segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Conversas ao almoço

Tirando uma ou outra excepções, nem no trabalho anterior nem neste o estilo de conversas faz muito o meu género. Se no anterior a conversa era mais à volta de programas de televisão, do Big Brother às várias variantes de Operação Triunfo, já neste a malta gosta é de futebol. Assim que cheguei, começaram logo a perguntar-me que tal eram o Nani e o Anderson, que eram novas contratações. Ora, eu até vou seguindo o Campeonato português, mas já há 3 anos que não vejo jogos com regularidade e por isso tenho dificuldade em opinar. E foi a pré-época toda a avaliarem os reforços e especularem outras transferências.
Agora que a Premier League começou na semana passada, um lançou o desafio de entrarmos numa competição de "fantasy team" - cada um escolhe jogadores, e vai acumulando pontos consoante os seus desempenhos. A única maneira airosa de eu entrar neste jogo foi escolher uma equipa só com portugueses! Dá aquele ar de nacionalismo bacoco, mas no fundo serve apenas para esconder que eu não conheço nenhum dos outros! O resultado é que, com 3 semanas decorridas, vou em último na corrida, com larga distância para o penúltimo. Mas como dá para ir trocando alguns jogadores, sempre posso agora ver quais é que têm tido mais pontos e pô-los na equipa... até porque vários portugueses nem sequer têm jogado!


Hoje almoçava com 3 colegas, todos rapazes. Pizzas com batata frita e Coca-cola, mesmo à chavalo! Durante meia hora, eles conseguiram dissecar toda a jornada de ontem, equipa por equipa, os jogadores que estiveram melhor e pior. E eu caladinho... Caramba, eu sempre gostei de futebol, não perco pitada do meu Sporting, mas do campeonato deles só tenho pachorra para ver os Manchester United - Chelsea, pelas razões óbvias. Qualquer outro jogo diz-me tanto como um Paços de Ferreira - Desportivo das Aves. Por isso ainda pensei em interromper a conversa e perguntar-lhes como tinha sido o fim-de-semana, ou comentar como vai ser bom estar na praia daqui a 5 dias. Mas felizmente lembrei-me a tempo: e se eles chamam o Fernando???

Festas

Tive 3 festas nos últimos dias. Duas com um agradável sabor a passado, uma com um travo amargo a presente.
Primeiro foram os anos da Nayan. O local era acolhedor, um novo bar espanhol em King's Cross; entre várias Cruzcampo e vinho de Navarra, deu para enganar o estômago com um excelente gaspacho andaluz. Reencontrei gente que não via há algum tempo, em especial as primas e amigos indianos da Nayan, que eram visitas habituais da casa, e um israelita que estudou com ela, e que agora vai trocar o conforto de Londres pela satisfação - apesar de toda a insegurança - de trabalhar para o seu país (como eu o entendo!).
Mas a noite foi boa sobretudo por estar com a Nayan, uma amiga com quem sempre tive conversas abertas, que sempre me amparou as neuras e com quem continuo a partilhar tudo o que me vai passando. Com ela e com o Eduardo brindámos aos primeiros tempos da nossa casinha, os únicos em que houve algum sentimento de comunidade - jantávamos muitas vezes em conjunto e passeávamos ao fim-de-semana. E em que as festas eram para valer.
Na sexta foi a vez de ir até Stratford, ter com os antigos colegas de trabalho. O Stephen conseguiu finalmente mudar para um emprego melhor e, como é hábito, no último dia junta-se tudo no pub para a despedida (curiosamente, as despedidas foram o único pretexto para se ir ao pub com colegas de trabalho). E fiquei mesmo contente por rever aquelas caras! São todos um bocado esquisitos, como se pode ver pelas fotos, mas é gente interessada (ainda que nem sempre interessante), que me pergunta pelos meus planos para o futuro e pela Maria - e só isso já vale muito!
Sobre o Stephen, com quem eu trabalhava mais directamente, há uma particularidade: foi o meu primeiro amigo gay, e único até ao momento. Apesar de nos primeiros dias de trabalho isso me ter assustado um pouco, por sermos da mesma idade e por logo ao início o ter ouvido comentar com umas colegas nossas os atributos do novo namorado (e eu sem saber que cara havia de fazer), acho que construímos uma amizade tão normal como qualquer outra. Porque sempre soubemos respeitar as diferenças de parte a parte, e aprender com elas. Eu certamente avivei o mandamento evangélico de não julgar os outros, e tive de rever algumas opiniões sobre a homossexualidade. Mas isto dava uma longa conversa.
No fundo, sinto que deixei na Toynbee Housing Association um ambiente bem mais amistoso do que no actual emprego. O facto de ser uma empresa pequena possibilitava conhecer toda a gente. Mas saí na altura certa: dos 7 que trabalhávamos no meu piso, já não sobra nenhum.
Para terminar, tive no sábado a festa de despedida da minha casa. Passei o dia a limpar o jardim, cozinhar e escolher as músicas. A noite pôs-se feia, com muita chuva e claro que isso teve influência na festa. Mas há algo nesta terra que eu não percebo: convidei umas 60 pessoas, e 80% nem se deu ao trabalho de responder. Dos 10 que disseram que iam, só metade apareceu. Valeu-me a Nayan, que levou 6 amigos, o Eduardo, que levou a namorada e outra chilena, e as primas Escobar, que levaram mais 2 colombianos. Mas fiquei ainda mais contente pelos "meus" que apareceram: a Sónia, com a sua alegria contagiante; a Amber, uma colega de trabalho australiana; e o Zain, um amigo indiano dos tempos de Passfield que aparece sempre. Mas pronto, não foi aquela algazarra de casa cheia nem deu para dançar, como nas festas anteriores - eu gosto muito de conversar, mas festa sem dança fica sempre um bocado chocha.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Achei!

Já encontrei casa! Andava há umas semanas a ver anúncios de quartos em vários sites, um bocado preocupado com a ideia de ir morar com desconhecidos. Talvez por isso ainda não tinha telefonado para ir ver nenhuma casa. Até que anteontem vi um anúncio de um "garden studio" em Camden, a um preço semelhante ao que pago agora, e marquei logo para ir ver.
Lembro-me de há 2 anos, quando procurava casa pela primeira vez, passar naquela rua com o João Raposo e dizer-lhe que gostava de ali morar. Uma rua residencial, com aquelas casas de tijolos, todas iguais excepto no colorido das portas. O Regent's Park a 5 minutos, a rua principal de comércio a dois passos, uma mercearia portuguesa ao virar da esquina e uma igreja católica - com missa em português e tudo - na mesma rua. Não podia estar melhor!
Simpatizei logo com a senhoria, de tal maneira que em meia hora já lhe estava a pagar o depósito para assegurar que o lugar era meu - eu, que demoro séculos a decidir-me por uma peça de roupa ou sobre o que vou comer ao almoço! Ela facilitou-me a escolha com várias simpatias: como vou estar em Portugal de 25 de Agosto a 3 de Setembro, posso ir lá deixar as minhas coisas no dia 24 (quando tenho de deixar a casa actual) mas só começo a pagar quando voltar. O contrato é por 3 meses, mas desde que apareça alguém para o meu lugar posso sair, como espero, no início de Novembro.
Quanto à casa, não é nenhum palácio. É basicamente uma sala, que também serve de quarto, e não é propriamente grande. Tem uma porta para uma cozinha mínima, mas com tudo o que é preciso. Outra porta dá para a casa de banho, com poliban, e ao lado um cubículo só com uma retrete. Mas o melhor de tudo é o jardim, ou deveria dizer pátio, em 2 patamares - esse era outro dos meus sonhos, ter uma casa com jardim em Londres (ok, a casa em que estou já tinha um jardim, mas este é umas 3 vezes maior). Espero que Setembro e Outubro ainda rendam alguns fins-de-semana de sol, porque este será um bom espaço para juntar os amigos. Até já estou a pensar na minha festa de anos...
Resta-me apenas uma semana na casa onde vivi quase 2 anos. A festa de despedida está marcada para este sábado, e promete ser muito concorrida. Depois entro na última etapa de Londres, com o aliciante de viver sozinho pela primeira vez. Algo que nunca ambicionei, mas que também há-de ser bom de experimentar.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Férias

Eis-me de regresso a Londres, finalmente com uma "corzinha". Insuficiente, no entanto, para lhe chamar bronzeado - isso requereria bem mais que uma semana. Mas a estadia na Costa foi suficiente para matar a fome de praia que tinha, se bem que o verão por lá também ande chocho.
Nove dias, todos a acabar entre a 1 e as 5 da manhã, dão para muita coisa: um casamento, seis tardes de praia, família e amigos "por afinidade" para conhecer e para apresentar (e a já esperada boa impressão de todos estes encontros), o irmão também de férias, alguns contactos de trabalho, uma espreitadela ao novo Kubo, uma excelente noite de conversa nos Perdigueiros do Rio - enfim, tudo o que me faz sentir verdadeiramente em casa (e não, Portugal não é giro "só para ir de férias"). Pena não poder estalar os dedos e estar já transferido (eu e não só) para lá de armas e bagagens. O bom é que daqui a 2 semanas vamos a prolongamento!
Também descobri novos leitores (esta foto vai p'ró blog?), já não é só com os meus pais que tenho de me preocupar. Mas no fundo a preocupação é pouca, a confiança é maior. E viva o fado!
Na minha terrinha balnear, algumas novidades também: as obras na mata à minha frente (primeira parte do Pólis) estão bem avançadas, as praias da minha infância voltaram a ter muita areia e o autocarro que faz Costa-Trafaria é agora descapotável. Apesar de já encontrar poucas caras de antigamente na praia, é impossível ir aos Pastéis de Santo António sem ver alguém conhecido.
Para estas 2 semanas, tenho a tarefa de encontrar um quarto onde possa ficar a partir de Setembro. Tenho de deixar a casa actual a 24 de Agosto, e nessa noite tenho vôo para mais outra semana de férias em Lisboa. Para trás ficou o stress de arranjar alguém que ocupasse o quarto livre, por poucas semanas; agora estão lá 2 irmãs australianas, o que me poupou mais de cem contos de prejuízo. Com elas e as colombianas, vou fazer uma festa este sábado, a última de várias nesta casa.
Mas neste momento o que tenho é sono, depois de 4 horas de atraso no vôo da Easyjet, que fez com que chegasse a casa pouco antes das 6 da manhã.