contos de fadas nem de seres mitológicos, como no filme. Trata-se apenas de saber para onde olhar.
O filme, falado em espanhol, é de um realizador mexicano (Guillermo del Toro) e ganhou 3 Óscares este ano. E cada vez mais gosto de filmes não americanos.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Pensa lá bem

Um clássico da nossa infância que acabei de descobrir! Já não me lembrava que a Rua Sésamo, além de nos ensinar o alfabeto e a matemática, ainda nos dava conselhos de psicologia.


Quando hoje eu acordei, eu sorri depois chorei
Que estava eu a sentir ao chorar depois de rir?
E como eu não sabia bem, perguntei à minha mãe
Mas ela então só respondeu que era um assunto só meu

Há muita coisa que uma mãe te diz, como um e um são dois
Como atravessar a rua e abotoar botões
Mas só tu é que vais decidir o que estás agora a sentir
Mais ninguém te vai dizer, tens de te conhecer!

Pensa lá bem, pensa lá bem
Se não sabes o que sentes, pensa lá bem

Tenho um vizinho meu amigo que vai para outro lado
Não sei dizer se fiquei triste ou se fiquei chateado
Pedi-lhe então para ele olhar para a minha cabeça
E me dizer o que eu sentia, mas ele teve esta conversa:

Há muita coisa que um amigo faz que ninguém faz melhor
Como aquele abraço amigável que é sempre o maior
Mas só tu é que vais decidir o que estás agora a sentir
Mais ninguém te vai dizer, tens de te conhecer!

Pensa lá bem, pensa lá bem
Se não sabes o que sentes, pensa lá bem

terça-feira, 22 de maio de 2007

Novas rotinas

Às 6h30 toca o despertador e salto da cama. Passo uma camisa a ferro e preparo a mochila com as coisas do ginásio. Faço a barba e tomo o pequeno-almoço. Faço-me à estrada, de calções e T-shirt.
Demoro meia hora a pedalar 8kms. O caminho é quase todo por ruas calmas, mas ainda assim com muitos semáforos. Quando chego vou ao meu cacifo buscar as calças e os sapatos, que têm lá a sua residência permanente (ou quase, que de vez em quando convém lavar!). Tomo banho aqui, há 2 duches no edifício (resolvido o mistério?) - é comum nos empregos cá, porque além dos ciclistas há gente que vai correr na hora de almoço.
Vou ao meu cacifo e tiro os cadernos, dossiês e o portátil. Sento-me cada dia num lugar diferente, essa é a política da casa - daí todos termos um portátil e não computador fixo. A hora de começar tem variado entre as 8h e as 9h30. De vez em quando há pausas para café, acompanhado de biscoitos que vão aparecendo diariamente (mas não tenho abusado!).
Na hora de almoço vou até ao Marks & Spencer comprar uma sandes ou salada de baixas calorias e sumo de laranja - estou mesmo empenhado no saudável! Depois sento-me numa zona de mesas aqui no escritório, ou se está um dia de sol (como hoje!) vou até ao parque que é mesmo aqui ao lado. Já comi algumas vezes com o Rodrigo, o tal que é filho de latinos; com os outros ainda não houve ocasião.
Tenho saído sempre entre as 5h e as 6h. Tenho de me apressar mais de manhã, para ver se começo a sair às 4h. Troco de novo para roupa desportiva e pedalo até ao ginásio, onde tenho ido umas 4 vezes por semana. Meia hora de corrida, meia hora de máquinas e abdominais, de vez em quando uma aula de body pump ou spinning.
Nesta fase do ano é dia até às 9h da noite, o que convida a passar mais tempo fora de casa. É altura de jantar com a Maria, ou juntar-me com algum amigo, ou ir ao ensaio do coro, ou ao cinema. Ou simplesmente ir para casa, às vezes também acontece.
Chegado a casa, é tempo de ler e responder aos mails que agora não posso consultar no emprego, de falar no MSN ou de aproveitar as chamadas grátis do Voipbuster. E palavra puxa palavra, acabo todos os dias a trair o propósito de "hoje vou-me deitar a horas"...

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Um presente dos Açores

Na semana passada tive por cá o Chico e a Sofia. Aproveitando os vôos directos da SATA para Londres, andaram a percorrer todos as atracções da cidade e deram um pulinho à Escócia. Na bagagem trouxeram bolos lêvedos, queijadas da vila e chá Porto Formoso, que avivaram as boas memórias da minha visita a São Miguel em 2003.
O Chico estudou Direito comigo e voltou para Ponta Delgada quando eu vim para Londres, por isso há muito que não o via. Foi portanto óptimo poder pôr a conversa em dia e conhecer a Sofia, apesar de não apagar a tristeza de não poder ir aos Açores em Agosto para o seu casamento (já tinha um convite anterior para o mesmo dia - ganda galo!). Mas fica prometido que uma das prioridades para o meu regresso a Portugal é uma nova visita aos Açores!

sexta-feira, 18 de maio de 2007

2 Pence!

Believe it or not, isto foi o que me custou um vôo de ida e volta para Dublin. É uma promoção da Ryanair, e este é mesmo o preço final - sem taxas sobre o vôo nem sobre o cartão de crédito.
A ideia de irmos passar um dia foi dos novos colegas de trabalho. Ao todo vamos nove, numa quarta-feira daqui a um mês. Eu já estive em Dublin há 3 anos e nem achei tão giro, mas não ia desperdiçar a oportunidade para integrar um programinha de equipa. Estivemos agora num meeting a decidir quem tratava do quê (transportes, comida, programa) e promete!
Ainda só estou cá há uma semana e já me sinto muito à vontade com todos. Foi sem dúvida uma boa mudança.

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Madeleine

Desde que cá estou que sempre me habituei a ver notícias sobre portugueses nos jornais. Estou a referir-me sobretudo a José Mourinho e Cristiano Ronaldo, que este ano têm protagonizado o duelo entre os seus clubes em várias competições.
Só que desta vez é bem diferente. O meu país aparece em directo, hora a hora, nas televisões por causa do desaparecimento da pequena Madeleine. Há dias, uma explicação detalhada sobre o sistema penal português e o estatuto de "arguido" trouxe-me à memória as aulas da Faculdade. Mas não, era o noticiário da BBC.
Não me vou deter no que já foi repisado. Que os pais não deviam ter deixado as crianças sozinhas em casa e que no entanto isso não implica que sejam maus pais - nenhum de nós pode garantir que não faria o mesmo, e já bastam os remorsos que os acompanharão para o resto da vida. Que os ingleses nos olham com superioridade - é verdade que no início surgiram algumas críticas, mas no geral toda a gente tem elogiado o esforço da polícia. Que todos os dias desaparecem pessoas e nem por isso os casos têm esta cobertura, ou que se a menina fosse portuguesa ninguém ia ligar - pode ser injusto, mas o importante mesmo é encontrá-la!
E é isto que quero realçar. É verdade que a história vende muitos jornais e que metade das reportagens que vejo "live from Praia da Luz" são só para "encher chouriços". Mas é sobretudo o esforço da família a manter os holofotes no caso. Eles sabem que só enquanto for notícia é que há verdadeira esperança de encontrarem Madeleine. Por isso aqueles pais vão-se expondo à imprensa, sem abusos, enquanto os familiares se desdobram em contactos aqui em Inglaterra, desde estrelas de futebol até ao Parlamento. Se isto levar à descoberta da criança, todas os exageros da cobertura mediática valeram a pena.
Um último comentário mais pessoal. Tem sido um exemplo para mim ver aqueles pais, num momento que podia ser de revolta, a agarrarem-se ainda mais à Fé. Não descansam no que humanamente pode ser feito, mas também não se esquecem de rezar a Quem pode mais que todos. Por cá, quase todas as mensagens de conforto de pessoas anónimas que as televisões vão passando dizem "as nossas orações estão convosco". E eu junto a minha.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Chegou a hora do adeus...

Apesar de eu já estar farto de lá trabalhar, custou-me a despedir da Toynbee. Pelas pessoas, claro. Havia de tudo: homens com turbante, gays, mulheres com cabeça tapada, swingers, chungas, testemunhas de Jeová, ... Mas tudo pessoas com quem me dei bem.
Para agradar a gregos e troianos (leia-se quem bebe e quem não bebe), fiz duas festas de despedida. A primeira parte foi numa sexta à noite, num pub com karaoke em Liverpool Street. Do emprego só foram 7 pessoas (com 2 delas nunca tinha falado antes!), mas foi o suficiente para ter bebido 6 pints sem ter pago nenhuma. E para ajudar a festa tive a companhia da Maria, do Eduardo e da Nayan - com eles acabei a noite num restaurante de Brick Lane.
Mas a celebração mais abrangente foi o almoço do último dia, num restaurante indiano lá ao pé do trabalho. Como podem ver pela foto, já estava mais compostinho. Pena só ter descoberto este sítio no último dia, porque a comida era óptima!

Mas o momento mais emotivo foi ao fim da tarde. Como é costume, quando alguém se ia embora todos são convocados por altifalantes ao seu andar para assistirem à troca de discursos e de presentes. Sim, eles aqui oferecem uma lembrança a quem parte (e flores às senhoras); no meu caso, um vale de £80 do Argos.

Até tinha preparado umas piadas, mas na hora do discurso fiquei sem graça e disse só umas palavras banais. Pelo menos não chorei em frente de toda a gente. No cartão que me deram, várias pessoas comentaram o meu sorriso - na falta de melhor legado, acho que foi a melhor imagem que lá deixei. Uma rapariga comentou que gostava muito de ler as minhas dedicatórias nos cartões das outras pessoas (devo ser o único a não escrever aquelas frases "chapa 5", para mim mensagens pessoais são uma coisa séria!).

Agora que já passou uma semana, posso dizer que me tenho mantido em contacto com alguns, os que interessam. O meu chefe, a quem ofereci um livro sobre a História de Portugal em reconhecimento pelo muito que me ajudou. O Stephen, meu colega de equipa e primeiro amigo gay, com quem tive boas conversas. A Sue, uma senhora mais velha que sempre me tratou com muito carinho. Todos eles vão ficar entre as boas recordações da minha passagem por Inglaterra.

sexta-feira, 11 de maio de 2007

O novo emprego

Já vos queria ter contado aqui como foram os últimos dias no meu anterior emprego mas vou guardar isso para depois.
Comecei ontem aqui em Hackney e as primeiras impressões são as melhores! Posso dizer que é uma estrutura gigante e que as coisas parecem muito bem organizadas, pelo menos para o que eu estava habituado. O Council está dividido em 5 departamentos, e só no meu (Neighbourhoods & Regeneration) trabalham 800 pessoas. Dentro do departamento, estou numa divisão chamada Performance and Strategy, e dentro desta divisão estou na equipa de Service Development. Aqui já somos só 5, todos com menos de 30 anos. A chefe, uma rapariga indiana muito simpática, e 4 rapazes. Um deles, com quem almocei hoje, é filho de um chileno e de uma colombiana. É a minha boa sina!
Ontem ainda vim de comboio mas hoje já vim de bicicleta. É giro chegar aqui de calções e T-shirt, tomar um duche e "pegar ao serviço". O horário é flexível, desde que faça 36 horas por semana e esteja cá entre as 10 e as 16h. Mas vou tentar vir sempre das 8h às 16h, para me sobrar muita tarde para aproveitar. E posso tirar um dia livre por mês se acumular as equivalentes horas extra.
A variedade de sítios para comer aqui à volta é muito grande, e já sabem como isto é importante para mim! Por enquanto tenho-me restringido a sandes, mas já vi por perto um restaurante argentino que tenho de explorar. E como não se pode comer na secretária, há um espaço só com mesas, o que convida a partilhar a hora de almoço com os colegas.
Depois conto melhor o que estou a fazer, por agora queria só dar um cheirinho e dizer que estou contente!

segunda-feira, 7 de maio de 2007

O meu novo brinquedo


Comprei-a no sábado, em segunda mão, com todos os acessórios necessários: cadeados fortes, luzes e capacete!
Desde então já fiz muitos quilómetros: para sul, para ir a um churrasco; para leste, para ir reconhecer o caminho para o meu trabalho e as redondezas. E é uma enorme sensação de liberdade andar por onde quero, pedalar às tantas da manhã ao pé do Big Ben ou estacionar à porta de qualquer sítio onde vá. Além de que o investimento inicial fica compensado com 3 meses sem comprar passe. E ainda há o exercício físico grátis!
Ok, também há a chuva, as subidas, o pôr e tirar cadeado, o trocar de roupa ao chegar ao emprego... mas por enquanto ainda são só alegrias!

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Cafezinho - parte 2

Lembram-se da senhora madeirense de que aqui vos falei na semana passada? Pois bem, nos últimos dias estive várias vezes em contacto com ela, o que significa várias situações hilariantes. Não quero ser mau, a senhora é muito querida e continua a insistir que me leva ao tal café português, mas de tão típica às vezes fico com a sensação de estar a falar com uma personagem do Gato Fedorento!
O factor mais imediato é o seu cerrado sotaque madeirense já impregnado de algumas palavras em inglês. Há dias, depois de ver a casa nova, perguntava-me ao telefone se eu sabia onde ficava a "bolha". E eu para mim, "bolha... bolha... mas que bolha?", até ela me explicar: "a bolha du gás!" E ontem, que ela vinha cá buscar uma chave, telefonou para me dizer: "estou aqui à porta do bild", que é como quem diz, do edifício (building).
Mas o imporante nesta história é que tudo terminou em beleza. Depois de ver a casa que lhe oferecíamos, espaçosa e num prédio novo, a senhora ficou maravilhada e desistiu de interpor o recurso para que lhe reconhecessem o direito a ficar com a mãe. Ou seja, claro que a mãe pode ficar com ela, só não lhe dão uma casa maior. E ela lá me explicou porquê:
- A mãezinha está muito mal... No outro dia fui com ela ao médico e ele disse-me: "Maria, a tua mãe já não vai durar muito. Com a asma e bronquite naquele estado, mais 1 ou 2 anos..." E depois se a mãe morre, para que é que eu quero uma casa com 3 quartos? Nã quero! Assim, temos uma salinha grande, eu ponho lá um divãein para a mãe, faço uns cortinados...
Haja sentido prático da vida! A Maria já está na sua casa nova. E um dia destes lá vou eu comer um prego...