terça-feira, 22 de agosto de 2006

New York

Já passou mais de um mês, mas aqui ficam as imagens e impressões de uma semana em Nova Iorque (não é estranho o aportuguesamento de York?). Tinha lá estado há 4 anos, também em Julho, por isso já sabia ao que ia: muito calor e humidade a tolherem-me os movimentos, e alguma claustrofobia/vertigens-mas-ao-contrário de andar no meio dos arranha-céus. Mas sem dúvida que é uma cidade muito especial, e desta vez até gostei mais, provavelmente por ter estado com amigos que lá vivem e poder assim beneficiar do seu inside knowledge.

Anfitriã. A primeira referência tem de ser para a Migalha, que foi muito generosa em receber-nos aos 3 (fui com o Eduardo e o Juan) na sua casa. Ela está lá a fazer o doutoramento em biologia molecular, num dos melhores centros de investigação sobre o cancro. O apartamento está muito bem localizado, fica a poucos quarteirões do Central Park. Nos primeiros dias o calor lá dentro era insuportável, mas depois chegou o ar condicionado e tudo mudou. Além de nos receber, foi uma óptima companhia de jantares e passeios, sempre descontraída e cheia de perguntas pertinentes.

Ferry. No primeiro dia de passeio, fizemos o que muitos turistas fazem. Na ponta sul de Manhattan há um ferry grátis que leva para um dos subúrbios (Staten Island). Ora, grátis e a passar junto da Estátua da Liberdade, querem melhor? Ainda tentámos explorar um pouco do outro lado, mas era um lugar muito feio - picámos o ponto num bar dodgy e voltámos.

Cultura. Desta vez pude ir a todos os museus que tinha falhado na primeira vez. Passámos várias horas no Metropolitan e no MoMA, a explorar excelentes colecções de arte moderna. No Guggenheim, vimos uma exposição da arquitecta Zaha Hadid, que me fez pensar que em tudo há que aprender - tal como aprendemos a ler ou a falar outras línguas, também para entender a arte é preciso dominar a linguagem do artista. E mesmo com umas luzes, muitas vezes não chego lá! Já "papei" muitos museus, já consigo identificar o traço de vários pintores, mas ainda tenho muito para aprender, nomeadamente a focar a atenção nos pormenores. Mas são campos que me despertam cada vez mais interesse.

Compras. Há que reconhecer que NY é um shopping em ponto grande e vale a pena aproveitar os preços mais baixos. O melhor lugar que encontrámos foi a Century 21, mesmo ao lado do buraco deixado pelas torres gémeas - roupas de marca em barda, a um terço do preço. E é difícil resistir à febre consumista - comprei sapatos, calções, calças, camisas... E na loja da Apple perdi-me de amores por um portátil que vai substituir dentro de poucos o que se me avariou - é uma óptima opção de marketing deixarem as pessoas usar livremente a internet na loja!

JJ. Estudou História, depois veio para Londres fazer um Master em Urbanismo (na turma do Eduardo) e agora quer tirar Direito. Faz tudo parte do seu plano pessoal para um dia chegar a Mayor de New Jersey, e ele leva-o muito a sério! É uma personagem, com o sotaque e os gostos da um americano tradicional. E foi com todo o entusiasmo que cumpriu a promessa de nos levar a passear pela sua cidade, do outro lado do rio Hudson, e a comer um almoço com bifes XXL.

Andrew. Também foi colega do Eduardo na LSE, mas este encarna mais o espírito cool da vida nova-iorquina. Vive com a namorada num apartamento de Manhattan, daqueles com escadas de emergência metálicas, como nas séries de televisão, e trabalha para a autoridade cultural de NY. Levou-nos a passear pelos lugares da moda em Lower Manhattan e levou-nos também a um bar que fica numa praia improvisada na margem do rio, em Queens - esse foi o fim-de-tarde perfeito para um dia com muito calor.

The city that never sleeps. Esta é uma grande vantagem de NY em relação a Londres. Comer fora de horas? No problem! Ir ao supermercado a meio da noite? Há vários. Ver os emails às 2 da manhã? Temos a Apple Store. Como voltamos para casa? O metro, ainda que muito sujo, nunca pára.

The end. É bem mais fácil escrever isto a poucos dias de ir de férias de novo... mas depois destes 20 dias pelas Américas não me apetecia nada voltar para Londres. Sobretudo por aquele espírito teenager de 24/7: sempre programas novos, sempre bem acompanhado... Nunca me aconteceu fartar-me duma viagem e ter vontade de regressar! Mas a vida não é só férias, é preciso ter a rotina do trabalho pelo meio, não só para podermos amealhar o suficiente para as próximas férias mas também para darmos mais valor a estes tempos fora do tempo.

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