Tenho andado com a cabeça um bocado dispersa por várias frentes e o sacrificado tem sido o blog. Sobretudo porque sabia que o próximo post a escrever teria de ser comprido. Cá vai então!
Soube há 2 semanas que o meu contrato não vai ser prolongado. O contrato era de 18 meses e acaba no dia 25 de Maio. Porque é que não continua?
Em primeiro lugar, a
minha housing association está a meio de um processo de fusão com
outra semelhante. Uma fusão em que os outros é que dão as cartas - em linguagem de negócios, seria uma OPA hostil! E enquanto o processo se desenrola, há instruções para apertar o cinto, especialmente com o pessoal.
Em segundo lugar, o Chief Executive, que é quem tem a última palavra nas contratações, é um tóino que não percebe muito disto, e nunca entendeu bem para que serve a minha equipa. Há 2 anos, depois de uma inspecção do Governo que apontou várias debilidades de organização nesta association, os directores conseguiram convencê-lo a criar uma equipa que pesquisasse as boas práticas do sector para as aplicar aqui (pondo por escrito o que antes se fazia ad-hoc), que "vigiasse" a performance dos vários departamentos e que centralizasse as reclamações dos residentes. Agora que as coisas estão mais arrumadinhas - mas ainda há tanto por fazer! -, a equipa passa de 4 pessoas para metade (ficam os 2 que eram permanentes).
Vendo bem, para mim até foi bom isto ter acontecido. Há muito que o trabalho deixou de ser desafiante e ultimamente, em virtude da tal merger, o clima aqui anda mau, com o medo do desemprego a pairar sobre quase todos.
E agora, o que fazer: pegar na trouxa e voltar à Pátria, ou tentar outro trabalho por cá?
É verdade que a minha ideia inicial era voltar em Maio, e de certa forma sinto que já cá estive tempo suficiente! Apesar de agora andar na mó de cima, mais ocupado e com novos interesses, ao mesmo tempo sinto cada vez mais falta de Portugal e da minha gente. Começo a cansar-me do pouco sol desta terra, de ter de almoçar todos os dias sozinho e de viver numa casa onde se fala mas raramente se conversa.
Mas há duas razões que me podem levar a ficar cá por mais uns meses.
A primeira é económica: apenas a partir de Janeiro comecei realmente a poupar (até aí todas as poupanças foram para pagar uma dívida que tinha, a viagem à Colômbia e o portátil), e já agora amealhava por mais uns meses.
A segunda é, digamos assim, emocional. Sempre pensei que, na transição entre trabalhos de Londres para Lisboa aproveitaria para fazer uma viagem maiorzita (2 meses?). E dizia emocional porque a melhor de fechar esta etapa internacional com chave de ouro seria ir visitar alguns amigos que fiz por cá no seu habitat natural, sobretudo quando esses habitats são sítios tão interessantes como Chile, Brasil, Peru e talvez Guatemala. E dentro do Brasil, seria também bom dar um pulinho a Montes Claros! Ora, fazer isto já agora no fim do contrato seria estourar com toda a poupança, e além disso está pensado com os amigos latinos encontrarmo-nos no Chile em Dezembro, portanto esse seria o timing ideal para a viagem.
Uma terceira razão, derivada das outras, seria a possibilidade de experimentar outro trabalho, noutra área dentro do "social", por alguns meses.
De maneira que o meu plano A é: arranjar um trabalho temporário até Outubro, passear pela América do Sul os 2 meses seguintes e começar a trabalhar em Portugal em Janeiro. Claro que os empregos são variáveis que eu não posso manipular totalmente, mas quanto mais me "mexer" agora mais hipóteses tenho.
O primeiro passo foi actualizar o
meu CV em inglês (que deixo aqui, não vá andar por aí alguém com um óptimo emprego para me oferecer) e mandá-lo para várias agências, deixando bem claro que estou à procura de uma coisa só até Outubro. O
feedback que tenho tido é que vai ser fácil conseguir o tal trabalho de 5-6 meses. Já me fizeram algumas propostas (mas trabalhos quase iguais ao que tenho agora) e até têm perguntado se não daria para começar antes de Maio, mas vou esperar mais umas semanas para ver o que aparece e ter por onde escolher.
De qualquer forma, quero também abordar o mercado português (que é como quem diz, fazer alguns contactos). Mais que não seja, para começar a fazer-me conhecido dentro do meio "social" e ficar bem posicionado para Janeiro. Mas se aparecer uma proposta de trabalho irrecusável e inadiável, as razões que descrevi acima passam para segundo plano e volto feliz para Lisboa!
Vamos ver o que a sorte me reserva...
E já sabem: se souberem de alguma coisa, por favor digam-me!