quinta-feira, 17 de maio de 2007

Madeleine

Desde que cá estou que sempre me habituei a ver notícias sobre portugueses nos jornais. Estou a referir-me sobretudo a José Mourinho e Cristiano Ronaldo, que este ano têm protagonizado o duelo entre os seus clubes em várias competições.
Só que desta vez é bem diferente. O meu país aparece em directo, hora a hora, nas televisões por causa do desaparecimento da pequena Madeleine. Há dias, uma explicação detalhada sobre o sistema penal português e o estatuto de "arguido" trouxe-me à memória as aulas da Faculdade. Mas não, era o noticiário da BBC.
Não me vou deter no que já foi repisado. Que os pais não deviam ter deixado as crianças sozinhas em casa e que no entanto isso não implica que sejam maus pais - nenhum de nós pode garantir que não faria o mesmo, e já bastam os remorsos que os acompanharão para o resto da vida. Que os ingleses nos olham com superioridade - é verdade que no início surgiram algumas críticas, mas no geral toda a gente tem elogiado o esforço da polícia. Que todos os dias desaparecem pessoas e nem por isso os casos têm esta cobertura, ou que se a menina fosse portuguesa ninguém ia ligar - pode ser injusto, mas o importante mesmo é encontrá-la!
E é isto que quero realçar. É verdade que a história vende muitos jornais e que metade das reportagens que vejo "live from Praia da Luz" são só para "encher chouriços". Mas é sobretudo o esforço da família a manter os holofotes no caso. Eles sabem que só enquanto for notícia é que há verdadeira esperança de encontrarem Madeleine. Por isso aqueles pais vão-se expondo à imprensa, sem abusos, enquanto os familiares se desdobram em contactos aqui em Inglaterra, desde estrelas de futebol até ao Parlamento. Se isto levar à descoberta da criança, todas os exageros da cobertura mediática valeram a pena.
Um último comentário mais pessoal. Tem sido um exemplo para mim ver aqueles pais, num momento que podia ser de revolta, a agarrarem-se ainda mais à Fé. Não descansam no que humanamente pode ser feito, mas também não se esquecem de rezar a Quem pode mais que todos. Por cá, quase todas as mensagens de conforto de pessoas anónimas que as televisões vão passando dizem "as nossas orações estão convosco". E eu junto a minha.

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