domingo, 31 de julho de 2005

Domingo em "família"

Realmente em Londres parece que não há dois dias iguais! E um simples domingo, passado a 1500 kms de casa, pode-se tornar num dia de encontro com várias "famílias". Mais giro ainda: quando saí de casa com o João às 11 da manhã, achávamos que íamos à missa e voltávamos; mas afinal só voltámos à residência às 11 da noite.
Mas vamos por partes...
Entre os meus colegas de Faculdade havia um jesuíta, que me enviou um mail a convidar para a missa de hoje, dia de Santo Inácio (fundador dos Jesuítas), na paróquia onde ele tinha trabalhado este ano.
Entusiasmados com a ideia de uma missa multicultural, lá nos pusemos a caminho de Seven Sisters, uma zona já muito periférica. Dentro da igreja havia umas 40 bandeiras penduradas, que correspondiam à assembleia tão heterogénea que ali se reunira. Da multidão que enchia a igreja, destacavam-se os africanos com os seus trajes típicos bem coloridos. Os coros da missa eram também de várias proveniências e estilos, e - coisa que nunca tinha visto - um dos padres reproduzia em linguagem gestual todas as palavras. Fez-me sentir mais uma vez a Igreja como uma grande família, com a porta aberta para todos, e como diz a canção, "pão e vinho sobre a mesa". Afinal, a missa é uma festa, e esta terminou com as várias bandeiras a saírem em procissão; o João e eu levámos orgulhosamente a bandeira portuguesa!
A festa ia continuar com um banquete de comida dos vários países, mas entretanto fomos convocados para a festa-surpresa de despedida do Juan (na foto, à esquerda), o meu amigo colombiano que regressa a Bogotá na terça-feira.
Num jardim simpático e com o sol a aparecer de vez em quando, terminámos em beleza esta época de eventos com a "família" colombiana, com quem tantas vezes fizemos a festa durante o ano. E há que realçar que comemos muito bem!
Pela equipa da Colômbia, alinharam o Juan, a Catalina, a Natalia e mais uns 10 colombianos; pelo "resto do mundo", apenas o Eduardo, o João e eu.
Mas o dia ainda nos reservava mais um encontro "familiar": fomos jantar a Wimbledon, com a Ana e o Paulo, que está a passar cá uma semana. Comemos no jardim, à luz das velas. E foi o Paulo que nos cozinhou uns deliciosos cogumelos com bacon para entrada, seguidos de um bacalhau com natas. Sempre em inglês, porque o Neil também estava, a conversa foi fluindo até regressarmos a Commonwealth Hall.

E assim se passou um óptimo domingo! Como comentou a minha Mãe, que tentou em vão apanhar-me em casa, "sempre em festa"...

sábado, 30 de julho de 2005

Cuando un amigo se va...

Foi com pena que ontem nos despedimos em Heathrow do Roberto, que voltou para a Guatemala.
Com ele e com o Eduardo, o trio "hispano-falante" de Passfield (é verdade, tive de me render), passei os momentos mais divertidos deste ano: os serões mais animados, as festas colombianas, a viagem a Paris e o concerto dos U2. Além das conversas quotidianas ao jantar.
Na véspera, tínhamos juntado os amigos mais próximos para um jantar, e a noite seguiu no pub com muitos brindes ao seu futuro. Futuro esse que deve passar por um bom cargo num banco da Guatemala, e esperamos também em breve encontrarmo-nos por aquelas bandas para a festa do seu casamento!
É sempre triste ver partir para longe as pessoas que tornaram este ano tão especial, mas é uma coisa que faz parte destas experiências. Um dia chegará a minha vez de regressar... Ao mesmo tempo, fica a alegria de boas amizades que se fizeram, e com a facilidade de comunicar e viajar que hoje temos, há que acreditar que as relações mais fortes se vão manter!

quarta-feira, 27 de julho de 2005

Fire alarm (ou Pedro e o Lobo?)

É oficial: os ingleses são paranóicos sobre a segurança!
E não estou a falar dos legítimos receios sobre novos atentados terroristas, nem do lamentável engano dos polícias que mataram um brasileiro inocente; isso é outra história bem mais complicada...
A verdade é que eles estão mesmo apostados em reduzir ao mínimo os riscos de acidente, por isso recorrem a avisos e simulações para tudo. Que eles escrevam no chão para que lado da rua devemos olhar antes de atravessar ("Look left/right"), ainda compreendo; se eles insistem em guiar do lado errado da estrada, ao menos que zelem pela vida dos turistas. Mas já não acho tão normal o cartaz que encontrei num bairro, a perguntar "De certeza que trancou bem a porta de casa quando saiu?", nem o autocolante que vi num lava-loiças de uma residência, a prevenir "Cuidado! Água quente".
Mas o mais irritante são os alarmes de incêndio. Em Passfield, ao menos, o número de simulações não foi muito superior ao número de fogos a sério (dois!), por isso até se percebia a necessidade de "treinar". Agora aqui na biblioteca, uma vez por mês começa a tocar a sirene, somos todos arrastados para fora do edifício por gente de colete fluorescente, para no fim nos dizerem "muito bem, podem voltar para dentro". Foi o que se passou há uns minutos atrás.
A ver pela cada vez maior lentidão com que as pessoas reagem ao alarme, qualquer dia há um incêndio a sério e ninguém acredita.

3 boas razões para ir ao Tesco à meia-noite

- sandes com prazo a terminar ao preço da chuva
- panquecas para comer com lemmon curd
- queijo brie a 1£

terça-feira, 26 de julho de 2005

Pobreza

Já várias vezes quis escrever aqui sobre o que estudei durante este ano: os problemas relacionados com a pobreza e as respostas de política social que foram surgindo.
Mas ainda não é desta que vos falo destes assuntos. Queria apenas recomendar-vos um dossier no website da BBC que é um excelente resumo sobre o assunto.

segunda-feira, 25 de julho de 2005

Santiago

Hoje é o dia do meu santo! São Tiago Maior, o mais velho dos 2 Tiagos que foram apóstolos de Cristo. Por sinal, irmão de João, facto que levou os meus pais a baptizarem-me com este nome.
Se eu tivesse nascido em Espanha ou na América Latina, o meu nome seria Santiago. Eles não concebem que um Tiago não seja santo.
Há 6 anos atrás, estava em Santiago de Compostela com o Pedro, o Ricardo e o Rui para as festas do Apóstolo. Uma semana de férias que nenhum de nós esquece.
Como sucede todos os anos, a noite de 24 para 25 foi celebrada com um espectáculo de laser e fogo de artifício na fachada da Catedral, e muita música pelas ruas! Os reis também estavam, e neste dia encomendaram Espanha à protecção do Santo. E quando à noite estávamos a olhar as estrelas, deitados no chão da Praça do Obradoiro, apareceu por lá o Paulo Coelho. Bons tempos...
Santiago de Compostela é uma cidade onde não me canso de voltar, e espero um dia fazer a pé o Caminho de Santiago. E também gostava muito de viajar até Santiago do Chile!

Fim-de-semana

E assim se passou mais um fim-de-semana, com céu encoberto no sábado e chuva no domingo - assim é o Verão por aqui.
Na sexta, depois de fracassadas duas tentativas de entrar em festas (uma tinha fila demasiado grande, noutra pediam muito dinheiro para entrar), acabámos a beber vinho numa esplanada, com o Diogo a discutir as vantagens e desvantagens da União Europeia com um alemão lá da residência.
Sábado passeámos pelo sempre animado mercado de Camden e à noite fomos a uma festa brasileira num bar da Oxford Street. Mas festa à séria, quase só com brasileiros, forró e axé, com coreografias e tudo!
Ontem foi um domingo pacato, com missa, sesta e pouco mais. O Diogo partiu à hora de almoço para Oxford, onde vai ser monitor num campo de férias.
À noite, o João e eu fizemos uma ceia improvisada, de sandes em saldos e panquecas com lemmon curd! Os dois pançudos são más influências mútuas, foi só entrar no Tesco e parecíamos Hansel e Grettel na casinha de chocolate!

quinta-feira, 21 de julho de 2005

Raposices

Há momentos engraçados que só são possíveis quando se está na boa companhia do João Raposo.
Depois do jantar, fui com ele e o Diogo à procura de um pub que estivesse a transmitir o Celtic-Sporting. Como não encontrámos nenhum, fomos andando na direcção da estação de Warren Street, a 10 minutos daqui, naquela curiosidade tão portuguesa de meter o nariz na confusão. Havia ruas cortadas, polícias, câmaras de televisão, enfim, nada de novo por aqui.
Mas a certa altura eu disse: "olha, aquele é da TVI!" E passados 5 segundos, lá estava o João à conversa com o João Maia Abreu, a perguntar-lhe as últimas informações sobre as bombas...

Só para assustar...

...é a ideia que fica depois dos incidentes desta tarde.
Parece que houve 4 pequenas explosões, 3 no metro e uma num autocarro, mas desta vez sem feridos.
Recebi uma chamada do Eduardo às 13h20. Ele estava a vir do escritório para a LSE, e quando ia apanhar o metro em Warren Street, a estação estava fechada e a polícia estava a afastar todas as pessoas e carros do lugar. Disse-me que vinha a pé para a faculdade.
Fiquei um bocado tenso, e tentei ver na internet (BBC e Sky) o que se estava a passar, mas ainda havia poucas notícias. Saí para comprar qualquer coisa para comer. Aqui ao pé, os autocarros continuavam a passar e o metro estava aberto. Mas iam passando muitos carros da polícia, e muitas pessoas estavam agarradas aos telemóveis.
Quando voltei à biblioteca, depois de comer uma sandes com o Eduardo e o João, já se sabia que o que se tinha passado não era nada de grave.
Tinha um mail da faculdade, a dizer às pessoas para continuarem a vida normal, e a disponibilizar um telefone grátis para chamadas internacionais, para quem não o tenha ainda podido fazer.
De resto, tudo calmo. E é assim que temos de estar!

Eu estou bem!

Parece que houve umas explosões no metro.
Eu estou bem, são e salvo na biblioteca da Faculdade.
Se os telemóveis deixarem de funcionar não se assustem...
Vou mantendo a família informada pelo MyTMN.

quarta-feira, 20 de julho de 2005

Contador

Como se eu não tivesse já distracções de sobra para me desviar do meu trabalho, resolvi esta semana instalar um contador no blog. E agora estou sempre curioso de saber quem por aqui passa.
Algumas pessoas são fáceis de identificar - como as minhas amigas de Copenhagen, Reigate e Saint Etiénne -, mas Telepac e TvCabo já são um bocadinho menos transparentes.
Em média, tenho tido 18 visitas diárias (record foi na segunda: 32), o que me traz alguma responsabilidade em escrever coisas novas. Mesmo quando a falta de assunto me leva a escrever sobre contadores!

- Entretanto, Londres voltou plenamente à normalidade e já não há grandes novidades sobre os atentados. A zona onde o autocarro explodiu já está aberta ao trânsito.
- Ontem fui com o João jantar a casa da Ana Magalhães, em Wimbledon; comemos carne à séria, regada com vinho português, e pusemos a conversa em dia. Como estava também o Neil, o inglês com quem a Ana partilha a casa, falámos quase sempre em inglês, e continua a ser algo estranho (mas divertido!) estar a falar com os amigos portugueses numa língua diferente!
- Da residência anterior, praticamente só ficaram connosco os amigos indianos. Nunca aqui escrevi sobre eles, mas são uma comunidade bem simpática. Lembram-se do Apu, o personagem dos Simpsons que trabalha no supermercado? O sotaque deles é mesmo assim! Por isso levei alguns meses a entrar no esquema, no início tinha de lhes pedir para repetir incontáveis vezes.
- Daqui a pouco chega o Diogo, vai estar connosco em Londres até domingo, e depois vai para Oxford, onde vai ser monitor de um campo de férias. A Comunidade MSV em Londres não pára de crescer!

domingo, 17 de julho de 2005

Puro relax

Aproveitámos um fim-de-semana de sol para passear pela cidade.
Ontem, fui com o Eduardo e o João a pé até ao Harrod's, passando pelo Covent Garden, por Picadilly Circus e pelo Buckingham Palace. À noite, ficámos à conversa num pub aqui perto.
Hoje atravessei o Hyde Park com o João. A meio, encontrámos a equipa de júniores do Atlético Mineiro (de Minas Gerais), e claro que o João teve de meter conversa e até pediu para tirarmos esta fotografia para mandar à Deda, uma amiga nossa de Montes Claros que é "atleticana".

Depois fomos até Notting Hill, fizemos a rua do mercado e parámos um pouco num café português. Ao jantar, tivemos o prazer da companhia da Ana Magalhães.
O calor por aqui continua a apertar, sobretudo quando é preciso usar o autocarro.
Foi um prazer aproveitar um fim-de-semana tão descontraído para visitar esta cidade de recursos inesgotáveis e, melhor ainda, para pôr a conversa em dia!

sábado, 16 de julho de 2005

Harry Potter and the Half-Blood Prince



Poucos minutos antes da meia-noite, estávamos nós à porta da Waterstones da Oxford Street, prestes a assistir ao lançamento do sexto livro do Harry Potter. As filas davam a volta ao quarteirão, com muitos mascarados das mais diversas personagens.




À meia-noite em ponto, abriu-se a cortina que tapava a porta e as pessoas começaram a entrar. Ouvia-se o apito do Hoghwarts Express, enquanto a gritaria reinava, e nós só conseguíamos rir. Mas estávamos contentes por assistir a um momento típico da cultura do nosso tempo, um evento daqueles que aparecem no telejornal.


Estas raparigas foram as primeiras a sair da livraria com um exemplar na mão. Completamente histéricas! Estavam à porta da livraria desde as 6 da manhã... Ele há gente para tudo!

Olha quem é ele!



O João Raposo chegou hoje a Londres! Veio fazer um "Summer Course" de gestão e empreendedorismo na LSE, e vai ficar durante 1 mês na mesma residência que eu.
Desde que ele chegou, à hora de almoço, até que nos fomos deitar acho que nunca nos calámos! Estivemos um bocado sentados nos jardins da Russell Square e à noite fomos dar uma volta pela cidade com o Eduardo, e acabámos num pub aqui perto. Este trio promete muitas e boas conversas (e partidas de ténis) durante as próximas semanas!
Não te preocupes, Belinha, que eu tomo bem conta do rapaz!

Ainda as bombas


Aqui por perto, continuam as homenagens às vítimas dos atentados. Ontem de manhã, umas dezenas de pessoas juntaram-se na Russell Square para um momento de oração. Sempre realçando a necessidade de diálogo com as outras religiões.

Junto à estação de Kings Cross, há um espaço para as pessoas deixarem as suas flores ou cartões de condolências. E ontem descobri lá esta bandeira de Portugal! Estima-se que vivam em Londres cerca de 40 mil portugueses, e aqui está uma prova da sua solidariedade para com a terra que os acolheu.

Na Tavistock Place, onde rebentou a bomba no autocarro, continua tudo vedado e os investigadores (esses senhores vestidos de branco) não cessam as buscas. Aqui era mesmo o meu local de passagem diário, e faz-me muita pena (além, claro, do facto de lá ter morrido tanta gente) que este sítio vá ficar na minha memória não como o jardim simpático onde eu passava todos os dias, mas como o lugar onde foi o atentado.

quinta-feira, 14 de julho de 2005

Almoço japonês



No regresso, passei à porta de um Boots (o supermercado-drogaria-farmácia) que anunciava um "meal deal" por 2£. Resolvi entrar: sandes, saladas... espera lá, deixa cá dar uma segunda oportunidade à comida japonesa! Não é todos os dias que se pode comer estas coisas inidentificáveis, mais uma Coca-Cola (com sabor a lima!) e um chocolate, tudo por 2£!
Talvez por isso, até me soube um bocadinho melhor... apesar de não fazer ideia do que estava a comer. E, claro, besuntei os "rolinhos" (?) com um molho verde amargoso que um dia o Artur me tinha dado a experimentar como partida.
Há que aproveitar o tempo que me resta em Londres para estas coisas.

In memoriae


Metado do meu caminho da residência para a faculdade continua fechado ao trânsito. As equipas continuam em busca de vestígios deixados pela explosão do autocarro. Ontem passei por uma carrinha de polícias onde vários dormiam em plena tarde; devem estar exaustos.
Na Russell Square há um espaço para as homenagens, com muitas flores. Salta à vista a fotografia de um dos mortos com vários cartões escritos pelos seus pais, irmãos e amigos.

Ao meio-dia, toda a Europa parou para 2 minutos de silêncio. Eu fui até à Trafalgar Square, repleta de gente mas no mais profundo silêncio; aí estava também o Mayor de Londres e vários líderes religiosos. Todo o trânsito parou, e pelo caminho muitas pessoas enchiam os passeios, pois tinha sido pedido que quem trabalha descesse até à rua, numa demonstração de que a cidade está unida e não se verga perante o terrorismo.

quarta-feira, 13 de julho de 2005

Casa nova

Agora vivo na Commonwealth Hall, e este é o meu quarto novo, bem melhor que o de Passfield. A cama é mais larga, a secretária, a estante e o armário são mais espaçosos. O único senão é não ter lavatório e ter vista para um parque de estacionamento interior, nas traseiras da residência.

Estou a 2 quartos do Eduardo. Há mais alguns ex-residentes de Passfield, mas não muitos. O Leopoldo está a viajar com a mulher pelo Egipto e Grécia, mas em Agosto estará aqui.

Claro que esta residência não tem o charme de um prédio victoriano como era Passfield, nem um ambiente acolhedor onde todos se conhecem. Isto é um prédio de 9 andares com cerca de 400 pessoas, e a sala de jantar é enorme.
A comida é óptima, parece que ainda não é desta que vou emagrecer. Há mais variedade (ainda!)ao pequeno-almoço e mais facilidade em surrupiar umas sandes para o almoço; ao jantar há uma mesa de saladas, onde se destaca uma mistura de amendoins com passas e maionese.
Nas ruas aqui ao pé, há várias lojas de bairro e pubs, e mesmo à nossa frente há 4 campos de ténis; estou à espera que o João Raposo traga as raquetes para fazermos os nossos torneios!
Mas no fundo, o importante é estarmos perto do centro, e podermos andar a pé para todo o lado. É que mesmo antes das bombas, andar de transportes já era um estouro para a nossa carteira...

Hora de almoço


O sol tem brilhado forte sobre Londres, e à hora de almoço os muitos parques da cidade enchem-se de gente. Hoje almocei aqui, fica mesmo por trás da minha Faculdade.
Posso estar a perder um bom tempo de praia, mas ao menos que possa aproveitar o sol!

terça-feira, 12 de julho de 2005

Joãozinho com 1 dia!

Não queria insistir, mas...


...aquela era a minha passadeira!

Visitas


Como já aqui tinha escrito, nestes 10 dias de férias que passei em casa recebi a visita de 5 amigos.
Primeiro, o Vitaliy, que foi comigo e regressou a Londres precisamente no dia a seguir aos atentados. Depois, o Roberto, a Catalina e o Juan, que vinham de Santiago e Porto, ficaram 4 dias em Lisboa e daí seguiram para Madrid, Barcelona, Paris, Holanda, Bélgica e Berlim.
Às vezes foi difícil conciliar os programas, porque o primeiro praticamente só queria ir à praia e os latinos queriam ver o máximo possível, mas conseguimos visitar Belém, a Baixa e o Castelo, Sintra, Óbidos e Nazaré. E outro ponto alto foi o jantar tipicamente português na tasca do Bairro Alto, alargado à companhia da Mafalda, da Ana Sofia, do Diogo e do Artur.

Na quinta-feira chegou o Eduardo, passámos o dia na praia e ainda fomos ao Cristo Rei, que eu nunca tinha subido.
À noite, já sem os restantes, fizemos uma pequena festa de despedida ao Vitaliy na praia. Ele partiu para a Ucrânia no domingo, e não sabe ainda quando (ou se...) volta a Londres.

Além de fazer de guia turístico, ainda deu para ir ao jantar do MSV e a uma festa brasileira na praia da Mata, jantar pela primeira vez com o Pedro e a Isabel depois de casados, comer um gelado com a Joana no Pintado (o Santini da Costa), dar um mergulho na Lagoinha, pôr algumas conversas em dia na praia, ir ao casamento da minha prima Clara, recolher mais umas informações para a minha dissertação e fazer umas compras nos saldos.
Nunca dá para tudo, e que me perdoem aqueles que desta vez não consegui encontrar, mas já não foi nada mau!

segunda-feira, 11 de julho de 2005

João Maria


Foi por pouco! Quando marquei as férias, fi-lo de maneira a poder estar em Lisboa quando o meu sobrinho nascesse, mas ele estava preguiçoso para sair e por pouco quase me fazia regressar sem o conhecer. Mas felizmente ontem, ao fim da tarde, lá se decidiu.
Chama-se João Maria, mede 52,5 cm e pesa 3,985 kgs.
As irmãs estavam muito curiosas para ver o primeiro menino da família, e o pai viu um bom prenúncio no facto de o Benfica ter marcado um golo quando o bebé entrou no quarto.
Aqui distante, mas com a família sempre no pensamento, está um tio muito babado! Pela quarta vez.

We Are Not Afraid

Há uns meses, resolvi tirar fotografias do meu caminho da residência para a faculdade. Esta foi a primeira que tirei: saindo de casa e contornando o jardim da Tavistock Square, apanhava a rua onde passavam os autocarros.

Nos dias em que estava mais preguiçoso ou atrasado, talvez não mais que 10 durante o ano inteiro, aí apanhava o autocarro para a LSE; na maioria das vezes, caminhava por essa rua fora.
Em tempo de aulas, o horário para sair era muito variável. Mas nos 2 meses em que estudei para os exames na biblioteca, fazia-o invariavelmente entre as 9h30 e as 10h.

A explosão no autocarro, às 9h47 da passada quinta-feira, deu-se precisamente neste sítio. Podem reparar no marco do correio e no início da faixa de "bus". Da janela do meu antigo quarto, eu poderia ver o local.
Em todo o caso, no fim-de-semana anterior todos nos tivemos de mudar para outra residência, a 2 quarteirões de distância. Precisamente por cima do túnel onde rebentou outra das bombas.

Na quinta de manhã, quando fui com o Vitaliy buscar o Eduardo ao aeroporto da Portela, ouvimos a notícia de que tinha havido uma explosão em Londres, mas a primeira explicação de que tinha sido uma sobrecarga de energia no metro fez-nos desligar do assunto. Pouco depois, estávamos já os três na praia quando comecei a receber mensagens e telefonemas: mais explosões, mais mortos, o que se passa??
Quando a Mafalda, que conhecia o local, mandou uma mensagem a dizer que o autocarro tinha explodido na Tavistock Square, ficámos inquietos: nós morámos ali durante 9 meses!
Depois de vermos na televisão e na internet as imagens, não havia mais dúvidas. E aí veio uma nuvem de insegurança: e se um de nós, ou alguém conhecido, fosse a passar por ali naquele momento? Rapidamente conferimos que os poucos amigos que ainda estão em Londres estavam todos bem, graças a Deus.
Mas continua a ser uma sensação estranha ver o nosso mundo quotidiano manchado de sangue. Como pode a maldade humana chegar a este ponto?


De regresso a Londres, fui espreitar o lugar onde tudo se passou. Por todos os lados o acesso (e também o campo de visão) estava vedado. Uma das barreiras, que aqui mostro, era precisamente na nossa residência (o edifício que se vê por detrás do tapume).
Em toda a parte, aqui por perto, há fotografias dos desaparecidos com o apelo a quem os possa ter visto. E os jornalistas estão por todo o lado; em King's Cross, estive a assistir a um directo da CNN a 1 metro de distância do Jim Clancy.

Apesar de tudo, não encontrei nenhumas medidas apertadas de segurança, nem no aeroporto, nem no caminho até à residência.
De resto, a vida segue como antes: os autocarros vão cheios e as ruas transbordam de gente.
Os ingleses recusam-se a dar aos terroristas a vitória que pretendiam: o medo.

segunda-feira, 4 de julho de 2005

Férias

Estou em Portugal por uns dias. Cheguei na sexta, e fico até à próxima segunda.
Comigo veio o Vitaliy, meu amigo da Ucrânia, que me tem obrigado a acordar às 7 da manhã para ir para a praia. Hoje vamo-nos encontrar com o Roberto, o Juan e a Catalina, que vêm do Porto, e visitaremos a Nazaré e Óbidos. Nos próximos dias vou mostrar-lhes Lisboa e Sintra, mas sobretudo aproveitar a praia. Na quinta chega o Eduardo, para passar o fim-de-semana. Para mim, é um prazer podermos passar na minha terra o último momento todos juntos, uma vez que o Vitaliy e o Roberto vão regressar nos próximos dias definitivamente aos seus países.
Pelo meio deve nascer o meu sobrinho João, aliás foi precisamente por isso que marquei a viagem para estes dias. A qualquer momento pode acontecer! Que sorte eu poder conciliar os tempos do Master sem perder os grandes acontecimentos aqui!
Estou de volta a Londres no dia 11. Nos próximos 2 meses tenho de fazer o trabalho final, sobre as parcerias entre o sector público e o sector voluntário, para entregar a 1 de Setembro. Vou para uma nova residência, mas muito perto da anterior. O João Raposo também vai estar a fazer um curso na LSE durante 1 mês, e conseguiu um quarto na mesma residência.
Por enquanto, há que aproveitar o sol e o mar! Apesar de há uns dias ter estado também muito sol e calor em Londres, nunca é a mesma coisa. Nunca terá a luz de Lisboa, muito menos a companhia do mar, ou o crepitar do peixe na grelha tão caracteristico do nosso Verão.
É muito bom estar em casa!