segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Sempre no ar

Três fins-de-semana seguidos passados fora de Londres: Lisboa, Amesterdão e de novo Lisboa.
Desta vez o pretexto eram os anos da minha Mãe. A fronteira simbólica dos 65 exigia celebração maior, com os tios mais velhos, e o filho mais novo a aparecer de surpresa! E nova surpresa foi o presente dos filhos: uma viagem a Londres, no fim de Março, por ocasião do próximo concerto do meu coro.
Apesar de ter passado o tempo quase todo em reuniões familiares, sobrou a noite de sábado para um pezinho de dança no Loft. O lugar deve estar na moda, dada a concentração de caras conhecidas, mas notáveis mesmo foram os meus companheiros de borga que se aguentaram estóicamente até perto das 6 da matina - nem parecemos os mesmos!
Quanto aos vôos, não tenho nenhuma razão de queixa da Easyjet. É baratinha mas quase sempre cumpre os horários. Não posso falar muito sobre o serviço, porque quase todas as vezes adormeci após apertar o cinto e só acordei no destino! Outra coisa boa é o Easybus, uma carrinha que me leva do centro de Londres a Luton em 45 minutos - e quase sempre era eu o único passageiro, o que significa fazer 70 kms de "táxi" por £8!
Enfim, foi bom passear nestes fins-de-semana mas também me vai saber a pato no próximo poder pôr o sono em dia...

domingo, 25 de fevereiro de 2007

25 de Fevereiro


Fonte, II

No sorriso louco das mães batem as leves
gotas de chuva. Nas amadas
caras loucas batem e batem
os dedos amarelos das candeias.
Que balouçam. Que são puras.
Gotas e candeias puras. E as mães
aproximam-se soprando os dedos frios.
Seu corpo move-se
pelo meio dos ossos filiais, pelos tendões
e órgãos mergulhados,
e as calmas mães intrínsecas sentam-se
nas cabeças filiais.
Sentam-se, e estão ali num silêncio demorado e apressado,
vendo tudo,
e queimando as imagens, alimentando as imagens,
enquanto o amor é cada vez mais forte.
E bate-lhes nas caras, o amor leve.
O amor feroz.
E as mães são cada vez mais belas.
Pensam os filhos que elas levitam.
Flores violentas batem nas suas pálpebras.
Elas respiram ao alto e em baixo. São
silenciosas.
E a sua cara está no meio das gotas particulares
da chuva,
em volta das candeias. No contínuo
escorrer dos filhos.
As mães são as mais altas coisas
que os filhos criam, porque se colocam
na combustão dos filhos
, porque
os filhos estão como invasores dentes-de-leão
no terreno das mães.
E as mães são poços de petróleo nas palavras dos filhos,
e atiram-se, através deles, como jactos
para fora da terra.
E os filhos mergulham em escafandros no interior
de muitas águas,
e trazem as mães como polvos embrulhados nas mãos
e na agudeza de toda a sua vida.
E o filho senta-se com a sua mãe à cabeceira da mesa,
e através dele a mãe mexe aqui e ali,
nas chávenas e nos garfos.
E através da mãe o filho pensa
que nenhuma morte é possível e as águas
estão ligadas entre si
por meio da mão dele que toca a cara louca
da mãe que toca a mão pressentida do filho.
E por dentro do amor, até somente ser possível
amar tudo,
e ser possível tudo ser reencontrado por dentro do amor.

Herberto Hélder

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Tesourinhos deprimentes

Parece que está na moda ir buscar coisas do passado para nos fazer rir ou brilhar os olhos de nostalgia. Tudo isto graças à internet e à possibilidade de qualquer pessoa publicar os seus velhinhos registos VHS em sites como o YouTube.
Na maioria dos casos, os nostálgicos estão na casa dos vintes ou trintas - as crianças dos anos 80! Apesar de termos passado muito mais tempo a brincar na rua que as crianças de hoje, também é verdade que víamos muita televisão. E como só havia 2 canais e não se comprava filmes a granel como agora, acabávamos por ver todos a mesma coisa! Basta ver as nossas reacções histéricas quando numa festa aparece a música do Dartacão, ou a lágrima que nos continua a cair quando lembramos o fim do ET. Recomendo a este propósito os excelentes blogues sobre o tema, como o 80s - a Melhor Década ou o Verdes Anos.
Mas o que tem ganho mais visibilidade é a rubrica dos "Tesourinhos Deprimentes" que os Gato Fedorento têm incluido no seu programa. Todas as semanas mostram hilariantes imagens de arquivo da RTP, tendo como protagonistas figuras tão queridas do nosso imaginário como Luís Pereira de Sousa ou Eládio Clímaco.
Este é o meu preferido: uma aula de auto-defesa dado pelo uma agente da PSP (reparem no cabelo!) no "Olha Que Dois", programa do Goucha e da Teresa Guilherme.
- TOMA, bandido! Agora foge e bate às campaínhas...


Outro fenómeno de revivalismo dá pelo nome de José Cid. Quando se julgava perdido para sempre nos anais da história da música ligeira em Portugal, eis que ressurge com uma espantosa popularidade entre a juventude. Concertos cheios no Maxime, no Casino Lisboa, no Terreiro do Paço... e prova disso é o facto de este videoclip no YouTube já levar cerca de 150 mil visitas!
É uma canção velhinha mas cheia de significado: o marido fiel e dedicado, que sai de manhã para trabalhar, enquanto a mulher cuida dos filhos e prepara-se para uma noite romântica. O clímax é quando ela lhe telefona para o trabalho, a meio da tarde, morta de saudades:
- Não sei viver sem ti, amor. Não sei o que fazer...
Ao que ele responde:
- Faz-me favas com chouriço, o meu prato favorito! Quando chego para jantar quase nem acredito...

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Amesterdão

Cheguei há poucas horas de Amesterdão, onde estava desde sábado com 4 amigos portugueses. Como cá não há feriado de Carnaval, preferi poupar um dia de férias e já vir hoje trabalhar - e tem a sua graça a possibilidade de estar a dançar às 2 da manhã num bar holandês e 9 horas depois estar sentado à secretária em Londres (irresponsável, eu?...).

É uma cidade bonita, sem dúvida. Os seus muitos canais, o colorido das fachadas e as pessoas de bicicleta dão-lhe um toque de alegria. Mas ao menos tempo tem o seu quê de deprimente: a luminosidade cinzenta do céu, as meninas nas montras do Red Light District e a pouca gente na rua depois do fim da tarde.


Foi bom sentir-me em casa. Não só porque ficámos na excelente casa de um amigo do João e pudemos estar mais à vontade, mas sobretudo porque o grupo era muito especial, só de pessoas que eu conheço (e me conhecem) muito bem: a Mafalda, a Inês, a Francisca e o João.

Foi bom ver a conversa fluir espontaneamente e (quase) sem tensões, e bom ver que a nossa entrada no mundo do trabalho, cada um em áreas diferentes, gera novos interesses a explorar. E também permite olhar um pouco menos para os preços na ementa (ainda assim foi difícil encontrar sítios mais baratos!).

Depois de visitarmos o Museu Van Gogh e a casa de Anne Frank, de atravessarmos as ruas de comércio e pedalarmos pela cidade, guardámos a segunda-feira para passear de carro pelo sul do país. Aproveitando o facto de as cidades serem pequenas e próximas entre si, fomos a Delft, Rotterdam e Utrecht, e ainda deu para ir ver como são os diques. Com direito a parar para comer poffertjes, a pedir à pelintra para comer as sandes que trazíamos de casa num café de Roterdão e acabar a jantar num restaurante onde o cozinheiro era português.

Para terminar em beleza (eu, que os restantes ainda por lá estão neste momento), tivemos de ir festejar a noite de Carnaval. Eu tinha visto o anúncio de uma festa num bar brasileiro, só que quando lá chegámos percebemos que era noutro dia. Tivemos de ir à procura de outro poiso, mas estava tudo muito morto. Lá encontrámos um pub que tinha música mas estava quase vazio, e o João, que não gosta nada de falar com desconhecidos, foi para a porta chamar as pessoas que iam passando na rua. Em poucos minutos tínhamos o lugar por nossa conta, com as músicas que pedíamos, e ainda deu para repetir a brincadeira noutro bar ao lado.


E depois destes dias intensos, num ambiente que já me fazia falta, confesso que me custou voltar para Londres.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

O melhor do mundo







Depois de semanas de discussões algo pesadas entre graúdos, nada como passar algum tempo na companhia de... bebés!
Que me desculpem os pais pelo uso da imagem, mas é uma forma de partilhar com os leitores a alegria que me dá vê-los crescer.
O Joãozinho, além de andar, já se exprime muito bem, e sabe dizer que o "Agá" (eu!) vem no "vuuuuu" (gesto com a mão a fazer de avião). Por seu lado, o Pedrinho põe o seu sorriso mais aberto quando o padrinho se põe a fazer palhaçadas.
Tio babado, eu?!

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Terramoto


Não estava em Portugal para sentir a terra tremer na segunda-feira, mas posso dizer que o abalo de domingo chegou forte aqui a Londres. Apesar de todas as sondagens, acreditava na vitória do 'não'; e como me dizia um amigo, mais valia pensar que íamos ganhar e depois ficar triste e desiludido, do que achar à partida que a derrota era certa e natural.
Se na noite de domingo me surpreendeu a aparente moderação de alguns discursos da esquerda, os jornais dos dias seguintes devolveram-me à realidade: várias clínicas estrangeiras a correrem ao negócio do aborto e os líderes socialistas a meterem o prometido aconselhamento na gaveta.
Outro amigo, bebendo da provocação de Louçã, regozijava-se pelo facto de voto de muitos católicos, segundo eles, ter dado a vitória ao 'sim'. E eu que achava que o aborto não era um assunto religioso... Ok, confesso que preferia que todos os católicos tivessem seguido a opinião da Igreja e dos seus pastores, mas não é só por um voto que os considero maus católicos. Iludidos, talvez. Mas por falar em carneirada, alguém ouviu na campanha a voz de um bloquista ou comunista pelo 'não'?

Em todo o caso valeu a pena! Porque muitos viram pela primeira vez a vida que cresce dentro da barriga, e perceberam que não é uma "coisa". Porque muitas caras novas apareceram nesta campanha (tiro o chapéu ao Pedro Luvumba!) e a política precisa de gente com convicções fortes. Destaco aqui o exemplo dos meus Pais, que nunca antes se meteram em política, e desta vez andaram pela rua a fazer campanha e estiveram nas mesas de voto.
Mas valeu a pena sobretudo porque das sinergias desta campanha vão surgir - tenho a certeza - mais redes de apoio a grávidas em dificuldades. Porque, agora que o aborto é mais fácil, temos ainda mais necessidade de mostrar que a alternativa de ter o bebé é sempre a melhor. E conhecendoo bem muitos dos que estiveram nesta luta, sei que não vamos desmoralizar com o resultado do referendo. E, claro, vamos estar bem atentos à aplicação da nova lei.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Pelo Não - 5. Notas pessoais

Muito mais teria a dizer sobre este tema mas o tempo escasseia, e calculo que a paciência de alguns leitores também.

O facto de um crime ser comummente praticado sem grande censura social de quem o pratica (mas sim do acto em si) não lhe retira o sentido. Todos os que já fotocopiámos livros ou "sacámos" músicas da internet somos também criminosos. São crimes com pena de prisão prevista, e também não está ninguém preso por isso. Não tem funcionado comigo, mas acredito que muitas pessoas não o farão por ser contra a lei. Mas também não queria comparar coisas com gravidade tão diferente.

No fundo, todos concordamos que abortar é um crime, a diferença está em saber a partir de quando. Mesmo que o "sim" ganhe, abortar às 11 semanas continuará a ser crime. Para mim, é tão crime às 8 ou 9 como às 11 ou 15.

Eu consigo perceber muito bem as pessoas que acreditam que tornar o aborto legal vai diminuir o número de abortos, por permitir prestar mais esclarecimento às mulheres. Não partilho essa fezada, mas percebo-as. Tal como percebo quem ache que mais vale aumentar o número de abortos do que continuar a ter o aborto clandestino. Eu acho que é possível atacar o segundo sem ter de aceitar o primeiro, mas percebo-os.
Mas em toda esta campanha o que me custa mais ouvir é que os filhos têm de ser desejados e se não o forem não vale a pena. Que têm de ter todas as condições da vida moderna para terem direito a nascer. Essa conversa de prever o futuro duma pessoa, se vai ser ou não feliz, só porque foi mais ou menos desejada antes de nascer, ou tinha mais ou menos dinheiro, faz-me comichão bem lá no fundo! Claro que à partida é melhor quando se pôde preparar a vinda de um filho, mas quantos de nós não nascemos "do acaso" e temos uma vida normal à mesma?
É um avanço hoje termos os conhecimentos suficientes para podermos planear a vida e o melhor momento para ter um filho, mas é preciso estar bem ciente que pode haver um imprevisto, mesmo usando todos os métodos possíveis e imaginários. É assim a vida, sempre foi e será, e não é nenhum castigo de Deus para "meninos mal comportados"! Admiro todos os que aceitaram uma gravidez indesejada e, se porventura um dia me acontecer, quero agir da mesma maneira. E não virarei as costas a quem à minha volta passar por essa situação.
Nesses casos em que surje uma gravidez, para mim, e para todos os que votam "não", não há escolha: há apenas um novo ser humano que já existe e que em poucos meses estará cá fora e terá tantas hipóteses para ser feliz como qualquer outro. Mas para isso é preciso todos estarmos dispostos a promover as alternativas: lei laboral que proteja mais as mães, melhores incentivos à natalidade, instituições que apoiem as grávidas em dificuldades... Vamos pôr mãos à obra?
Não posso de maneira nenhuma concordar que nesses casos, ainda que difíceis, uma mulher tenha o direito de ir ao hospital e escolher terminar essa vida. A isto se resume o voto no "sim". E como diz o outro, assim NÃO!

Pelo Não - 4. Os fins das penas

Estudei no curso de Direito quais os objectivos que levam a que determinados comportamentos sejam punidos na lei com uma pena.
Simplificando, temos 2 grandes teorias para justificar as penas: por um lado, existe uma lógica de retribuição - castigar a pessoa pelo mal feito; por outro lado, uma lógica de prevenção - dissuadir as pessoas de praticarem esse comportamento e, uma vez o mal feito, dissuadir a pessoa de reincidir no crime.
Apesar de os nossos sentimentos mais primários se inclinarem para a lógica vingativa, essa não deve ser de facto a principal função. Será muito mais positivo ver que a defesa dos bens em perigo é reforçada através da criminalização da sua violação.
Ora, no caso do aborto tem sido considerado, e bem, que o próprio aborto já é "castigo" suficiente para a mulher, não fazendo sentido sujeitá-la a prisão. Por essa razão não há nenhuma mulher presa por ter abortado. Pode-se até ir um pouco mais longe, com a proposta já feita de suspender os julgamentos quando se trate do crime de aborto. Mas despenalizar por completo, como se pretende, significa terminar com o efeito de prevenção.
Dizem que quem "quer" abortar irá sempre fazê-lo. Eu acredito que o facto de a lei não o permitir é dissuasor para muita gente. Não que, uma vez legalizado, as mulheres passem a abortar "por desporto", isso é ridículo; mas sem dúvida que com tudo mais facilitado terão menos entraves a fazê-lo e o número total de abortos será maior. Por isso eu digo não!

PS: Hoje vinha na capa do jornal que uma das maiores clínicas de aborto em Inglaterra (Marie Stopes, também já com projecto para abrir em Lisboa) tinha atingido o record de 6000 abortos no mês de Janeiro. Tendo em conta que esta clínica faz cerca de 1/3 dos abortos neste país, podemos estimar em 18000 abortos só num mês! O jornal apontava como possível razão para este número elevado o aumento do "sexo ocasional" durante a época festiva. Não vou dizer que a liberalização do aborto é a causa da promiscuidade excessiva dos ingleses, mas seguramente que terá contribuído para a sua irresponsabilidade.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

The Dark Side of the Snow

Esteve a nevar desde que acordei até agora. Além de ser um óptimo pretexto para chegar (ainda mais) atrasado ao trabalho, continua a ter para mim sabor a novidade e isso é motivo suficiente para trazer a máquina fotográfica.
É bonito ver os flocos brancos a cair, mas quando chegam ao chão perdem todo o seu encanto. Com a sujidade dos passeios, que nalguns casos tinham sido ontem cobertos de sal (já se sabia que ia cair um nevão e os ingleses são previdentes), andamos pela rua a pisar uma espécie de lama escorregadia.

Uns miúdos que passavam na rua decidiram fazer um ataque de bolas de neve contra a paragem onde eu esperava o autocarro. Um rapaz mais velho que eu ainda tentou o contra-ataque, mas a pontaria dos putos venceu. "Bastards..." E ainda que atingidos pelos projécteis molhados, todos nos rimos.
Chegado ao comboio, os atrasos não eram maiores que nos restantes dias. Isto no meu caso, que faço um trajecto curto. O meu chefe, que mora a 70 kms daqui, ficou a trabalhar a partir de casa, o que faz baixar drasticamente os níveis de produtividade por estes lados.
Dois aeroportos estão fechados, mas em poucas horas a situação deve estar de volta ao normal - nada que me impeça de ir votar!

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

E a festa foi nossa!

Com quase 60 mil pessoas a assistir e um frio de rachar, conseguimos bater o Brasil por 2-0. Um jogo agradável mas sem grandes oportunidades de golo, com os dois tiros certeiros a acontecer já depois dos maiores craques sairem.
O Brasil, tal como no Mundial - e pior aqui, sem Ronaldinho - não convenceu. Atrás de mim, um pai e dois filhos pequenos, adeptos do Arsenal (onde joga Gilberto), torciam pelo Brasil e gritavam "diver" de cada vez que Cristiano Ronaldo caía ao chão. Mas nos últimos minutos, quando finalmente se fizeram ouvir no público os gritos de "Por-tu-gal", os miúdos não resistiram e gritaram também!
A festa começou bem mais cedo, nas imediações do estádio, com o samba a reinar. Apesar de estarem muitos compatriotas, eram muito mais os brasucas. Antes do jogo, entrei num supermercado, e como eu era o único com o nosso cachecol ao pescoço, no meio de muitos verde-e-amarelos, fui brindado com divertidas imitações do nosso sotaque.
Como já era de noite, as minhas tentativas de fotografar no exterior do estádio resultaram todas em imagens tremidas ou sem interesse. Mas deixo aqui as outras que se safaram.

Antes do jogo

As equipas perfiladas para os hinos - mas poucas gargantas cantaram o nosso


Cristiano Ronaldo, aqui a apontar o livre, era sempre muito assobiado quando tinha a bola, mas tinha também uma legião de fãs teenagers a torcer por ele




Um canto de Deco

Com o João e a Luísa
(private joke: lá vai o vosso amigo encontrar-vos de novo num blog fascizóide...)

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Festa em português

Vou agora para o estádio do Arsenal, para assistir ao jogo amigável entre Portugal e Brasil.
Vim para o trabalho já equipado com o cachecol da selecção e com uma camisola verde que tem o nome de Portugal estampado a vermelho. Trouxe também a máquina fotográfica para registar as melhores imagens da festa - ficam prometidas para este mesmo espaço, lá para o fim da noite.
Mais importante do que o resultado vai ser a festa que nós, os emigrantes de um e outro lado, vamos fazer - espera-se uma grande noite em português, no coração de Londres! E quem não salta é inglês...

Rui

É sempre bom ter amigos de visita. Mas melhor ainda quando já não é preciso percorrer o "pacote turístico" de sempre, e se pode andar a viver Londres de todos os dias. E tem sido assim com o Rui, que tem estado cá a passar 2 semanas.
Temo-nos encontrado bastantes vezes: jantares, passeios, cinema, serão em minha casa... Até assistiu a um bocado do meu ensaio do coro e veio almoçar comigo ao fim do mundo onde trabalho.
Estar com o Rui é sentir o conforto de uma amizade de 10 anos, em que tudo pode ser revelado e discutido, porque, apesar de termos percursos e ideias diferentes, temos sobretudo uma linguagem comum e sabemos muito bem o que o outro vale. Devo-lhe muito, sobretudo desde que cá estou - tem sido o fiel depositário dos meus desabafos e quem me reforça a confiança quando a perco.
Tem cá também a namorada e o irmão, e tem sido óptimo para mim passar mais tempo com eles. No fundo, não falta gente interessante por cá, eu é que às vezes procuro pouco...
E já agora, Rui, não queres tentar a sorte por aqui?

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Pelo Não - 3. Contra o aborto clandestino

Um dos principais argumentos usados do lado do ‘sim’ é a necessidade de acabar com o aborto clandestino. Nisso estamos obviamente de acordo. Mas dar a uma mulher (ou a um casal) a possibilidade de escolher fazer um aborto num hospital ou clínica não é a solução, porque mesmo no ambiente mais asséptico não deixa de se eliminar uma vida.

Em primeiro lugar, a maioria dos casos de “aborto clandestino” (60%, segundo o estudo da APF) foram realizados em hospitais e clínicas – ou seja, com as mesmas condições que qualquer outra intervenção cirúrgica, ainda que às escondidas. Ou seja, boa parte do “aborto clandestino” de hoje é na prática igual ao “aborto legal” que se pretende estabelecer.

E há que deixar bem claro que qualquer aborto, como procedimento delicado que é, mesmo feito com o melhor equipamento e condições de higiene pode sempre levar a complicações físicas: perfurações do útero, septissémia, esterilidade futura...

Mas claro que os riscos para as são muito maiores quando o aborto é feito nas tais casas particulares. Então porque não se denunciam as criminosas “parteiras de vão de escada”? Se pelos vistos todos sabem onde elas estão... Ou será que há quem veja a sua actuação como uma forma “generosa” de livrar uma grávida do seu “problema”?

Ainda que o aborto passe a ser livre até às 10 semanas, o aborto clandestino continuará a existir, não só para os casos acima das 10 semanas como também para algumas mulheres que possam ter vergonha de se dirigir a um hospital ou clínica. Vamos continuar a deixar as abortadeiras, e os médicos que o fazem à margem da lei, por aí à solta?