sexta-feira, 31 de março de 2006

Porque não pedir o Mundo?

Cinco, quatro, três, dois, …
Pois, não passámos do dois.
Mas deixemos os relatos infelizes para depois.
Estivemos quase, mas quase não sei se chega.
Mandámos vir champagne e deu-se a tragédia grega.
Como é que se diz? Foi por um triz
que nós não pusemos os pontos nos is.
Nabice? Preguiça? Alguém faltou à missa?
Qualquer coisa lhes deu, não sei bem o que foi.
Sei é que fizemos um grande campeonato
mas na final não jogámos um boi.
Um boi?! Foi ou não foi?


Corremos, marcámos, merecemos,
saltámos, sofremos e fizemos sofrer.
Fizemos o possível enquanto houve combustível
e metemos o que havia para meter.
Como é que uma equipa com talento,
magia e um futuro de que tanto se disse,
está disposta a deitar fora a energia
e se conforma em estar na história como “vice”?
Nada disso!
O tuga, que até hoje só provou que consegue ser segundo,
Vai, por isso, deixar de ser chouriço
e assumir o compromisso de ser campeão do mundo.

Corre mais, joga mais,
Menos ais, menos ais, menos ais,
Quero ainda mais

Há quem diga que Portugal não está em forma,
modesto por norma, faz-lhe falta um safanão
que nos faça de uma vez acreditar
que entre os que podem ganhar está a nossa selecção.
A fasquia está alta? Não faz mal, Portugal salta
com milhões a empurrar.
Até pode parecer louco,
mas para nós segundo é pouco
E um louco não se deve contrariar.
Será demais pedir o mundo?
O que pedimos, no fundo, são ainda menos ais.
Porque todos se lembram do campeão
Mas não dos que são derrotados nas finais.
Ficar nos dois primeiros não tem mal nenhum,
É preciso é que fiquemos no número um.
Vamos apagar da história essa final de má memória
e vão ver que ninguém topa.
Porque eu posso estar errado,
mas que eu saiba, em qualquer lado,
o melhor do mundo é o melhor da Europa.

Corre mais, joga mais,
Menos ais, menos ais, menos ais,
Quero ainda mais

Repete-se o refrão,
a história é que não.

Marca mais, chuta mais
Menos ais, menos ais, menos ais,
Quero ainda mais.

É o retrato de um país aplicado ao futebol.
Tem tudo o que é preciso, só perde por ser mole.
Toca a acordar, pessoal!
Queremos mais garra,
deixar de ficar felizes quando a bola vai à barra.
Vamos com tudo, meter o pé, chutar primeiro,
Que o último a chegar é panel****.
Ter medo deles? Isso era dantes!
Vamos embora encher de orgulho os emigrantes.
Sem esquecer que nas grandes emoções
quando grita um português, gritam logo 15 milhões.

Heróis de Berlim, nobre povo…
Não tinha graça cantar um hino novo?
Escrito pelo pé de artistas
que vão alargar as vistas à nação verde e vermelha.
Ficar em segundo? Nem morto!
Ganhar ou perder é desporto? ‘Tá bem abelha!
Venha a Alemanha, o Brasil ou a Argentina
com cabelos de menina e cara de lobo mau,
se calham a apanhar-nos pela frente
e viram as costas à gente… TAU!

Corre mais, joga mais,
Menos ais, menos ais, menos ais,
Quero ainda mais

Repete-se o refrão,
a história é que não.

Marca mais, chuta mais
Menos ais, menos ais, menos ais,
Quero ainda mais

Seja no chão, pelo ar, de cabeça ou calcanhar,
de tabela, nas laterais ou no miolo…
Vai Ronaldo, finta um , finta dois, pode remataaaar… golo!!!
(É esta a vantagem da ambição,

podes não chegar à lua, mas tiraste os pés do chão.)

Marca mais, chuta mais...

Este é o novo hino para o Mundial, que faz parte da nova campanha da Galp Energia.
Quem será que escreve estas letras fenomenais??

Serão

Não tenho paciência para ver televisão. Tirando os jogos de futebol e a série "Little Britain", pouco mais me faz ficar sentado em frente ao ecrã. Nunca vi um episódio de "Desperate Housewifes", "24", "Sex and the City" e todas as séries que vão estando na moda; não digo que não possam ter piada, apenas não consigo ter grande curiosidade. Nem sequer faço questão de ver as notícias, uma vez que passo o dia a espreitar o site da BBC e o Diário Digital. Não é uma novidade de Inglaterra, já em Portugal era assim. Em grande parte, acho que se trata de um preconceito: não quero ter aos 25 a mesma rotina de um reformado.

Já na adolescência passava a vida à conversa em casa de amigos, e mais tarde com a emancipação do carro eram raros os serões que passava em casa. Aqui em Londres, no ano passado era mais fácil, por viver numa residência, arranjar companhia para um programa ou simplesmente ir bater à porta de alguém para dois dedos de conversa. Mas este ano, apesar de ser muito giro estar a viver num apartamento com 2 amigos, sinto a falta dessa parte de socialização.
Eles vivem felizes com a rotina de trabalho-ginásio-jantar-ver televisão-cama, e eu percebo que estejam cansados do trabalho e prefiram uma coisa que não implique muito esforço. Para mim, o trabalho é uma coisa importante, mas as minhas energias e pensamentos estão guardados para o que vem a seguir, por isso nunca deixo de fazer o que quer que seja por cansaço (outra explicação pode ser eu não ter muito que fazer no trabalho...). Mas claro que não os posso obrigar a sair ou a fazer o que me interessa! Por mim, preferia ir tomar um copo, ir ao cinema, jogar qualquer coisa ou simplesmente ficar à conversa. Claro que de vez em quando fazemos essas coisas, mas já cheguei à conclusão que a minha exigência de sociabilidade está acima da média do cidadão comum. Estou mal habituado...
Mas se isto é um problema meu, eu é que tenho de o resolver. E aqui entram as minhas falhas. É verdade que a maioria dos meus amigos já bazou de cá, mas ainda assim tenho um conjunto de pessoas conhecidas ou contactos que podia convidar para um programa. No entanto, tenho preguiça de começar novas amizades, aquela fase inicial de quebrar o gelo custa-me um bocado. Também já estou há meses para procurar um grupo onde me integre, mas ainda não me dei ao trabalho. E claro que não vou desistir de fazer convites aos meus flatmates!
Mas não se preocupem comigo, que eu sou um bocado exagerado! A verdade é que continuo a gostar de estar aqui, e até Maio de 2007 tenho um contrato a cumprir, experiência a acumular e poupanças a recuperar. Mas lá que gostava de ter uns serões um bocadinho mais preenchidos, ah isso gostava! Pode ser que o bom tempo que está a chegar ajude...

quinta-feira, 30 de março de 2006

Persistente

Um mês depois de ter começado a ir ao ginásio, e apesar de ainda não conseguir ver grandes resultados, mantenho os meus propósitos de perder alguns dos 20 kgs que cresci nos 5 anos. Tenho ido 3 ou 4 vezes por semana, por 1 hora, antes ou depois do trabalho. Faço corrida, bicicleta, remo, abdominais e mais algumas máquinas. Tudo ao som do hip-hop que vai passando na televisão, bem ao estilo da frequência do ginásio... Já não é o sacrifício dos primeiros dias, mas também não posso dizer que tenha, nem acredito vir a ter, algum prazer naquilo!
Além do exercício, tenho tentado alterar os hábitos alimentares. A minha secretária no trabalho parece quase uma despensa: tenho cereais para tomar com leite a meio da manhã e maçãs para comer a meio da tarde. E posso-vos garantir que a fibra está a surtir efeito! De resto, tento comer mais vegetais e menos gorduras, mas não posso dizer que esteja a fazer uma dieta, porque ainda vai havendo espaço para fritos e pão com manteiga.
Por enquanto, apenas noto que me canso um pouco menos que antes. Estou a guardar a pesagem para a Páscoa, assim dá mais tempo para permitir uma agradável surpresa. Mas o grande objectivo é aparecer em boa forma nas fotografias que hei-de tirar daqui a 3 meses nas praias paradisíacas de Cartagena.

segunda-feira, 27 de março de 2006

Montes Claros


Sou frequentemente atacado por saudades de Montes Claros. Foram apenas 2 meses da minha vida, e já lá vão quase 3 anos, mas as memórias continuam bem presentes e prontas a saltar, como hoje, aos primeiros acordes de uma música brasileira ou às primeiras linhas de um mail da Rita, que por lá continua ao serviço das crianças do Aquarela.
Esses 2 meses foram um tempo de disponibilidade total, de estar ali ao serviço, para o que fosse preciso; um tempo em que me senti útil, embora à distância me pareça que fiz muito pouco. Foi também um tempo de liberdade: apesar de nos levantarmos todos os dias bem cedo e de termos tarefas a cumprir, todos ali estávamos por nossa escolha e em plena entrega, e a única "produtividade" que nos era pedida era estarmos com as pessoas, darmos o melhor de nós aos que viviam mais sozinhos ou com mais problemas, e às crianças do "reforço" (apoio escolar).


Muitos momentos ficaram marcados na memória: a alegria do Radson a comer esparguete à bolonhesa em nossa casa; a aula de forró regada com caipirinha em casa da Denise; as visitas com o Irmão João Luís ao acampamento dos Sem Terra; a "pipa" que nos foi oferecida pelo Lucas, um menino de 8 anos, no dia em que o padrasto o tinha ameaçado com uma faca; a festa-surpresa que o bairro nos preparou. E a lista podia continuar... Nos próximos dias vou deixar por aqui algumas histórias e imagens desses tempos.


Mas sinto também uma saudade especial da "comunidade" que formei com a Catarina e a Mafalda, o Zé e o Palma. Todos os dias partilhávamos 3 refeições e 3 momentos de oração, e todas as semanas tínhamos um tema para reflectir. Isto para além da conversa que fluía naturalmente, sem tabus e com bastante resistência ao cansaço (não foi, Maffa?). Foram 2 meses de um "Big Brother" muito saudável, porque estávamos ali os cinco unidos pelo mesmo projecto e pela mesma vontade de aprofundar a Fé. A amizade foi crescendo, como resultado disso mesmo, e mantém-se forte!
Tenho muitas vezes a tentação de querer viver o resto da vida e das amizades ao mesmo ritmo desse tempo, e isso acontece-me tanto em Lisboa como aqui em Londres. No entanto, tenho a noção de que Montes Claros foi uma experiência muito rica, mas de certa forma fácil, porque tudo à nossa volta nos convidava a sermos bons e generosos, com os de fora e entre nós. O desafio maior é conseguir que a "vida normal" seja regida pelos mesmos valores e que aqueles que convivem connosco possam também conhecer o nosso "melhor lado".

*Neste post queria deixar também um beijinho especial para a Tia Quicas, mãe da Catarina, que me tem dado a alegria da sua visita ao blog desde Viena. Espero vê-la em breve!

sábado, 25 de março de 2006

Patriota

Esta é a minha última extravagância do eBay. Curiosamente, vendida por um rapaz de Almada. Ao que parece vai haver uma linha de Havaianas com os vários países que entram no Mundial. E desta maneira começo o meu kit de apoio a Portugal! Segue-se uma T-shirt do MSV (a ref. 07, que ao que parece está a ser líder de vendas).
Ainda por cima a viver no estrangeiro, todas as "armas" serão poucas! E Junho está cada vez mais perto.

sexta-feira, 24 de março de 2006

Acabou-se!

Acabei de apagar os meus jogos do Windows do computador do emprego. Teve de ser!
Não conseguia resistir a vir jogar às minas a torto e a direito, e como o meu computador está à vista de todos os demais, acho que dava ainda pior aspecto que chegar atrasado. Só para verem a dedicação - os que sofrem do mesmo vício e por isso percebem -, os meus records eram 6 segundos no pequeno, 38 no médio e 120 no grande.
No meu portátil, há muito que tive de apagar estes jogos, depois de perder horas e horas de sono a jogar minas ou free cell. E se eu sou assim com estes jogos básicos, imaginem o que seria se tivesse algum decente... Nem cheirá-los!

Afinal estou no bom caminho!

Todos os dias chego ao trabalho uns minutos depois da hora. É um mau hábito demasiado enraizado, o de chegar atrasado para quase tudo, e o pior é que não me esforço muito para mudar. "Ainda tenho tempo para fazer isto", penso sempre antes de sair de casa... No caso do trabalho, compenso na hora de sair e o meu manager já comentou que não achava mal, mas quando tenho pessoas à minha espera é bem mais chato.
Mas hoje os meus propósitos de emenda sofreram uma grande machadada. Li no Metro, esse grande educador do povo que os ingleses certamente copiaram do nosso país, que a melhor maneira de impressionar o patrão é chegar atrasado ao trabalho. Outros hábitos que nos sobem a “cotação” são falar dos outros (gossip) e ser temperamental. Estas conclusões surpreendentes vêm de estudos publicados na revista New Scientist.
Segundo os sábios, o “chegar atrasado” resulta de padrões genéticos que determinam se funcionamos melhor de dia ou de noite, e os que chegam tarde ao trabalho acabam por ser mais produtivos, mais tarde. Por seu lado, os “más-línguas” estimulam a socialização e criatividade no local de trabalho, enquanto que ser temperamental é próprio dos génios. Assim, o que à primeira é visto como um defeito pode revelar uma personalidade forte, e por isso os recrutadores devem olhar também para esse “lado negro”.
Infelizmente falta-me um bocado da terceira característica, mas a julgar pelo expoente das outras duas acho que tenho uma brilhante carreira pela frente!

quinta-feira, 23 de março de 2006

E o Jamor ali tão perto...

Foi por pouco que não chegámos à final. Faltou a sorte nos penalties. Vamos esperar que o resultado seja vingado daqui a poucas semanas, para o Campeonato.
Mas para mim o jogo valeu por outras razões.
Em primeiro lugar, pela companhia da Ana, que parte daqui a 1 semana para New York, onde vai continuar o seu doutoramento na investigação das células do cancro; tivemos ocasião para pôr a conversa em dia e para nos despedirmos, até eu por lá aparecer em Junho para a visitar.
Em segundo lugar, pelas febras com batata frita, à boa maneira portuguesa, que comi enquanto vi o jogo no Don Teodoro, um café a 5 minutos de minha casa.
E valeu ainda pelo espectáculo surreal que nos proporcionaram os restantes amantes do desporto-rei presentes naquele café, a contrastar com a civilidade britânica em que andamos todos os dias: ele foi gritos e insultos durante todo o jogo, de umas mesas para as outras; ele foi manguitos e outros gestos obscenos a "saudar" os adversários; ele foi o nosso companheiro de mesa portista a saltar para a cadeira da Ana, com ela lá sentada!, para que todos o vissem festejar o golo do Porto. Enfim, foi um fartote, carago!

quarta-feira, 22 de março de 2006

Crash

Vale a pena!
Um filme sem bons nem maus, apenas pessoas que vão agindo condicionadas por outras situações, sem no entanto fazer dessas condições uma desculpa para as más acções. E com a inteligência de mostrar que o racismo tem várias direcções, e que infelizmente todos padecemos um pouco desse mal. Afinal de contas, todos podemos redimir-nos como o polícia que salva a vida da mulher que antes humilhara ou o árabe que falha o disparo da vingança.
E como é possível viver em paz num país onde se compram armas com a maior das facilidades?

terça-feira, 21 de março de 2006

Feijoada

A Nayan foi passar 2 semanas à Índia. Já não via a família desde Setembro de 2004, por isso eram umas férias há muito desejadas.
O Eduardo e eu aproveitámos a sua ausência para fazer uma limpeza geral na casa. Descongelámos o frigorífico, que tinha grandes icebergs acumulados, e agora já não cheira a fritanga quando se entra em casa.
Além disso, estou-me a desforrar nos "prazeres da carne". Como a Nayanela é vegetariana, e eu preguiçoso, acabo por comer quase sempre os vegetais que ela cozinha, adicionando timidamente um pouco de carne ou atum. Até porque não nos sobra muito espaço de manobra no fogão...
Mas agora estou cheio de vontade de experimentar coisas novas, fazer pratos mais elaborados (além das quiches em que me tenho especializado), e por isso ontem fiz uma feijoada para o jantar. Tinha uns chouriços guardados e comprei feijão preto na mercearia portuguesa. O resultado, modéstia à parte, estava delicioso!
Aceitam-se sugestões para a próxima experiência...

segunda-feira, 20 de março de 2006

Pedro

Apesar das circunstâncias que te trouxeram, apesar de não ter corrido tão bem (mas fez-se o necessário e a esperança continua), apesar de eu ter estado a trabalhar e não te ter podido acompanhar tanto quanto gostava, apesar de tudo isso... foi MUITO bom ter-te (ter-vos) aqui, estar presente neste momento, conversar e saber de ti, mostrar-te os meus lugares e a minha rotina, passear pelo mercado e levar-te a uma das melhores vistas da cidade.
É bom ver que o tempo e a distância não provocam erosão nas grandes amizades.

quarta-feira, 15 de março de 2006

T-shirts

Aqui está a nova colecção de T-shirts do MSV! Vai estar à venda entre agora e Julho, mas quanto mais cedo comprarmos, melhor!
















Os modelos de criança e unissexo são 100% Algodão, e os de senhora têm 5% de Lycra.

Podem escolher entre os seguintes tamanhos:
- Criança - 1/2, 3/4, 5/6, 7/8, 9/11, 12/14
- Senhora - XS, S, M, L, XL
- Unissexo - XS, S, M, L, XL, XXL

As T-Shirts custam 13,50€ e as longsleeves custam 15€. Esse dinheiro vai para as obras na casa do Céu Aberto, que estão prestes a começar.

Podem comprar:
- Nos vários pontos de venda por onde vai passar a campanha "Marque a Diferença": escolas, universidades, empresas... (há 2 anos atrás era esse o meu trabalho)
- Na sede do MSV, que fica na Rua de São Julião, 140, uma paralela à Rua Augusta.
- Enviando mail para madtshirts@msv.pt

Para mais informações, podem ver aqui.

segunda-feira, 13 de março de 2006

Depois da tempestade vem a bonança

Quando soube que a Isabel estava grávida, no meio da emoção saiu-me um pensamento egoísta: "agora é que eles não vêm mesmo a Londres". A minha prima Isabel e o meu grande amigo Pedro, não viriam com o Sebastião e o Pedro, os gémeos que aí vêm, passear para estas bandas. Infelizmente, enganei-me.
No sábado à noite o Pedro telefonou-me. "A Isabel teve uns problemas com os bebés e tem de ir para Londres amanhã". Os bebés estavam ligados entre si e à mesma placenta, e um deles estava a "roubar" o alimento ao outro. A única solução era uma operação que só aqui faziam.
Veio o casal e os pais dela, meus primos direitos. Hoje estávamos todos em tensão, mas graças a Deus a operação correu bem. Pouco depois, a primeira ecografia, a que tive o privilégio de assistir (nunca tinha visto uma em directo, acreditem que é poderoso!), mostrava os bebés de boa saúde, já mais independentes. Na sexta-feira a Isabel volta a fazer uma ecografia, para confirmar que está tudo bem.
Mais aliviados, tivemos um jantar bem alegre! Mexilhões, pizza, pão de alho, tudo preparado pelo Fernando.
É um prazer tê-los em minha casa e ter podido ajudar de alguma maneira. Como hoje me escrevia a Tia Dáda, e bem, se a minha estadia em Londres não tivesse valido por mais nada, só por isto já teria valido a pena.
E é uma alegria juntar Londres à lista das muitas cidades por onde já passeei com o Pedro. Uma amizade com 15 anos e muitos quilómetros percorridos. E cheia de momentos importantes, como este. Até sábado, vamos ter tempo para matar saudades e pôr a conversa em dia.
Agora à noite, quando fomos os dois "dar a volta ao quarteirão", rimo-nos do surreal que tudo isto parecia, nós os dois a passear por Londres quando nada o fazia prever. Mas a vida está-nos sempre a surpreender...

sexta-feira, 10 de março de 2006

Férias


Sempre gostei de planear as coisas com antecedência. Na universidade, por exemplo, aguardava com expectativa o dia em que saíam as datas dos exames, quer para confirmar as cadeiras que devia escolher, quer para começar a planear as férias. Tenho sempre o calendário na cabeça, e a agenda no bolso, para assegurar que não marco duas coisas para o mesmo dia. Mas claro que às vezes acontece, e fico fulo quando tenho de optar entre dois bons programas.
Acrescentando a esta mania o facto de os preços dos vôos irem aumentando com o aproximar da data, resulta o facto de que não só sei em que alturas vou gozar férias este ano, mas também já tenho todos os bilhetes comprados!

E para os amigos que me perguntam quando vou estar em Portugal, aqui fica o programa das festas:

- Para a Páscoa, chego a Lisboa na Sexta-feira Santa de manhã e regresso na segunda-feira. Aqui não uso nenhum dia de férias.

- No último fim-de-semana de Abril vou à Dinamarca visitar a Mafalda! Parto na sexta à noite e regresso na segunda, que é feriado.

- Segue-se a viagem à Colômbia, com partida no dia 28 de Junho à noite e chegada a 16 de Julho! Inclui estadias em Bogotá, Medellin, Cartagena e New York.

- Para matar saudades da família e dos amigos, e aproveitar a praia a 5 minutos de casa, vou estar na Costa entre 26 de Agosto e 10 de Setembro.

- Para o encontro anual dos Mesquitas, vôo até ao Porto no fim-de-semana de 23 de Setembro.

- Para os meus anos, vou para Portugal na sexta-feira, 6 de Outubro, à noite e volto no dia 9.

- Finalmente, para o Natal viajo no dia 22 de Dezembro e regresso a 1 de Janeiro.

quarta-feira, 8 de março de 2006

Clubite vs Patriotismo

Ontem assisti ao Barcelona – Chelsea com a Ana, num pub. A multidão de ingleses presentes vibrou de alegria com a eliminação dos seus compatriotas, entoando cânticos como “Fuck off Mourinho”. Eu, que nunca achei muita graça ao Barcelona (para dizer verdade, a nenhuma equipa espanhola), mais motivado ainda fiquei para defender as cores da equipa treinada pelo português. Curiosamente, o único que nos acompanhava no apoio ao Chelsea era um espanhol, por ser fanático do Real Madrid e por isso ter ódio ao Barcelona.
Deve haver várias pessoas a terem estes sentimentos contra os rivais nacionais, mas eu não me incluo nesse grupo. É verdade que fico mais contente com uma derrota do Porto ou Benfica no campeonato nacional do que com uma vitória do Sporting. Mas quando são os nossos contra os estrangeiros, aí, antes de tudo o mais, sou português! Por isso…
Boa sorte, Benfica! Logo à noite dêem cabo dos ingleses!

segunda-feira, 6 de março de 2006

And the winner is...

Este ano foi só por pura teimosia, para cumprir a tradição. Uma tradição que vem desde os meus 11 anos, a primeira vez que fiquei acordado para assistir à cerimónia dos Óscares em directo. E desde então poucas vezes tenho falhado.
Mas dizia eu que foi por teimosia, não só por eu não ter visto nenhum dos filmes nomeados (tirando o Match Point e a Noiva Cadáver, nomeados para categorias menores), mas - pior ainda - porque aqui em Inglaterra o evento só passava num canal codificado. Por isso, ouvi a transmissão através da Antena 3, na internet. Enquanto passava a ferro, ia trocando palpites, por mensagem, com o Artur (olha quem!).
No final, valeu mais pelas muitas camisas passadas do que pelo evento em si, mas fiquei com vontade de ver nos próximos dias os 2 filmes mais galardoados: Brokeback Mountain e Crash. E hoje dou uma espreitadela ao "compacto".

sexta-feira, 3 de março de 2006

A viajante

Pela terceira vez a Mafalda faz uma paragem em Londres, depois de mais uma das suas fantásticas viagens. Desta vez vem de terras do Oriente, cheia de histórias para contar. Esteve lá com o Diogo e o João, mas passou os últimos dias sozinha em Macau e Hong Kong. E como além de boa contadora de histórias é uma óptima fotógrafa, estou mortinho por saber todos os pormenores da viagem em primeira mão! Mas não se preocupem, daqui a poucos dias terão um "best of China" no Às voltas com a fotografia.
Entretanto, e depois de hoje me aparecer em casa às 7 da manhã, veio comigo conhecer o sítio onde trabalho. É preciso ser muito amiga e já ter visto tudo o que há a ver em Londres para vir até estes subúrbios feios... mas gostei muito de lhe poder mostrar o meu escritório!

quinta-feira, 2 de março de 2006

No ginásio

Estreei-me no ginásio. Levantei-me bem cedo, para ir 1 hora antes do trabalho. E saí de lá com o mesmo ar animado do senhor da fotografia anexa.
Nunca tinha andado num ginásio. Mentira, fui durante 1 mês a um pequenino, lá na Costa, a achar que era o suficiente para me pôr em forma para a viagem de finalistas - e claro que não perdi nem 1 quilo!
Desta vez tenho 2 boas razões para fazer uma nova tentativa: 1) a empresa paga; 2) estou com 85 quilos. Esta, sim, é uma razão de peso!
Acreditem que hoje foi um sacrifício a hora que ali passei! Detesto suar, detesto ter de trazer a mochila e ter de mudar de roupa, detesto o cheiro das outras pessoas suadas, detesto sentir que estou a perder 1 hora em que poderia fazer outras coisas bem mais interessantes. E não, não senti mais satisfeito no final. Isso só virá quando vir a barriga a diminuir.
Mas ainda vou tentar ir a algumas daquelas aulas, depois de descodificar o que cada uma significa ("legs, bums & tums"??), e também vou tentar outros ginásios, porque posso usar 60 diferentes em Londres, um dos quais é muito perto de casa.
Não vou desistir!

quarta-feira, 1 de março de 2006

Cinzas

As duas maiores festas cristãs do ano, o Natal e a Páscoa, começam a ser vividas umas semanas antes. Não estou a falar das compras e das decorações, mas sim de uma preparação interior, como quem arruma a casa antes de dar uma festa. Esse é o sentido do Advento (as 4 semanas antes do Natal) e da Quaresma, o período de 40 dias que precede a Páscoa.
Hoje é Quarta-Feira de Cinzas, o primeiro dia da Quaresma. Na missa de hoje, o padre faz-nos uma cruz na testa com cinzas, um gesto simbólico que vem do século X, e que serve para lembrar a nossa mortalidade e a nossa fragilidade face ao pecado.
É também um dos dois dias do ano em que os cristãos são convidados a fazer jejum (o outro é a Sexta-Feira Santa).
A maneira como cada um faz esse jejum varia com a necessidade de cada um: para um adulto saudável, pode ser cortar uma refeição ou passar o dia "a pão e água", mas para uma pessoa que precise de mais energia para trabalhar pode ser menos rigoroso, e as crianças e os idosos estão obviamente "isentos". Não se trata de masoquismo, mas sim de deixar que o espírito se concentre no que hoje é mais importante, e lembre do sacrifício que Cristo fez por nós. E para dar mais sentido ao gesto, o que hoje gastaríamos em comida deve reverter para os pobres.
No resto da Quaresma, é-nos pedido que renunciemos a uma coisa de que gostamos (ou que nos comprometamos com uma boa acção que implique algum esforço), também em favor dos que mais precisam. E para lembrar a morte de Jesus, às sextas-feiras devemos fazer abstinência, o que normalmente se traduz em não comer carne (antigamente era durante toda a Quaresma, e por isso o Carnaval se chama assim, por ser o último dia em que se podia comer carne).
Da mesma forma que muita gente faz o sacrifício de comer menos para emagrecer, e os atletas renunciam a tantas coisas para se prepararem, estas pequenas acções servem para ajudar a atingir um bem maior. Não valem por si mesmas, nem são um exame à nossa capacidade de auto-domínio. Visam apenas centrar-nos na necessidade de uma conversão que nos reaproxime do Pai, e por consequência nos torne também mais abertos aos outros. É este o significado de fazer penitência.
Daqui a 40 dias, com a Ressurreição, virão as amêndoas e os chocolates, para terminar este tempo de alguma privação. Mas o propósito de ser melhor é para continuar durante o resto do ano!