Escrever
Sempre gostei de escrever. Desde as composições da escola primária, sobre a chegada da Primavera ou o ciclo da água, até aos diários intermitentes (regularidade é difícil) que toda a vida escrevi, realizo-me de alguma forma a deitar palavras cá para fora. Sempre senti a necessidade de deixar registo da vida que vai acontecendo; os primeiros sintomas desta minha mania surgiram aos cinco anos, quando fui parar ao psicólogo por apontar num caderno tudo o que fazia, com horas e minutos.
Nem sempre me consigo exprimir muito bem oralmente. Tal como na escrita, demoro um bocado a organizar o pensamento, não sou fluente. Consigo-me explicar, mas às vezes demora. E outras vezes simplesmente não tenho coragem de dizer algumas coisas pessoalmente, enquanto que através do papel (ou do ecran) "dói" menos. Por isso tento sempre pôr algo de mais pessoal nas cartas, mails ou dedicatórias.
A vinda para Londres permitiu-me juntar o útil ao agradável e criar este blog. Por um lado, mantinha os amigos e a família a par da minha estadia por cá, repartindo a responsabilidade de dar e procurar essas notícias; por outro, permitia-me escrever sobre a vida a partir do meu dia-a-dia, e assim dar-me a conhecer melhor.
Ainda assim, sinto que muitas vezes me restrinjo ao factual, que sou um bocado "seco". Mas fico contente por sentir desse lado algum feedback, pelas minhas contas devo ter uns 20 fiéis, e isso deixa-me muito contente. Até já há quem cá tenha chegado sem me conhecer...
Mas aterrando de novo na biblioteca da LSE...
O que me pedem agora é que escreva pequenos ensaios, de 5 páginas, sobre temas intessantes, como as desigualdades na saúde, o papel do sector voluntário na provisão de bem-estar social (welfare) ou a reforma da segurança social. É com base nestes textos, num exame para cada cadeira e numa dissertação final que vou ser avaliado aqui.
O exercício é bom, obriga-me a ler e estar a par dos principais argumentos da actualidade nestes campos, em que espero trabalhar dentro em breve (de volta à Pátria!).
Mas ao mesmo tempo é um bocado árido. Tenho de pegar nos resumos dos outros para fazer o meu próprio resumo (ou seja, escrever o mesmo por outras palavras), e depois acrescentar-lhe uma posição crítica, o que nem sempre é fácil.
Também me custa não ver um impacto muito imediato em todo este paleio, para além da formação de opinião crítica que um dia mais tarde possa pôr em favor da comunidade.
Não é como investigar a vacina para a malária nas grávidas (olá, Mafalda!) ou a transmissão neuronal das células cancerígenas (olá, Ana!) - não que eu fosse capaz de o fazer, porque as ciências naturais nunca foram o meu forte.
Mas há que acreditar que isto me vai fazer chegar onde quero, e de alguma forma fazer avançar o mundo.
Bem, agora que já adiei por uns minutos a outra escrita (a chata...), é hora de voltar aos livros!