Por cá tudo bem...
1. Tenho passado os últimos dias a preparar uma apresentação que vou fazer na próxima quinta, sobre prestações da segurança social. Estou a fazer o trabalho com o Dimitrios, um grego, que percebe bem mais do que eu (fez licenciatura em Política Social) e que me tem ajudado bastante.
A parte que me cabe consiste em explicar as vantagens e desvantagens dos benefícios que envolvem "teste de meios", ou seja, uma avaliação dos rendimentos de quem vai beneficiar (como é o caso do rendimento social de inserção, em Portugal). Por oposição aos regimes contributivos, onde as pessoas vão descontando enquanto trabalham para um dia mais tarde virem a receber os benefícios em função do que antes pagaram.
Em resumo, as vantagens dos "means-tested benefits" são a possibilidade de concentrar os recursos nas pessoas mais necessitadas e a redistribuição entre ricos e pobres (uma vez que este dinheiro vem dos impostos); as desvantagens são o desincentivo que criam ao trabalho e à poupança, o estigma que provocam sobre quem recebe os benefícios e os maiores custos de administração. É isto o que eu vou ter de dizer em 10 minutos.
A única coisa que receio é que o meu inglês não saia fluente. Vai ser a primeira vez que falo para uma audiência em inglês. Mas vai correr bem...
2. Hoje foi falar à LSE o Ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Joshka Fischer, sobre o futuro da Europa. Não consegui bilhete para entrar (acho que desapareceram num instante), apenas vi o aparato de carros e seguranças em volta do teatro onde ia ser a conferência.
Neste ambiente, toda a gente fala de política. A Faculdade só tem cursos de Economia, Direito e Ciência Política, e a boa fama que tem provoca em muita gente a ideia presunçosa de que dali vão sair os futuros governantes do mundo. Eu já fico satisfeito se conseguir um cargo público mas discreto, onde possa ajudar o Estado a ser mais eficiente e mais justo, na melhoria das condições de vida de quem mais precisa.
3. No domingo passado, terminou o Fórum Social Europeu (um evento anual que reune comunistas e bloquistas de toda a Europa, para discutirem o "outro rumo" que lhe querem dar), com uma manifestação que partiu da Russell Square, que fica a 2 minutos aqui da residência. Eu já não fui a tempo de dar uma espreitadela, mas alguns colegas foram e contaram da diversidade de protestos que ali eram apresentados: contra a guerra no Iraque, por uma Palestina livre, pela protecção do ambiente, contra a globalização, pelos direitos das mulheres, etc. Algumas coisas a que me oponho, mas outras com que até posso concordar. Só não percebo porque faltou uma faixa a pedir a democracia e o respeito pelos direitos humanos em Cuba, ou na Coreia do Norte...
4. Não sei se já posso dizer que tenho cá amigos, mas há algumas pessoas com quem tenho falado mais vezes. O Leopoldo, o meu vizinho brasileiro, com quem fui a uma festa na sexta e ao mercado de Camden no sábado; a Katie, americana, que também pertence à Catholic Society, e com quem já tenho feito o percurso até à escola; o Eduardo, chileno, sorriso sempre aberto, com quem gosto de conversar à mesa; e muitos outros, com quem partilho a sala de aulas, a mesa ou o jogo de futebol. Por cá tudo bem!
Sem comentários:
Enviar um comentário