quarta-feira, 27 de outubro de 2004

As surpresas não param...



Estava no quarto, quase a sair para a Faculdade, umas 11h30. Toca o telefone, a menina da recepção diz-me que tenho uma encomenda e que tenho de descer para assinar. "O que será?", desço as escadas apressado, abro a porta da recepção e... ARTUR!!!
Directamente de Helsínquia, depois da Dinamarca, e antes de uma incursão pela Europa de Leste!
Fica até terça, ou será segunda? Logo se vê...

domingo, 24 de outubro de 2004

Os Diários de Che Guevara



The Motorcycle Diaries is the story of two young men who leave on an adventurous journey throughout an unknown continent, and this journey of discovery becomes one of self-discovery as well. This is a film about the emotional and political elections we have to make in life. It’s also about friendship, about solidarity. Finally, it’s about finding one’s place in the world, one that is worth fighting for.
Walter Salles, realizador

Em 1952, Ernesto Guevara tem 23 anos e estuda medicina. Quase no fim do curso, deixa a sua casa em Buenos Aires para seguir numa viagem com o amigo Alberto Granado. Os dois partem de mota para realizar um sonho comum: explorar a América Latina. O mapa de viagem leva-os de Buenos Aires à Venezuela, passando pelos Andes, pelas costas do Chile e pelas ruínas de Machu Picchu até Caracas. Mas a viagem torna-se mais do que uma descoberta geográfica e conduz os dois amigos numa grande odisseia de descoberta interior. Os dois começam a questionar o valor do progresso dos sistemas da época, que exclui tantas pessoas, e ganham uma consciência de justiça e uma vontade de mudar o mundo para melhor.
Público, Cinecartaz

Ao longo do filme, vieram-me várias vezes à memória as experiências e pessoas que me alargaram os horizontes nestes últimos anos, e assim me ajudaram a definir melhor (embora ainda não definitivamente) qual é o meu lugar no mundo.
Lembrei-me da minha Mãe, que quando eu fui para a Universidade me incentivou a que eu começasse a fazer algum voluntariado, e do meu Pai que tem sido nos últimos anos um exemplo de dedicação aos mais pobres.
Lembrei-me das crianças da Ajuda de Berço, que visitei durante um ano, e que me mostraram que, mesmo nas situações mais difíceis, uma criança é sempre um pouco de esperança que cresce no mundo e apenas pede para ser amada.
Lembrei-me do impacto decisivo que tiveram os 3 projectos de Verão que fiz com o MSV, dois em Vaqueiros e um no Brasil. As duras vidas dos algarvios, as mãos marcadas pelo trabalho no campo e os corações lá longe, junto dos familiares que tiveram de partir à procura de uma vida que Portugal, ou pelo menos a Serra, não lhes podia dar.
Lembrei-me do Emanuel e do Miguel, com quem acompanhei durante o último ano os sem-abrigo da Baixa, e de como um simples aperto de mão e uns minutos de conversa podem realmente fazer a diferença, na vida deles e na nossa. E da Mafalda, que resolveu fazer disso (e muito mais, claro) a sua vida.
Lembrei-me do Prof. António Barreto, que, perante as dúvidas que eu punha quanto ao meu futuro depois de acabar o curso, me sugeriu que "pegasse na mota" e fosse conhecer o mundo, e que escreveu uma das cartas de recomendação que me ajudou a chegar onde estou agora.
E, claro, de todos os "Albertos Granado" com quem tenho partilhado estas viagens, projectos e conversas. É sempre melhor crescer com mais alguém!
Não tenho certamente a importância histórica (goste-se ou não dele) de um Che Guevara, mas, como ele, posso dizer que, depois de ter visto algumas das dores deste mundo, "eu já não sou eu. Pelo menos não sou o mesmo que era."
E é isso que aqui me traz. Aprender para poder mudar alguma coisa em Portugal, vamos ver aonde e como... Mas sempre ao serviço dos mais fracos, ao serviço da vida.
Hasta la justicia, siempre!

Um bom fim-de-semana!



1. Estes são os meus melhores amigos aqui em Londres: o Eduardo, chileno, arquitecto, a fazer um Master em City Design; e o Vitaliy, ucraniano, Master em Gestão do Risco. Não é preciso dizer quem é qual na foto, pois não? Têm ambos 26 anos e estão aqui na residência, um andar acima de mim. E é mesmo bom ter pessoas com quem posso ter mais confiança!
Este fim-de-semana foi rico em vida social: sexta fomos até a um pub aqui perto, ontem ficámos à conversa aqui no quarto e hoje no quarto do Eduardo.
O Vitaliy é uma óptima companhia, muito bem disposto e um conversador interessado, embora um bocadinho mais materialista, o que é compreensível para quem vem de uma sociedade ainda muito "fechada".
O Eduardo tem mais a ver comigo: educação, (algumas) ideias e estilo parecidos. E rapidamente chegamos a conversas mais profundas, sobre os nossos valores e experiências. Já deu para perceber que vai ser um amigo para ficar para além deste ano!

2. A certa altura, apareceu no quarto do Eduardo uma rapariga do andar dele, e juntou-se a nós na conversa. Ela nasceu na Índia, mas é filha de tibetanos. Um dos avós morreu a combater os chineses na invasão, e outro morreu quando teve de fugir do Tibete (foi vencido pela dureza do caminho). Como não tem bolsa, o pai dela está a pagar as despesas do Master com as poupanças de uma vida. "Mas ele está tão orgulhoso por eu estar a estudar na LSE!", diz ela com um sorriso vincado. Talvez com alguma falta de sensibilidade, brincamos a dizer que os nossos pais nem devem saber o que é a LSE, sabem apenas (e chega!) que estamos em Londres a fazer um Master.
Realmente, aqui juntam-se realidades muito diferentes, e é isso que torna esta experiência ainda mais rica!

3. Hoje fui jogar à bola. Desta vez fomos para um parque (Regents Park), jogar na relva; juntou-se a nós um timorense que está cá a passar férias e pediu para jogar, por isso passei metade do jogo a gritar em inglês (Pass the ball! Here! Shoot!) e metade em português (Passa! Aqui! Chuta!).
Depois tive uma aula de "passar a ferro" com o Eduardo, jantámos e fomos à missa (em espanhol!).
À noite fomos com mais 4 amigos (brasileiro, peruano e 2 indianos) ao cinema, ver os Diários de Che Guevara. Gostei mesmo do filme, e deu-me que pensar...

quinta-feira, 21 de outubro de 2004

O mundo aqui à porta!



1. Se eu fosse pintando no mapa cada país de onde vou conhecendo alguém aqui na LSE, o resultado seria este! Não consigo perceber como há tantos chineses (será simplesmente por ser o país com maior população do mundo?) e tão poucos africanos.

2. Hoje apresentei pela primeira vez um trabalho em inglês. Em relação ao conteúdo, acho que foi bem, até porque tinha estudado bem a matéria e levava tudo escrito. Mas misturar o nervoso habitual de uma apresentação com a insegurança de estar a falar outra língua é que é pior! Então na acentuação das palavras mais compridas (como contributory), raras foram as vezes que não esbarrei. Na próxima vez vou ter de ensaiar mais.

3. À noite fui ao teatro, ver "The Bible: The Complete Word of God". Para quem viu "As Obras Completas de William Shakespeare em 97 Minutos", basta transpor o conceito para as histórias da Bíblia. Com muito bom humor, fazendo uso dos trocadilhos, e sem chocar, os 3 actores passaram em revista, em hora e meia, os 72 livros da Bíblia. Foi uma maneira de descontrair depois da pressão do trabalho; nada é tão revigorante como umas boas gargalhadas!

4. Hoje de manhã tive a primeira conversa mais pessoal. Estava a tomar o pequeno-almoço com o Eduardo (Chile) e ele pediu-me uns conselhos sentimentais, se havia ou não de voltar para a ex-namorada. Quando subimos, mostrei-lhe o meu quarto e a fotografia da Francisca. Combinámos ir tomar um copo sexta ou sábado à noite. Parece que começo a fazer amigos!

quarta-feira, 20 de outubro de 2004

Prós e contras

Em resposta ao Andre', posso dizer que sou:
- contra a intervencao no Iraque (na altura nao me chocou muito a intervencao, mas vendo hoje os resultados e a mentira que esteve na origem...);
- mais pro'-Palestina que pro'-Israel, ate' porque ja' la' fui e vi quem e' o David e o Golias - embora de ambos os lados haja barbaridades;
- pela protecção do ambiente, mesmo se isso implicar mais despesa ou um travao no desenvolvimento;
- sempre pelos direitos das mulheres, mas nunca considerando o aborto livre um direito da mulher (nem do homem!);
- contra muitas outras bandeiras da "esquerda caviar", como a eutanasia, a liberalizacao das drogas, o casamento ou a adopcao pelos homossexuais;
- e nao consigo perceber o que e' ser "contra a globalizacao"... Claro que o "primeiro mundo" quer dominar o "terceiro", e ha' que ter atencao a isso, aos imperios economicos, etc, mas essa invencao portuguesa que e' a globalizacao e' precisamente o que me permite estar aqui, rodeado de gente do mundo inteiro e beneficiar do que aprendo sobre as suas culturas. Pelo que tenho visto, poucos sao os que abandonam a sua identidade nacional (ou cultural), pelo que nem isso me parece uma ameaça.

terça-feira, 19 de outubro de 2004

Por cá tudo bem...

1. Tenho passado os últimos dias a preparar uma apresentação que vou fazer na próxima quinta, sobre prestações da segurança social. Estou a fazer o trabalho com o Dimitrios, um grego, que percebe bem mais do que eu (fez licenciatura em Política Social) e que me tem ajudado bastante.
A parte que me cabe consiste em explicar as vantagens e desvantagens dos benefícios que envolvem "teste de meios", ou seja, uma avaliação dos rendimentos de quem vai beneficiar (como é o caso do rendimento social de inserção, em Portugal). Por oposição aos regimes contributivos, onde as pessoas vão descontando enquanto trabalham para um dia mais tarde virem a receber os benefícios em função do que antes pagaram.
Em resumo, as vantagens dos "means-tested benefits" são a possibilidade de concentrar os recursos nas pessoas mais necessitadas e a redistribuição entre ricos e pobres (uma vez que este dinheiro vem dos impostos); as desvantagens são o desincentivo que criam ao trabalho e à poupança, o estigma que provocam sobre quem recebe os benefícios e os maiores custos de administração. É isto o que eu vou ter de dizer em 10 minutos.
A única coisa que receio é que o meu inglês não saia fluente. Vai ser a primeira vez que falo para uma audiência em inglês. Mas vai correr bem...

2. Hoje foi falar à LSE o Ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Joshka Fischer, sobre o futuro da Europa. Não consegui bilhete para entrar (acho que desapareceram num instante), apenas vi o aparato de carros e seguranças em volta do teatro onde ia ser a conferência.
Neste ambiente, toda a gente fala de política. A Faculdade só tem cursos de Economia, Direito e Ciência Política, e a boa fama que tem provoca em muita gente a ideia presunçosa de que dali vão sair os futuros governantes do mundo. Eu já fico satisfeito se conseguir um cargo público mas discreto, onde possa ajudar o Estado a ser mais eficiente e mais justo, na melhoria das condições de vida de quem mais precisa.

3. No domingo passado, terminou o Fórum Social Europeu (um evento anual que reune comunistas e bloquistas de toda a Europa, para discutirem o "outro rumo" que lhe querem dar), com uma manifestação que partiu da Russell Square, que fica a 2 minutos aqui da residência. Eu já não fui a tempo de dar uma espreitadela, mas alguns colegas foram e contaram da diversidade de protestos que ali eram apresentados: contra a guerra no Iraque, por uma Palestina livre, pela protecção do ambiente, contra a globalização, pelos direitos das mulheres, etc. Algumas coisas a que me oponho, mas outras com que até posso concordar. Só não percebo porque faltou uma faixa a pedir a democracia e o respeito pelos direitos humanos em Cuba, ou na Coreia do Norte...

4. Não sei se já posso dizer que tenho cá amigos, mas há algumas pessoas com quem tenho falado mais vezes. O Leopoldo, o meu vizinho brasileiro, com quem fui a uma festa na sexta e ao mercado de Camden no sábado; a Katie, americana, que também pertence à Catholic Society, e com quem já tenho feito o percurso até à escola; o Eduardo, chileno, sorriso sempre aberto, com quem gosto de conversar à mesa; e muitos outros, com quem partilho a sala de aulas, a mesa ou o jogo de futebol. Por cá tudo bem!

sábado, 16 de outubro de 2004

Planet Passfield



Estas são algumas das caras da minha residência. A fotografia foi tirada durante a festa de boas-vindas.
Devemos ser uns 150, e estão cá todos os continentes! Inglaterra, EUA, Canadá, Nova Zelândia, China, Índia, Nepal, Malásia, Singapura, Israel, França, Alemanha, Holanda, Finlândia, Croácia, Polónia, Rússia, Ucrânia, Turquia, Jamaica, Tanzânia, Guatemala, Brasil, Peru, Chile e... Portugal!!
O pequeno-almoço e o jantar (ambos incluídos no preço) são os momentos privilegiados para a conversa. Cada um nunca demora menos de uma hora. Hoje, por exemplo, uma indiana esteve-me a explicar porque é que as vacas são sagradas para os hindus. Os lugares nunca são fixos, cada um vai-se sentando onde calha; não há, ou pelo menos ainda não se nota, grupinhos à parte.
Ao pequeno almoço podemos comer tostas, croissant, leite com cereais, sumo de laranja, tomate, ovo, bacon, salsicha e feijões. Se preferirmos, podemos trocar estes últimos 5 por uma peça de fruta e um iogurte.
Ao jantar há sempre sopa e 4 pratos por onde escolher. E quase sempre se consegue apanhar uma sobremesa óptima (as minhas preferidas são tarte de limão e gelado de Toffee Crisp).
Há ainda uma máquina onde podemos tirar café, chocolate quente ou água quente para chá.
Além do episódio diário dos Simpsons e dos debates entre Bush e Kerry, a sala da televisão enche aos domingos à noite, para a sessão dupla de cinema. E logo ao lado é o bar, aberto até às 23h, que tem preços baixos, em comparação com o mundo "lá fora".
Aos domingos de manhã, há sempre um torneio de futebol, e de vez em quando há também um quiz (uma espécie de Trivial Pursuit por equipas). Há ainda uma mesa de snooker e uma de matraquilhos.
No hall da recepção há uns sofás onde podemos ler vários jornais do dia.
O jardim interior, onde de vez em quando se vê saltitar um esquilo, dá acesso à lavandaria (lavar e secar por 1,6£) e à sala de computadores.
É certo que os quartos são pequenos e não têm casa-de-banho, mas só o facto de ser a residência mais barata e, sobretudo, com melhor ambiente, compensa largamente!
O que é que eu posso pedir mais?

sexta-feira, 15 de outubro de 2004

Quarto1



Passadas 2 semanas de estar aqui instalado, deixem-me apresentar-vos o meu quarto.
Esta fotografia foi tirada no dia em que cheguei, desde então já está um bocadinho mais personalizado. (NOTA: As manchas cor-de-rosa sao apenas um defeito da ma'quina, que ja' esta' a ser arranjada...)
Esta é a visão que tem quem abre a porta.
As paredes são brancas (ou pérola). Na parede da esquerda já pus uma bandeira portuguesa e uma fotografia minha e da "patroa".
O meu colchão é estreito, não chega a ter 4 palmos de largura.
Na cabeceira da cama tenho 5 prateleiras pequenas: em baixo, o cantinho da oração, depois artigos de higiene, luvas, cachecóis e chapéus.
À frente da janela tenho um aquecedor, que ainda nunca senti trabalhar. Em todo o caso, é onde eu estendo a toalha de manhã.
A janela, tapada na fotografia pelos coloridos cortinados, é de guilhotina, e dá para a rua, um prédio em frente (de 3 andares, tal como a residência) e um jardim de cada lado (daqueles com bancos e esquilos, onde os ingleses se sentam a almoçar as sandes).
No início da parede da direita, tenho um lavatório e um espelho. É bom não ter de sair do quarto para lavar os dentes ou fazer a barba, e poder dar uma espreitadela à vaidade antes de sair.
Nessa parede, logo a seguir, colei o espectacular poster multifotográfico que a Francisca me fez, onde tenho as vossas caras que aqui me acompanham. E vou também colando os postais que vão chegando (já tenho 2!).
Como podem ver, o espaço de chão que tenho para as visitas não é muito, tem basicamente o tamanho do meu colchão.

Quarto2



Agora temos a visão de quem olha da janela.
Continuando na mesma parede onde estávamos, tenho uma secretária grande, onde está o portátil, o telefone, o rádio que a Margarida me deu (mas ainda não vem na foto) e alguma papelada.
Por baixo tenho 3 gavetas enormes, onde guardo T-shirts, camisas, boxers e meias (as camisolas estão dentro duma mala, debaixo da cama). Ainda só tive de lavar roupa uma vez, e foi por já não ter boxers, porque do resto ainda não usei nem metade!
Por cima tenho uma estante com 2 prateleiras, agora adornada por umas luzes tailandesas que a Ana Sofia me deu. Aqui moram os (poucos) livros, os CDs, canetas, cabos e demais objectos avulsos.
Tenho ainda uma cadeira de braços, que vai saltando de sítio em sítio, e que ainda não teve o prazer de sentir o meu peso em cima. A bem dizer, acho que só está aqui a ocupar o pouco espaço que tenho...
Ao fundo, a porta da esquerda é o roupeiro, onde tenho pendurados casacos e calças.
Por fim, a porta da direita é a que dá para o corredor. Do lado de fora, colei um papel com o meu nome, telefones e e-mail. As escadas são quase em frente, a casa-de-banho é um pouco mais ao fundo.
No pedaço de chão que sobra, entre a cama e a porta, cabe com jeitinho uma terceira pessoa, embora as regras da residência não o permitam...
Aqui fica a visita virtual. Quem quiser conhecer ao vivo, força!

quinta-feira, 14 de outubro de 2004

Skype

Descobri um programa de computador óptimo, que permite falar através do computador (como o MSN), mas por voz, como se estivéssemos ao telefone. Basta ter um microfone no computador, claro.
Mas o melhor ainda é que permite fazer chamadas para telefones fixos de vários países (incluindo Portugal, Inglaterra ou Brasil), sempre a 0,017€ por minuto! O que é cerca de um terço do que eu pago agora para falar com cartão (e que eu já achava muito barato).
Se quiserem instalar o programa, basta irem a www.skype.com
O meu username é tiagomesquitatavares

Viva Portugal!!

Que grande exibição!
Vi o jogo no Pub Vasco da Gama, na zona de Brixton. Ainda hesitei um bocado entre ir ou não ir, sozinho, para um bairro de má fama a sul do Tamisa. Mas fui, e ainda bem!
Pedi ao balcão (em português, como é óbvio) uma Super Bock (eu que até nem gosto muito) e sentei-me numa das mesas, entre os muitos homens que ocupavam o bar, os habituais comentadores de bancada, de vocabulário refinado como devem calcular...
Sete vezes gritámos golo e batemos palmas.
Amanhã vou fazer questão de puxar o futebol à conversa, ao pequeno-almoço!

quarta-feira, 13 de outubro de 2004

Avé

Vim agora ver os mails, ligo a TVI (que consigo ver online desde ontem) e eis que oiço o Avé de Fátima. Que é também o Avé de Vaqueiros (Serra Algarvia), e de Montes Claros (Brasil). Nunca esquecerei uma procissão a que fomos num bairro vizinho do nosso, em que todo o povo brasileiro o cantou do princípio ao fim.
Estão a transmitir as cerimónias do 13 de Outubro a partir de Fátima, onde também estão os meus Pais e o João. E onde eu estaria certamente, se estivesse em Portugal.
Recordo as dezenas de vezes (mais de cem) que estive em Fátima em momentos importantes: quando o João nos anunciou que ia para o seminário, em 1988; nas 3 vindas do Papa (1982, 1991 e 2000); à chegada (ou no último caso, partida) de 6 peregrinações a pé; nas muitas vigílias de 13 de Maio e Outubro, nos últimos anos; de visita com amigos, uns mais crentes e praticantes, outros menos, como a Mafalda, o Pedro, o Diogo, o Vasco ou a Ana Sofia.
Lembro também o relato do Milagre do Sol, que aconteceu faz hoje 87 anos, e que mais que uma vez ouvi da boca de quem lá esteve nesse dia, a nossa santa amiga Irmã Conceição.
Recordo a entrega que fui fazendo das minhas pequenas missões a Maria, naquele Santuário, e confio-lhe, de novo, esta missão que me trouxe aqui a Londres, e a Missão maior que é a vida.

terça-feira, 12 de outubro de 2004

Domingo e segunda

Ainda estou a aprender a ganhar disciplina, e longe de o conseguir, o que podem constatar pelas horas a que escrevo.
O meu domingo foi muito preenchido. Depois do "brunch", que não é mais do que um pequeno-almoço em que podemos escolher 5 em vez de 3 "salgados" (entre salsicha, bacon, feijões, cogumelos, batata, tomate), fui jogar à bola para um campo aqui perto. Tinham afixado um papel pela residência a convocar quem quisesse para vir jogar, e aparecemos 13. Primeiro fizemos 3 equipas e um campeonato: 10 minutos cada jogo. A minha equipa perdeu o primeiro jogo por 3-1 e empatou o segundo (4-4), mas perdemos nos penalties e não fomos à final. Depois fizemos um jogo, 6 contra 6, e aí sim, tive alguma oportunidade para mostrar o pouco que ainda sei (se é que alguma vez fiz melhor...). Estive bem na defesa e marquei 2 golos, fiquei mesmo orgulhoso. Mas, na verdade, a média do talento dos jogadores era bem baixa, por isso...
De seguida fui para uma manifestação pro-life. Tinha visto um papel numa igreja, e apesar de não ser inglês, achei que devia participar e ouvir o que eles tinham para dizer. Aqui o aborto é totalmente livre até aos 6 meses de gravidez (é a única "operação" que o Serviço Nacional de Saúde paga, se for preciso, numa clínica privada) e a eutanásia está prestes a ser debatida no Parlamento.
Voltei a pé para casa (acho que já lhe posso chamar casa), estou-me a tornar um fervoroso adepto da caminhada.
Jantei às 5h30 e depois fui à missa à Newman House, uma residência católica a 5 minutos daqui. Éramos quase só universitários, incluindo o coro.
As noites de domingo são de cinema em Passfield Hall, e ontem o primeiro filme foi o Big Fish, que revi com todo o gosto. Como todos aqui dizem, Passfield é a melhor residência onde se pode estar!
Hoje, segunda, tirei a manhã para pôr o sono em dia. Depois fui lavar a roupa pela primeira vez! Não tem nada que saber: é só pôr a roupa e o detergente dentro da máquina, mais 1,60£ na ranhura, e eis a roupa fica limpa e seca! Depois é só dobrar com cuidado, para evitar ter de passar a ferro.
À tarde fui à faculdade tratar de uma troca de cursos. A minha escolha final vai para "Foundations of Health Policies" e "Social Security Policies", além da obrigatória "Social Policy - Goals and Issues".
Depois do jantar, fui à Newman House ouvir uma conferência sobre "Tolkien, O Senhor dos Anéis e o Catolicismo", dada por David Alton, deputado. Tolkien era católico, e naturalmente espelhou os seus valores na sua grande obra, não pretendendo, no entanto, que ela seja uma alegoria do imaginário religioso, mas que ela se possa reportar às situações da vida, de acordo com a interpretação do leitor. Lord Alton exaltou o papel de Sam, o hobbit que acompanha e protege Frodo na sua missão, espelho da humildade e fidelidade que é pedida cada cristão; nas palavras de Madre Teresa, "não somos chamados a ser pessoas de sucesso, somos chamados a ser fiéis". Quem estiver interessado pode encontrar a conferência em www.davidalton.com/tolkien.htm
Para acabar de fazer a digestão, fui dar um passeio noturno até Oxford Street, antes de me entregar aos prazeres da comunicação virtual no quarto.

sábado, 9 de outubro de 2004

Sábado

Hoje a Margarida e o Chris vieram passar o dia comigo.
Vieram ter aqui à residência ao meio-dia, e trouxeram-me de presente um rádio com alarme e CDs!
Depois de eu lhes mostrar as fotografias da viagem pelo Reino Unido (cujo primeiro ponto de paragem foi precisamente a casa deles), fomos almoçar a um pub aqui perto. A seguir, fomos ver o Inglaterra-Gales (2-0) para outro pub.
Andámos um bocado pelas ruas de mais movimento, ainda tentámos arranjar bilhetes para um musical, mas acabámos por ir jantar a um restaurante espanhol de tapas (chouriço, presunto, almôndegas, sangria...). A comida e a decoração, mas sobretudo a companhia!, fizeram este jantar de anos muito especial.
É especialmente divertido estar com a Margarida, que conheço desde sempre, e falarmos em inglês...

Surpresa!!

Pensava eu que o dia ia acabar sem grandes emoções, mas não!
Estava a jantar com uma chinesa, quando aparece a Piquita (irmã da Francisca) com o Miguel (namorado). Eles estão a fazer o doutoramento por cá, e este fim-de-semana vinham a Londres e aproveitaram para me vir dar os parabéns.
Depois subimos até ao quarto. Eu estava a mostrar-lhes as minhas coisas e a minha irmã sempre no MSN a insistir para falarmos. Quando finalmente liguei a câmara, aparece-me do outro lado uma multidão lá em casa a cantar-me os parabéns: Pais, Isabel e sobrinhas, Francisca, Mafalda, Inês, João, Marcos, Madalena e Vera. Ao mesmo tempo, a Piquita deu-me deste lado uma vela para eu soprar, e um donut de chocolate que foi o meu bolo de anos! Não estava nada à espera de mais uma surpresa (duas semanas depois da fantástica festa em Sintra)...
Depois acabei por passar a noite quase toda no Messenger, a falar com cada um. A parte mais comovente foi quando a Teresinha foi para o teclado e escreveu (ou ditou...) "Tio Tiago gosto muito de ti", aí não me aguentei...
Ao final da noite, fui tomar um chocolate quente com a Ana Magalhães a Leicester Square.
Foi sem dúvida um óptimo dia de anos!!

sexta-feira, 8 de outubro de 2004

Dia de anos

Afinal não custa assim tanto passar os anos longe! Sobretudo graças aos telefonemas, mensagens e mails que tenho recebido. Muito obrigado a todos!!
Entrei nos 24 a dançar, numa festa de boas-vindas que houve aqui na residência. Depois dos discursos, da free food and drink e do concurso Yard of Ale (que consiste em ver em quantos segundos conseguem beber um copo de 2 litros de cerveja de penalty), a sala da televisão transformou-se numa animada pista de discoteca, com DJ e tudo! As músicas do momento e algumas de todos os tempos mantiveram-nos a dançar... até à meia-noite e meia! O que aqui já é muito tarde...
A Ana Sofia foi a primeira a telefonar à meia-noite, e hoje de manhã, pouco depois de acordar, recebi o telefonema de parabéns da Francisca (e família!), foi muito bom!
De manhã tive a primeira aula de Social Policy - Goals and Issues, que é obrigatória, e no fim o professor convidou-nos para um café numa sala do Departamento, para nos conhecermos todos melhor. Novamente um mix de culturas: fiquei à conversa com um mexicano, uma norte-americana, uma sul-africana, uma coreana e dois ingleses (são poucos, mas também os há...).
Fui almoçar a um restaurante brasileiro de comida a peso, no início da Oxford Street, e depois andei a passear no meio da multidão e das lojas, para arejar. O frio que já se faz sentir e as nuvens escuras no céu não proporcionaram uma sesta num dos jardins da cidade...
Agora vou jantar e depois vou dar uma volta pelos pubs com os amigos beatos.
Amanhã de manhã vêm cá a Margarida e o Chris, vamos almoçar e ver o Inglaterra-Gales num pub.

PS1: Ontem encontrei a primeira portuguesa na LSE. Chama-se Marta, é psicóloga no Porto e está a fazer um Master em European Social Policy. Estava eu a entrar na sala onde ia ter uma aula de Segurança Social quando vi numa das mesas um maço de Português Suave...

PS2: Apesar do frio, continuo a encontrar Havaianas (das verdadeiras) aqui pela cidade! E o xanato em geral está por aqui tão fashion como esteve este Verão em Portugal.

quinta-feira, 7 de outubro de 2004

Amanhã...

Se por acaso me quiserem dar os parabéns amanhã (please!!!), podem fazê-lo...
- por mensagem para o telemóvel português, a qualquer hora;
- telefonando para o telemóvel inglês (0044 7910072326), a qualquer hora excepto entre as 11 e as 12h;
- telefonando para o quarto (0044 8700366666, ext 4840), das 9h30 às 10h30, das 15h às 18h, ou das 19h às 20h.
À noite vou para um "pub crawl"...

No more beans!!

Já não consigo comer mais baked beans ao pequeno-almoço! Eu até gosto daquilo, mas todos os dias não dá! Ainda por cima a cozinheira filipina, para ser simpática, põe-me sempre uma dose muito abundante. Vou ter de me contentar com os cereais, tostas e croissant com manteiga e doce, sumo de laranja e chocolate quente! Frugal, como podem ver... O que vale é que tudo isto me tem feito "funcionar" muito bem!
Ontem, a conversa com o professor foi muito agradável: ele pôs-me à vontade, disse para eu não me assustar com as "reading lists" porque não ia ter de ler tudo e nos exames só tinha de responder a 2 ou 3 perguntas entre 7 ou 8, por isso não tinha de saber as matérias todas. Quanto ao trabalho, eu disse-lhe os meus interesses (exclusão social, pobreza, educação) e ele ficou de me arranjar um supervisor nas próximas 2 semanas.
Hoje só tenho aulas à tarde. Vou sair agora, passear um bocadinho na Oxford Street e depois ouvir um concerto de piano lá na Faculdade à 1h. Rica vida...

quarta-feira, 6 de outubro de 2004

Catholic Society

Fui agora à missa na Faculdade. Há uma "society" de catolicos, que se reune todas as terças para discutir temas e tem missa todas as quartas na capelania, seguida de almoco (sandes). Estavam umas 30 pessoas (numa sala minima!), de todos os continentes. No final falei com pessoas da Finlandia, Espanha, Zimbabwe, Republica Dominicana e Mexico. Sexta à noite há uma festa da Society numa residencia muito perto da minha, acho que vou passar lá a noite dos meus anos.
Daqui a uns minutos vou ao gabinete do director do curso, para me apresentar e comecarmos a falar de áreas de interesse para a dissertacao que tenho de fazer no Verao (para entregar dia 1 de Setembro, por isso até vou regressar cedo). Gostava de fazer qualquer coisa sobre a importância da educação no combate à desigualdade social, com base em dados de Portugal, mas ainda não sei bem o que. Aceito sugestões.

Laptop

Finalmente consegui ligar o portatil 'a internet! Custou-me uma hora de espera nos servicos de informatica, mas agora ja' posso usar a internet e falar no Messenger sem ter de sair do quarto.
Ontem tive uma aula de Social Policy Research, mas ja' sabia de antemao que era uma cadeira que eu nao iria escolher, fui so' para ver como era e e' possivel que va' a algumas aulas durante o ano. Ensina a fazer e avaliar pesquisas nesta a'rea, e a nao confiar em qualquer noticia que diga "estudo recente prova que..." sem perceber bem como esse estudo foi feito.
Hoje de manha tive duas horas de Health System and Policies, essa sim, sera' uma das minha opcoes. Como funciona o sistema de saude, como deve ser pago, quem deve beneficiar dele...
A meio da tarde vou falar com o Director do curso, para ele comecarmos a pensar num tema para a dissertacao.
'As duas da manha fui levar a Rita a Victoria Station, de onde foi para o aeroporto. Foi muito bom te-la ca'! Agora tenho de me desenrascar por minha conta...

terça-feira, 5 de outubro de 2004

Chiquíssimo!

Hoje esteve um dia de sol e aproveitamos para dar passeios por sitios mais distintos!
Primeiro fomos ver o Render da Guarda e tirar as fotos da praxe. Depois andamos 'a procura de umas lojas super XPTO que vinham no guia: a Paxton & Whitfield , que vende centenas de queijos diferentes, e a Charbonnel et Walker, que vende chocolates carissimos.
Depois compra'mos o almoco num take-away chines e fomos comer para a Leicester Square.
Para contrastar um pouco, fomos ate' Camden, onde vimos as lojas mais estranhas... umas muito giras, outras simplesmente estranhas!
Ao jantar, conhecemos o Leopoldo, o brasileiro que mora no quarto ao lado do meu. Tem 27 anos, e e' de Sao Paulo. Ao pequeno-almoco tinhamos estado 'a conversa com uma rapariga do Tibete, budista. O encontro de culturas nao pa'ra!

Telemóvel

A partir de hoje tenho um telemovel ingles, que vai andar sempre comigo. O numero e' o 0044 7910072326.
A partir de um TMN, telefonar de 2a/6a custa 0,45€/minuto e ao fim-de-semana 0,38€/minuto. Mandar uma mensagem custa 0,22€.
A partir de um Vodafone, telefonar de 2a/6a custa 0,55€ e ao fim-de-semana 0,35€.
Mas continuo a receber mensagens no meu TMN!

segunda-feira, 4 de outubro de 2004

Hakuna matata!



Valeu mesmo a pena ir ver The Lion King! E' sempre giro ver um musical, mas este tem qualquer coisa de especial... por um lado, as musicas ja' nos sao familiares; por outro, a forma como os actores "vestem" os animais esta' muito bem conseguida. E e' impossivel nao passar o resto do dia a cantar "alimboe, alimboe... in the jungle..." ou "I just can't wait to be king"!
Depois do teatro, a Ana veio ter connosco e fomos jantar a um restaurante brasileiro na Oxford Street.

domingo, 3 de outubro de 2004

Curiosidades...

Algumas notas:
1. A biblioteca da Faculdade e' mesmo enorme, e tem na recepcao aqueles audioguias (como ha' nos monumentos), para podermos conhecer os va'rios pisos e saber onde devemos procurar as coisas;
2. Anteontem foi o primeiro debate entre Bush e Kerry. Quando me fui deitar ja' passava da uma hora (o que para aqui e' especialmente tarde), passei na sala da televisao e estavam la' uns 10 americanos 'a espera que comecasse a transmissao.
3. Todos os dias chove um bocadinho. Um dia levei guarda-chuva para a faculdade, mas acho que tao cedo nao o volto a fazer, e' muito chato depois carrega'-lo o dia inteiro. Na rua faz algum frio, mas tanto se ve pessoas com grandes casacos como de manga curta...
4. Descobri ontem que telefonar do meu quarto para Portugal custa apenas 3 pence (4,6 centimos) por minuto! Mais barato que falar entre telemoveis em Portugal.
5. Ascensao, num destes dias estava eu 'a espera do comboio e eis senao quando comecaram a soar aos meus ouvidos... os Sigur Ros!!!

sábado, 2 de outubro de 2004

Sexta e sábado

Desculpem nao escrever mais, mas ainda nao consigo aceder 'a internet atraves do portatil, acho que so' na segunda vou conseguir.
Ontem foi a apresentacao do meu curso. O professor que o dirige recebeu-nos com cafe e biscoitos. Devemos ser uns 30 alunos: metade sao ingleses ou americanos, mas tambem ha pessoas da Irlanda, Quenia, Coreia, Russia... Alguns professores vieram apresentar as cadeiras que vao dar, e eu fiquei ainda mais indeciso sobre que cadeiras devo escolher. No fim ainda nao deu para enturmar muito, foi tudo embora...
Ao jantar, conheci o Roberto, da Guatemala, a Phria, da India, o Carlos, do Peru e o Carl, da Alemanha. Aos poucos a residencia vai-se tornando mais familiar!
Ja' tarde, chegou a Rita com algumas surpresas: uma recarga de sapatos e te'nis, o DN, bolos e chocolate.
Hoje de manha (depois do brunch, que e' parecido com o pequeno-almoco mas ainda mais abundante!), fomos ao mercado de Borough, onde vendem fruta, vegetais, carne e bolos, numa parafernalia de cores e cheiros - muito giro!
Depois fomos para o mercado de Notting Hill, onde nos encontra'mos com a Ana. Anda'mos pelas bancas e lojas, e ate' estivemos na Travel Bookshop do filme.
Acaba'mos a tarde em Covent Garden, e depois fica'mos horas 'a conversa no McDonalds (e' verdade, ja' me estreei...).
Amanha e' o Rei Leao!!

sexta-feira, 1 de outubro de 2004

Pequeno-almoço

2 tostas e um croissant com manteiga e doce, cafe' com leite, sumo de laranja, ovo estrelado, 2 salsichas, baked beans e fish (sem chips)! Aguardo as consequencias...
Conheci a Usha, das Ilhas Mauricias, o Alenka, da India, e o Jhit (?), da Tanzania.
O caminho para a Faculdade parece-me cada vez mais curto!