sábado, 31 de dezembro de 2005

Balanço do Ano

Em 2005, o país andou ocupado com várias eleições. Em Fevereiro, o (des)governo de Santana Lopes foi substituído pelo governo de Sócrates com maioria absoluta. Apesar disso, poucos meses depois as autárquicas deram a vitória ao PSD. E também aos autarcas corruptos... No PS, Soares e Alegre desentenderam-se e lutam agora pela cadeira de Presidente, que ao que tudo indica ficará para Cavaco.
António Guterres foi nomeado Alto Comissário para os Refugiados. A seca teve consequências graves na agricultura, e os incêndios voltaram a ser uma praga. Também de registar, as mortes da Irmã Lúcia e de Álvaro Cunhal, duas vidas completamente diferentes, com a única semelhança de ambas terem sido orientadas por acontecimentos ocorridos em 1917. Houve ainda o arrastão que afinal não foi, as torres de Tróias que foram abaixo e os 250 anos do terramoto.

No desporto, o Sporting "morreu na praia" na Taça UEFA, perdendo a final em Alvalade para o CSKA. O Benfica tirou a barriga de misérias e conquistou o título que lhe fugia há 11 anos. Mourinho triunfou na Liga inglesa, e prepara-se para repetir a dose nesta época. Portugal voltou a ter um corredor de Fórmula 1 (e logo um Tiago!), mas foram os espanhóis que cantaram vitória com Alonso. E o Dakar partiu de Lisboa!

No espectáculo, tivemos os concertos dos U2 e dos Coldplay, e recebemos a visita dos MTV Europe Music Awards. Nos tops, triunfaram James Blunt e os D'ZRT. No Porto, abriu finalmente a Casa da Música. Muitos artistas juntaram-se no Live8 em nome de uma economia global mais justa. Million Dollar Baby ganhou o óscar de melhor filme, mas nas bilheteiras triunfaram os pinguins, mais um Harry Potter e o último capítulo de Star Wars.

Lá fora, Carlos casou com Camilla e os gays passaram a poder "casar" em Espanha e Inglaterra. Tony Blair ganhou pela terceira vez as eleições e insistiu com as grandes potências para colocarem como prioridade da agenda o apoio aos países mais pobres. A Constituição Europeia ficou adiada. Lula sobreviveu ao "mensalão". Michael Jackson foi absolvido (será um prenúncio do processo Casa Pia?). Os motins em Paris alertaram mais uma vez para os problemas da emigração e do desemprego. Os israelitas deixaram a faixa de Gaza, mas os conflitos está longe de terminar. A gripe das aves pairou como ameaça global mas afinal não se revelou tão grave. Bem mais grave foi o Katrina, que destruiu New Orleans, e outros furacões que atacaram a América Central.

O sudoku tornou-se o desporto oficial dos transportes públicos, os iPods são o último brinquedo tecnológico e as séries televisivas inundaram as secções de DVDs das lojas. Na internet, os blogs cresceram como cogumelos, e aqui saúdo o nascimento dos blogs da Mafalda, das Joanas, da Ana Sofia, da Constança, e o Portugal No Mundo.

Queria destacar ainda duas notícias de 2005 que me tocaram particularmente. Primeiro, a morte de João Paulo II, um Papa que marcou a minha vida, e que recebeu no seu funeral a merecida homenagem dos líderes de todo o mundo e de milhões de pessoas que acorreram a Roma. Segundo, os atentados terroristas em Londres, muito perto do lugar onde eu vivia nessa altura; apesar de eu estar a gozar o sol da Caparica no fatídico 7 de Julho, regressei a tempo de assistir à exemplar resposta do povo londrino, que recusou render-se ao medo e continuou a sua vida de sempre.

A nível pessoal, foi um ano de conquistas. Depois da época de exames em que mais estudei na vida e do difícil parto da dissertação, acabei o Master com bons resultados e consegui um emprego, e assim prolonguei a minha aventura londrina; acho que tomei a decisão acertada. E passei do conforto (apertado) da residência para um apartamento onde os três temos de tratar de tudo, e até agora tem corrido tudo às mil maravilhas.
Em Londres, boas amizades nasceram ou cresceram. Com o Eduardo, que me tem acompanhado sempre, nos bons momentos (incluindo 3 visitas a Portugal!) e também nas minhas neuras. Com o Roberto e os colombianos (Juan, Catalina e Natalia), com quem fui conhecer Paris e que me acompanharam em várias festas (com vinho e queijo, pois claro!), sendo que a próxima vai ser em Bogotá. Com a Nayan, que agora vive comigo e com quem tenho tido muito boas conversas. Com a Ana Magalhães, que tenho conhecido muito melhor.
E as amizades de cá não ficaram a perder (acho eu, mas aceitam-se reclamações!). Ainda há poucos dias uma amiga me dizia que eu conseguia estar sempre presente nos momentos importantes. E graças ao MSN e ao Skype, consigo receber muitas novidades em primeira mão!
Há uma coisa que infelizmente não vou conseguir repetir em 2006: neste ano vim 9 vezes a Portugal, e tudo somado passei cá quase 3 meses! Não há nada como a vida de estudante...
Mas também foi muito bom receber a visita dos Pais, do meu irmão João, da Joana e da Sara, do João Raposo (que passou um mês na minha residência), do Diogo, do Ricardo, do Bruno e da Rita, do Rui, da Diana, da Mafalda, da Inês, da Francisca, da Joana e do Pedro.
Os momentos altos do ano foram o nascimento do meu sobrinho João, o casamento do Pedro e da Isabel, e o do Constante e da Cláudia, a viagem a Paris, os passeios a mostrar Portugal aos amigos estrangeiros, os concertos dos U2 em Cardiff e da Mariza em Londres. E, claro, o dia em que soube as notas do Master e o outro em que recebi o telefonema a dizer que tinha trabalho.
Em suma, foi um ano em cheio e só posso desejar que o seguinte não lhe fique atrás!

A terminar, queria agradecer-vos a todos, amigos e curiosos, por lerem este blog e me incentivarem a escrever. Era um sonho de sempre, e saber que tenho umas 50 visitas por dia é motivo de alegria!

Para todos, o desejo de que entremos em 2006 com optimismo e empenho, e já agora... que Portugal dê um pontapé na crise e ganhe o Mundial!

terça-feira, 27 de dezembro de 2005

O meu Natal

Eis-me de volta a casa. Acho que me senti pela primeira vez emigrante, a ir passar o Natal à terra. Trabalhei até ao dia 23 e vim nesse dia à noite, enquanto que no ano passado tinha vindo com 2 semanas de antecedência, por isso não deu para ter a mesma sensação. No entanto, tenho sempre a sensação de estar perto, muito perto...
Pela primeira vez andei em business class. Obviamente que não foi uma opção! Quando reservei os bilhetes em Outubro os mais baratos que havia custavam 75 contos, mas passar o Natal com a família vale bem esse dinheiro! Cheguei ao aeroporto mesmo em cima da hora e a fila para o check-in era enorme: "tás tramado", pensei. Pedi a ajuda a uma menina da British Airways (sim, pela primeira vez voei numa companhia decente) e ela disse-me para ir por um corredor para o check-in "premium". Aí não só não havia fila, como ainda nos ofereciam chocolates. Os lugares no avião não eram diferentes dos restantes, só havia uma cortina a separar-nos. Mas tive direito a rosbife, talheres de metal e a atenção constante das hospedeiras.
À chegada, foi difícil descobrir os meus pais, tal era a multidão no aeroporto. Foi o auge da sensação de emigrante a chegar!

A manhã do dia 24 foi passada a embrulhar os presentes, porque em Inglaterra nenhuma loja o faz (quem disse que lá é tudo melhor?). E seguiu-se o almoço de anos do Ricardo, que há vários anos faz parte da tradição.
Apesar de ter passado a última semana enfiado na Oxford Street e de trazido uma mala enorme completamente cheia de presentes, claro que me havia de faltar um, por isso lá estava eu no Fórum quase às 7 da tarde do dia 24. É sempre assim!
Cá em casa a noite de 24 é mais simples, porque a minha irmã vai para os sogros (logo, não há crianças) e o meu irmão tem de sair cedo para a Missa do Galo. Mas claro que é sempre um jantar mais especial (apesar de o bacalhau não ser o meu forte), com o João, os Pais e a Tia Mila.
O dia 25 foi mais intenso. Para começar, fomos à missa (na Moita, por ser dia de festa), para recordar o que verdadeiramente se celebra neste dia. Depois viemos almoçar, já com toda a família, o peru recheado e as infindáveis sobremesas. Como o João teve de voltar para as suas obrigações de pároco à tarde, a abertura das prendas ficou adiada até às 9 da noite, quando as crianças já estavam mais que impacientes.
Parece que escolhi bem os presentes: o massajador de pés para a Mãe, o atlas para o Pai, uma buzina para o João, livros para a Isabel e o Carlos... mas o que fez mais sucesso foi o boneco do Harry Potter que ofereci às sobrinhas. Ele faz levitar uma bola, aparecer fogo, desvendar códigos... simplesmente magia!
Eu também não me posso queixar do que me tocou: uma camisola, uma camisa, um polo, um perfume, o DVD do Gato Fedorento, uma assinatura do Expresso Online (!!), uma "agenda sudoku", um "porta-papéis e canetas" para o escritório, um conjunto de cremes e after-shave, vinho e queijo.
Mas este Natal teve um sabor especial, porque tivemos connosco o nosso Menino Jesus, a estrela do dia: o Janeco!!!


sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

Desculpem

Peço desculpa por tão prolongada ausência... A verdade é que esta semana tem sido non-stop: festa de Natal da empresa, compras de Natal, últimos dias com os meus pais, compras de Natal, visita da Joana e do Pedro, compras de Natal, partida do Eduardo para o Chile e a minha partida dentro de umas horas para Lisboa.
Queria comentar estas coisas todas, mas o tempo é escasso. Deixo aqui umas fotografias e mais tarde completo o post, tá?

Esta é a minha secretária, junto à janela e com decoração de Natal!

Estes são alguns dos colegas do meu piso:
- o mais velho é o Chris, meu manager, muito simpático mas um bocadinho burgesso;
- o outro rapaz é o Stephen, que tem a mesma função que eu, muito simpático mas gay;
- a do cachecol de plumas é a Rebecca, que trata dos casos de "má vizinhança" e crime nos nossos bairros, muito simpática mas flatulenta (!);
- e a da direita é a Kate, que trata das taxas que cobramos aos clientes, muito simpática mas casada.
Agora vou para o trabalho, mas mais tarde (de Londres ou já de Lisboa!) escrevo mais.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2005

Harry Potter!

Hoje foi a minha graduation. Não quero traduzir por entrega de diplomas, porque a única coisa que fiz, depois de ouvir o discurso do director da Faculdade, foi subir ao palco, na minha vez, e apertar-lhe a mão. Nada de canudo...
Não foi tão giro como a entrega do meu diploma de Direito em Lisboa. Primeiro, porque, enquanto que em Lisboa estava rodeado de bons amigos, aqui tinha apenas alguns (poucos) colegas do meu curso. Os meus melhores amigos eram da residência, e todos esses ou já voltaram para as suas terras ou tiveram a sua cerimónia ontem.
Segundo, porque não houve um discurso de nenhum representante dos alunos tão inspirado como o do Luís, nem a actuação de uma banda de jazz em que entravam alguns professores.
Além disso, por muito prestigiada que seja a LSE e o seu director, é difícil igualar a Nova, que há 2 anos chamou para a ocasião o ex-presidente da Assembleia Geral da ONU e o futuro presidente da Comissão Europeia.
Nem quero sequer comparar os nossos salgadinhos e vinhos com as sandes deprimentes de pão de forma e vinho misturado com sumo de laranja que hoje nos serviram.
Mas claro que hoje foi um dia muito especial. Porque celebrámos o completar de uma meta, depois de algumas noites perdidas a escrever trabalhos e a estudar para os exames. Porque ter feito parte da LSE é motivo de orgulho e, muito mais que isso, proporcionou-me a experiência de beber de várias culturas. Porque os Pais vieram. Mas também - e esta parte dá-me uma particular satisfação - porque, como podem ver pelas fotos, me pude pavonear pelas ruas de Londres mascarado de Harry Potter!!!




domingo, 11 de dezembro de 2005

Passeio de domingo


A foto da praxe em Picadilly Circus

Depois o Render da Guarda

E seguiu-se o Green Park, o Hyde Park, a Oxford Street, o Covent Garden, a Trafalgar Square, a Wesminter Cathedral, o Big Ben, a Leicester Square e a Chinatown. Um fartote!
Ao fim da tarde fomos a uma missa em inglês, espanhol, brasileiro e cantonês (!).

Inês, esta é para ti!

No autocarro, hoje de manhã, entra uma senhora de 40 e picos carregada com sacos.
Ela: Chetop Oleborne Cheteichion? (leia-se bem sibilado)
Motorista: What?!?!
Ela (mais devagar, e em tom mais alto): Che-tope Ole-borne Che-tei-chion??
Motorista: Oh! Holborn Station! It's the next stop.
Ela: ???
Eu: É portuguesa?
Ela: Chou.
Eu: Ele tá a dizer que é já na próxima.
Ela: Ah... obrigado! Já tou cá há 2 anosh e falo um bocado de inglêsh, mash não tenho uma pronúnchia muito boa. Foi por icho que perchebeu?
Eu (mentindo): Não... Os portugueses topam-se bem pela cara!
Ela: De onde é?
Eu: Da Costa da Caparica.
Ela: Eu chou de Visheu!!!

sábado, 10 de dezembro de 2005

Primeiro passo: supermercado

Já cá estão!

Os meus pais já chegaram! Ficam cá até ao outro domingo, dia 18.
Pusemos a casa impecável para os receber! E parece que passámos no teste da primeira impressão.
É um bocado estranho receber os Pais como visita na minha casa, mas é muito bom! Para além do queijo, enchidos, utensílios de cozinha e o Expresso que nos trouxeram!
Não prometo escrever muito nos próximos dias, mas vou ter muitas fotografias para aqui deixar.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2005

10 anos

Tenho andado preguiçoso para escrever, mas hoje não podia deixar passar em claro esta efeméride.
Há 10 anos, neste dia de Nossa Senhora da Conceição, o meu irmão João foi ordenado padre. É verdade, pode ter cara de miúdo (como o outro do anúncio), mas já é padre há 10 anos!
Nesse tempo, já passou por Palmela, pelo Seixal e agora pela Moita, sempre com responsabilidades acrescidas.
A vida de padre não é fácil, sobretudo quando há que celebrar 5 ou 6 missas cada domingo (mais os casamentos e baptizados), ou quando a meio do dia de folga é chamado para ir fazer um funeral. Mas quem convive com o João sabe que ele é feliz na vocação que escolheu.
Eu tinha 8 anos quando ele entrou para o seminário. E segundo ele contou na primeira missa, o que mais lhe custou foi deixar o irmão pequenino. Mas claro que isso não foi impedimento a que mantivéssemos sempre uma cumplicidade muito grande.
Em criança, ficava atrapalhado quando me perguntavam porque é que o meu irmão "ia para padre", e se eu mais tarde queria ir também. Mas quando cresci rapidamente isso deixou de ser um tema sensível e, até hoje, sempre que me perguntam se tenho irmãos eu faço questão de realçar que o meu irmão é padre. É um orgulho muito grande quando um dos seus paroquianos vem ter connosco (pais e irmãos) para contar algum episódio onde ele teve um papel importante na sua vida, e isso acontece com alguma frequência. E é um orgulho vê-lo cativar as pessoas com as suas magias e malabarismos, os seus hobbies preferidos (além do futebol e da bicicleta), que são ao mesmo tempo forma de descontracção e um meio original de transmitir a mensagem cristã. E foi também uma emoção muito forte vê-lo baptizar os meus sobrinhos, fazer o funeral dos meus avós, ou casar o Pedro e a Isabel.
Aqui lhe deixo os meus desejos de que continue sempre fielmente dedicado a Quem o escolheu e aos que lhe vão sendo confiados. Dessa maneira, será sempre para mim um exemplo, que me incentiva a ser melhor. E de qualquer maneira - e só isso já é tanto!, é o meu irmão.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2005

Sem feriados

Dezembro é um bom mês para trabalhar em Portugal. Dois feriados logo ao início, que com sorte dão direito a ponte, e depois entra tudo em banho maria até ao Natal. Da última semana do mês nem se fala.
Aqui há muito poucos feriados no ano. Mas pelo que vos disse em posts anteriores, não me posso queixar das condições de trabalho. E pela minha parte, daqui até ao Natal vão ser tempos engraçados, com a visita dos meus pais e da Joana, a cerimónia de graduation e as compras de Natal. Só é chato anoitecer às 4h30 da tarde...

Voltando ao trabalho, já começo a perceber bem como funciona a habitação social aqui. Qualquer pessoa se pode inscrever na sua autarquia, e depois a sua situação é avaliada e acumula "pontos". Quantos mais "necessidades sociais" tiver, mais pontos tem, e mais sobe na lista de espera para casas sociais. Essas casas pertencem ou às autarquias ou às housing associations, como a minha. Mas tudo isto representa muitas centenas de milhares de casas, especialmente porque aqui as rendas privadas são muito caras.
Em suma, as pessoas que entram para as casas da Toynbeee, ou vêm da lista de espera das autarquias, ou são pessoas que já viviam em casas da associação e pediram para mudar (porque a família cresceu, ou diminuiu, ou porque têm problemas com a casa actual). E são todos pessoas com dificuldades: idosos, famílias pobres, sem-abrigo...
No próximo post conto-vos o que estou a fazer exactamente.

terça-feira, 29 de novembro de 2005

Free food!

O telefone tocou aqui em cima: tinham cancelado uma reunião e por isso havia muita comida lá em baixo, na cozinha. Em 2 minutos estava uma multidão de trabalhadores, tudo de prato na mão a tirar sandes, camarões, amendoins, meloa, ananás... E eu lá no meio, claro!

E agora aqui estou, a estudar qual a melhor maneira de fazermos uma recolha estatística sobre os nossos residentes, mas já com a barriga cheia. De borla!

domingo, 27 de novembro de 2005

Ainda o trabalho

Desculpem o meu último post algo pretensioso, eu só queria mostrar como eles aqui se esforçam por dispor das condições materiais para que os trabalhadores se sintam bem. Além disso, há um grande à-vontade entre todos: desde a recepcionista até ao director, todos se tratam pelo nome e não poupam nos sorrisos.
O edifício onde trabalho é o da esquerda, e estou mesmo junto à janela do meio, no último andar de cima. Levei a máquina fotográfica na sexta mas não tive lata de a usar dentro do escritório. Talvez daqui a uns dias...
A primeira tarefa que me deram foi a de reformular os "service standards", que é um documento onde a associação se compromete com os seus clientes a prestar os serviços dentro de determinados parâmetros: fazer reparações em x dias, responder às queixas em x tempo, arrendar as casas em determinadas condições ou consultar as pessoas sobre este ou aquele assunto. A coisa deve ser o mais pormenorizada possível, o que vai até ao ponto de se dizer que "o telefone será atendido dentro de 7 toques"!
De resto, estou cada vez mais integrado, já faço conversa com os coleguinhas e até já fui convidado para uma tea party na terça, em casa de uma das colegas.
Por tudo isto, ainda estou no estado de graça, em que vou para o trabalho com vontade, ainda que a tiritar de frio...

quinta-feira, 24 de novembro de 2005

Regalias

Hoje de manhã a responsável pelos Recursos Humanos esteve-me a explicar os benefícios a que eu tinha direito: um seguro de saúde, que paga 50% das despesas com serviços não abrangidos pelo sistema de saúde público (que é gratuito); o ginásio (com piscina!), que fica na mesma rua do trabalho; um serviço telefónico 24 horas de "apoio psicológico", caso esteja com problemas no trabalho ou na vida pessoal.
Além disso, tenho os meus "progressos" no trabalho são avaliados pelo meu superior hierárquico, com quem vou discutindo os meus objectivos pessoais e a formação que preciso para os atingir. Se no final do ano tiver conseguido bons resultados, recebo um bónus que pode ir até 5% do salário anual.
Outra regalia importante é o facto de a minha secretária estar encostada à janela e eu poder disfrutar da vista...

quarta-feira, 23 de novembro de 2005

Primeiro dia

Caminhei pelo frio uns bons 15 minutos, até à estação de Camden Road. O comboio estava mesmo a chegar, e vinha cheio, mas ainda deu para ir sentado. Como tinha dado algum tempo a mais para o caminho, por ser o primeiro dia, cheguei ao trabalho meia hora antes.
De manhã, a directora do meu departamento esteve a explicar-me (durante 2 horas!) como estava organizada a housing association, mas ainda não consegui perceber especificamente que tarefas vou estar a fazer. Só sei que nas próximas semanas vou estar "em formação", o que implica pesquisar bastante, acompanhar alguns dos trabalhadores (desde fazer visitas às casas a estar um bocado na recepção) e até ir a algumas aulas noutros sítios. Parece muito interessante!
Depois apresentou-me a todos os que trabalham no edifício, que devem ser uns quarenta, quase todos ingleses. Finalmente vou aprender a falar bem!
Eu estou no último piso. Partilho a sala com outro rapaz e duas raparigas, da minha idade ou pouco mais velhos, e há depois três gabinetes para os nossos superiores. O ambiente é muito bom, as pessoas vão fazendo comentários, oferecem-se para fazer café e chá, e há até uma gaveta - que me vou esforçar por não abrir muitas vezes - com bolachas e biscoitos!
Hoje comi só uma sandes comprada no supermercado mais próximo, mas nos próximos dias posso comprar refeições já prontas, porque no trabalho há uma cozinha com micro-ondas e mesas.
À tarde estive a ler, coisas genéricas sem grande interesse, e também me puseram o computador a funcionar. Já tinha recebido um mail sobre a festa de Natal da empresa, que vai ser uma almoçarada num hotel seguida de disco (uma matiné!!).
E às 5h05 já era o único no meu andar, por isso resolvi vir-me também embora!

terça-feira, 22 de novembro de 2005

Está quase!

Já cá estou! Pela primeira vez em muitas viagens, deixei uma Lisboa cinzenta para aterrar em Londres com céu azul. Mas já muito frio!
Apesar de cansado de uma noite mal dormida, pedi o The Independent à entrada do avião e comecei a ler. Li, por exemplo, que aqueles autocarros velhinhos de dois andares, em que se entra por trás, vão sair de circulação daqui a 2 semanas (ficam só os de dois andares modernos).
Mas o pior foi quando cheguei a uma página que tinha 3 problemas de sudoku, o jogo do momento. Para quem não sabe - e também só me explicaram há 2 dias como se joga -, é uma espécie de palavras cruzadas mas com números. Tentei primeiro o "fácil", e rapidamente tinha o jogo todo mal, com números a repetirem-se onde não deviam. Depois fui ao "intermédio", e aconteceu o mesmo. Já estava prestes a desistir (é mesmo daqueles jogos enervantes, mas que facilmente vicia), quando resolvi tentar o "difícil".
Um parêntesis aqui para dizer que sempre tive muita paciência para coisas inúteis, como fazer listas de tudo e mais alguma coisa, ou procurar gente conhecida na lista telefónica (mesmo que seja um Silva ou Santos).
Foi então que resolvi ir, quadrado por quadrado (e são 81!), ver todos os números que seriam possíveis de pôr em cada um, e depois segui, linha por linha, horizontal e vertical, a ver o número que não se repetia noutros quadrados, ou seja, aquele que só poderia ser num específico.
Bem, esta explicação é chinês para quem nunca experimentou jogar, mas o resultado foi, não só a transformação de um jogo de lógica num mero jogo de paciência (agora dá para acertar sempre) e, bem pior que isso, uma dor de cabeça até ao fim do dia.
Por isso, e contrariando os meus horários habituais, vou-me deitar às onze da noite (cedíssimo!) para amanhã estar fresco no meu primeiro dia de trabalho!

domingo, 20 de novembro de 2005

Portugal no Mundo

Comecei hoje a participar no blog Portugal no Mundo, que reúne os comentários de vários jovens emigrantes sobre a vida fora do nosso querido país.
Não deixa de ser estranho: eu, que nunca tive a ambição de ir para o estrangeiro, acabo por ir e ficar mais tempo do que esperava. Há umas semanas, antes de vir a Portugal, questionava-me seriamente se estaria a fazer a escolha certa. Por muito giro que seja Londres e o trabalho lá, sei que o meu lugar é aqui. Se dúvidas houvessem, confirmei-o nestas duas semanas de intensa vida social por cá.
Mas ao mesmo tempo sinto que ainda tenho muitas crónicas de Londres para escrever, e tenho muita vontade de voltar para lá e de começar a trabalhar! É mais uma etapa da vida...

quinta-feira, 17 de novembro de 2005

Os prazeres da carne

Nesta estadia em Portugal, tenho-me desforrado na carne. Tenho comido quase sempre bifes, costoletas, picanha e até uma francesinha! Não me posso queixar de comer mal em Londres, mas falta-me o bife com batatas fritas de cá. E nem é preciso ir ao supermercado, já aparece tudo no prato!
Outra coisa que tenho aproveitado é a hora de almoço. Cá, apesar de haver muita gente a comer uma sopa e um rissol ao balcão, todos têm a oportunidade de ir ao restaurante e, por 5 ou 6 euros, comer um prato, às vezes até com sobremesa. E o almoço se prolonga por mais 10 ou 20 minutos, ninguém se preocupa muito. Eu sei que isto não abona muito em favor da produtividade nacional, mas para o amigo que está de visita e quer pôr a conversa em dia, dá muito jeito!
Os londrinos não têm este ritual para almoçar. Normalmente, vão comer uma sandes ou uma salada e voltam para o trabalho. Quando o clima está melhor, sentam-se a comer nos muitos parques da cidade, o que tem muita piada. Mas como agora os termómetros já descem abaixo dos 10ºC, o que me espera para a semana é mesmo a bela da sandocha comprada no supermercado e comida à pressa. E sem Sumol laranja...

quarta-feira, 16 de novembro de 2005

Procissão

Já passaram alguns dias, mas queria mesmo escrever sobre isto. Foi impressionante participar na procissão do passado sábado, com a imagem de Nossa Senhora de Fátima a percorrer as principais ruas de Lisboa, e a terminar com a consagração da cidade à Virgem. Segundo o DN, estiveram presentes 500 mil pessoas. Desta vez não encontrei só "os do costume", os papa-beatices como eu. Havia pessoas de todas as idades e classes sociais, e muitos vindos de fora de Lisboa. Foi bonito.

Depois da procissão, a imagem ficou toda a noite na igreja de S. Domingos, no Rossio. O ambiente naquela igreja é sempre espantoso. As marcas do incêndio que teve, a contrastar com a imponência do espaço, dão-lhe uma atmosfera especial. Mas fiquei surpreendido quando fui lá às 3 da manhã (a hora que tocou ao MSV animar) e a igreja estava cheia, num silêncio de recolhimento, apenas interrompido pelos cânticos suaves dos muitos jovens presentes.

É uma responsabilidade de cada um cuidar da sua vida espiritual e da sua relação com Deus, mas ajuda muito sentirmo-nos parte de uma comunidade maior que é a Igreja. Dentro da qual se formam muitas comunidades mais pequenas. No meu caso, a paróquia da Costa da Caparica, o MSV e a capelania universitária de Londres.
Foi uma alegria ver a cidade onde nasci rendida Àquela que deu à luz Jesus. E mesmo já sem as velas, a iluminação da Avenida da Liberdade lembra-nos que vamos celebrar mais uma vez esse acontecimento!

segunda-feira, 14 de novembro de 2005

Em Portugal

Tenho muito para escrever. Mas aqui não paro. Escrevo já.

terça-feira, 8 de novembro de 2005

É bom estar cá!

É bom caminhar pela por Lisboa num dia frio, com sol e céu azul.
É bom receber um convite da Ana Sofia para lanchar e ficarmos à conversa.
É bom ir à Loja do Cidadão renovar o passaporte em "época baixa", e sair despachado num abrir e fechar de olhos.
É bom ir pela Rua Augusta, sentir o cheiro a castanha assada e encontrar uma amiga da faculdade que já não via há anos.
É bom poder telefonar às pessoas e poder mandar mensagens sem ter de ir ao computador.
É bom ter boleia para ir e outra para vir.
É bom ter sempre pão fresco, com manteiga e doce.
É bom tocarem à porta e ser a Joana, a chegar do trabalho, só para dizer olá.
É bom ir conhecer a casa nova do Vasco e ficar à conversa no sofá.
É bom ter cá a Mafalda até à 1 da manhã, porque se esqueceu da chave de casa.
Gosto muito de estar em Londres, mas é MUITO bom estar em casa!

sexta-feira, 4 de novembro de 2005

Vou a Portugal!

Recebi finalmente a carta do meu trabalho com o contrato definitivo. Trazia algumas boas notícias, como o horário de trabalho (das 9h às 17h) e a oferta da inscrição num ginásio (vou ter de aproveitar!), mas a notícia (em termos económicos) de que só começo a trabalhar no dia 23 de Novembro.
O que fazer nestes 20 dias que me sobram? Noutras condições (com dinheiro e companhia), iria viajar pelo mundo, mas agora o que me sabe mesmo bem é dar mais um pulinho a Portugal, por 2 semanas! Vou na segunda, e regresso dia 22.
Vou ver o meu sobrinho (e sobrinhas, e toda a família), ajudar o Vasco e o Pedro nas mudanças, festejar os anos da Mafalda e da minha irmã, quem sabe dar um salto à Golegã (e não é que rimou?), comer castanhas assadas e beber jeropiga, participar no arranque do MSV, pôr a conversa em dia, ver o mar, saborear a comidinha da mamã, e o mais que me apetecer!
E depois volto cheio de força para o trabalho! E é só um mês, por sinal cheio de visitas, e depois é Natal!

quarta-feira, 2 de novembro de 2005

Já sou um Master!!

Results for: Tiago Manuel Mesquita TAVARES
Student no: 200408411
Award sought: MSc in Social Policy and Planning
Classification obtained: Pass with Merit

Legenda:
Pass = Suficiente
Pass with Merit = Bom
Pass with Distinction = Excelente

É hoje!

À noite vou a um concerto da Mariza no Barbican, aqui em Londres.
O meu bilhete foi oferta de alguns amigos nos meus anos (obrigado!!). Comigo vão também a Margarida e o Chris, e o Eduardo.
Apesar de ter no computador todos os álbuns, nunca a vi ao vivo, mas já me contaram que ela tem uma presença em palco muito forte, por isso a expectativa é grande!

Boas notícias

Cansado de esperar, telefonei para o meu (futuro) trabalho. Disseram-me que já tinham recebido a carta do MSV, e que assim sendo "o processo estava completo". Agora só tinham de decidir a data para eu começar, de maneira a que eu tenha alguma coisa para fazer quando lá chegar. Começo a cansar-me de tanta demora... De qualquer maneira, é mais um avanço.
A outra boa notícia é que não vou ter de usar fato. Como tinha a dúvida, perguntei directamente e ele disse "casual" (ou seja, calças e camisa bastam).

terça-feira, 1 de novembro de 2005

Os Três Mosqueteiros

Conhecemo-nos com 10-12 anos. Durante os anos decisivos da adolescência, fomos vizinhos, colegas de turma e de carteira, companheiros de futebol e de praia, ouvintes de desabafos e cúmplices de má língua. A certa altura auto-denominámo-nos "três mosqueteiros", o mesmo é dizer melhores amigos. Cada um com feitio diferente, mas um percurso forte em comum.
Hoje o Pedro está casado e trabalha em consultoria, o Vasco para lá caminha (digo eu) e trabalha em turismo. E eu, solteiro e emigrante.
Tal como eu mudei de casa há pouco, o Pedro e o Vasco vão mudar de casa nos próximos dias. O Pedro para a Estrada da Luz, o Vasco para Santo António, a 5 minutos da minha casa.
Custa-me estar longe e não poder ajudá-los nas pinturas e nas mudanças. Mas vou-me mantendo a par e tento mostrar-me sempre próximo. Como o faço agora, aqui.
Ficam prometidas para Dezembro duas grandes jantaradas. E quando puderem vir, cá vos espero!

sexta-feira, 28 de outubro de 2005

Ponto da situação

Porque é que ainda não tás a trabalhar?, perguntam vocês.
A carta de referência do meu professor já chegou. A carta do MSV foi mandada na segunda em correio azul e ainda não chegou. Normalmente demora 2 dias, em correio normal. Estou com azar. Se não tiver chegado na segunda, vou pedir para a enviarem de novo. Ou por fax.
Assim que eles cá recebam essa carta, posso começar logo a seguir. Está quase!

Isto não é o da Joana!

Cada vez a blogosfera se torna mais rica!
Saúdo o nascimento do Isto não é o da Joana, escrito por duas boas amigas.
A Joana Haderer foi da minha turma entre o 7º e o 12º ano. Ambos tínhamos a ambição de ser jornalista, mas eu optei por um caminho menos direito (o Direito), de tal maneira que acabei por me desviar (até um dia, quem sabe). Ela estudou Ciências da Comunicação na Nova e hoje é uma promissora jornalista da Lusa. Pelo que lhe conheço, não tenho dúvidas que vai ter um brilhante percurso!
A Joana Mota é minha amiga desde os 6 anos! Da 1ª classe ao 12º fomos sempre da mesma turma, ou pelo menos da mesma escola. Moramos a dois passos de distância e já partilhámos inúmeros programas, lanches e jantares, idas à praia, férias, natação, compras de prendas para os amigos, etc etc. É hoje consultora informática na Deloitte, mas cheira-me que em breve vai dar o salto para o estrangeiro.
Agora escrevem as duas, "sobre tudo e sobre nada", e eu vou ser um leitor assíduo!

quarta-feira, 26 de outubro de 2005

Vou à Colômbia!

Ainda não comecei a trabalhar mas já tenho destino de férias para Julho de 2006: Colômbia, ou quem sabe Colômbia + Guatemala.
Isto porque acabei de saber que a minha amiga Catalina vai casar nessa altura, em Bogotá. E claro que nós temos de estar presentes! E de preferência chegar a tempo de fazer uma última "festa do queijo e vinho", em versão despedida de solteira.
O nosso grupo tinha feito uma aposta sobre a data do casamento, e a Natália foi quem mais se aproximou. O mais afastado foi o Eduardo, que por isso vai ter que pagar a todos algumas rodadas de aguardente colombiana.
E a julgar pela dança e animação das festas colombianas aqui em Londres, imagino como será um casamento!

Se eu fosse uma figura do Principezinho...

terça-feira, 25 de outubro de 2005

"Casamento arranjado"

Na Índia, ainda hoje é comum a prática dos casamentos arranjados pelas famílias. Mas já não é tanto aquela história de estar decidido desde a infância que X vai casar com Y. O que acontece é que, quando uma pessoa passa dos 25 anos e ainda está solteira, a família começa a pressionar para que se case, e colabora activamente na busca do parceiro.
No caso da Nayan, que até vem de uma família instruída e "descontraída", essa é uma das razões para querer cá ficar mais uns tempos. Para além de poder arranjar cá um trabalho melhor, sabe que quando voltar para Bombaim o casamento vai estar na ordem do dia.
Ora, acontece que eu fui apanhado no meio desta novela. Como ainda não estou a trabalhar, de vez em quando tenho saído a passear com o pai dela, que está cá de visita. Vamos caminhando pela cidade, e há sempre um momento em que ele me convida a tomar uma cerveja. E assim temos tido óptimas conversas, sobre culturas, religiões, negócios e... amor.
Pai zeloso, o senhor Pankaj encontrou em mim um bom partido para a filha, e por isso a cada passo sai-se com uma pergunta mais directa, tipo quantos filhos eu quero ter ou o que faria se me casasse com uma estrangeira. E eu faço-me de desentendido e mudo de assunto...
Em primeiro lugar, embora ela seja gira e inteligente, e nos estejamos a dar muito bem, não estou para ali virado: não tenho feeling e há uma série de barreiras culturais pelo meio. Ainda que estivesse, não precisava de intermediários para tratar de um assunto deste nível.
Mas sempre nos vamos divertindo, o Eduardo e eu, com algumas indirectas pouco subtis que o senhor me vai mandando. Como ainda hoje, à mesa: if you like good food, you should marry a Indian woman!

domingo, 23 de outubro de 2005

Fim-de-semana

Enquanto não começo a trabalhar, só vos posso contar como é um fim-de-semana normal por estas bandas:

  • lida da casa - limpar a fundo as casas de banho (tarefa que, dada a minha desenvoltura, me demorou tanto como ao Eduardo limpar todo o andar de baixo), lavar a loiça, passar a ferro;
  • vida social - jantar cá em casa com um casal de chilenos na sexta, ir tomar um copo a um bar mexicano em Angel no sábado;
  • cultura - ver o filme Cidade de Deus pela terceira vez;
  • turismo - passeio junto ao rio, do lado sul - Vauxhall, London Eye, Waterloo;
  • gastronomia - sandes de atum, tostas de milho e cogumelos, pasta com queijo e ovo, muitos snacks indianos;
  • espiritualidade - missa na Newman House, a residência católica;
  • actividades físicas - introdução ao ioga, por Nayan e Pankaj Parekh (já deu para perceber que elasticidade não é comigo!).

quinta-feira, 20 de outubro de 2005

Só um pedido...

Que Cavaco ganhe logo à primeira volta, porque isto de ir a Portugal votar sai caro! Claro que é um bom pretexto para encontrar a família e os amigos, mas quando acontece 2 semanas depois das férias de Natal, nem dá tempo para ganhar saudades...
A alternativa era passar os meus registos para cá, basicamente o BI, e depois recensear-me no Consulado, mas como a estadia vai ser curta acho que não vale a pena. E é sempre giro voltar à escola primária para votar.
Cavaco terá o meu voto. Cresci a ir aos seus comícios na Cidade Universitária e na Fonte Luminosa, em 87 e 91, embora na altura dissesse ser do CDS, para ser do contra. Reconheço que Cavaco foi um óptimo primeiro-ministro, honesto e determinado, embora às vezes arrogante. É uma pessoa com competência profissional reconhecida, muito para lá da política. Além disso, está mais próximo dos meus valores que qualquer dos candidatos maçons do PS.

Coisas para fazer durante as "férias"

Passear pela cidade e descobrir novas lugares
Arrumar o quarto
Ler
Escrever para o Brasil
Preparar o programa da visita dos meus pais
Fazer lista de prendas de Natal e ir espreitando as lojas
Actualizar o site da família
Ir assistir a um debate no Parlamento (amanhã!) ou um julgamento
Procurar receitas de cozinha

segunda-feira, 17 de outubro de 2005

Em resposta à Joana...

A cerimónia é mesmo à americana, pelo menos na roupa! Tenho de alugar (por cerca de 50€) uma toga preta, chapéu quadrado preto e um colar preto e amarelo. A cerimónia demora 1 hora e tem uns discursos, ao que se segue a leitura do nome dos que completaram o curso. Na minha cerimónia devem estar uns 500 alunos de Master, por isso não pode ir cada um buscar o seu diploma, apenas dizem os nossos nomes. No fim há comes e bebes para todos.

Quanto à "pergunta do momento", telefonaram-me agora mesmo. Pelos vistos o processo de conferir as minhas referências demora um pouco mais do que eu pensava, porque é feito por escrito (carta pra lá, carta pra cá). Por isso a rapariga da agência disse que eu devia começar dentro de algumas semanas. Suponho que duas, não deve ser mais que isso. Espero!

Pais a caminho!

Estou muito contente!
Reservei ontem a passagem para os meus Pais virem cá em Dezembro. Vêm para a minha cerimónia de entrega de diplomas (dia 15) e aproveitam para conhecer Londres nessa semana, de 10 a 18.

sexta-feira, 14 de outubro de 2005

De Bombaim para Londres

Ontem à noite foi tempo de celebrar, com queijos vindos de Portugal e vinho verde vindo do Sainsburys. Acho lindo ler na conta do supermercado eggs, milk, bread... e depois, na nossa língua: vinho verde!
Connosco temos o pai da Nayan, que vai cá estar 3 semanas. Além de ser muito simpático, trouxe um carregamento de snacks indianos muito bons mesmo! E ainda vários CDs orientais, que agora fazem de música ambiente na casa, e um Monopólio!
Ontem a conversa foi sobre casamentos. Se em Portugal já é uma grande festa com custos inflaccionados, na Índia pode durar até 5 dias e os convidados podem subir até aos milhares.
Hoje de manhã, enquanto tomávamos o pequeno-almoço sentados no chão da sala, conversávamos sobre as nossas religiões. Eles seguem o jainismo, a mesma religião de Gandhi. Parece muito baseado na auto-consciência, um bocado mais virado para dentro do nós próprios e não tanto para Deus, e acredita na reincarnação. Mas há alguma coisa neles de espiritual que transparece e me incita a cuidar melhor dos meus momentos de silêncio e meditação. E ambos, pai e filha, me pediram para os levar comigo à missa no próximo domingo.
Foi mais uma ocasião em que senti o privilégio que é estar aqui a "beber" deste encontro de culturas, aprender com a novidade e consolidar os meus valores. E experimentar novos sabores também não é nada mau!!

Inspiração

Acredito que não foi coincidência a proposta de emprego ter vindo no dia 13 de Outubro, dia em que se lembra a última aparição de Nossa Senhora aos Pastorinhos em Fátima. Na vigília de dia 12, sei que tive várias pessoas, em Fátima e não só, a rezar por mim, e a todos agradeço.
Ontem, quando caminhava pela cidade, encontrei uma igreja escondida entre uns prédios e entrei. Era uma igreja muito antiga, e todas as luzes estavam apagadas, por isso sobressaía o sacrário iluminado e os vitrais lindos. Não estava mais ninguém na igreja além de mim e do "Jesus escondido". Foi a ocasião ideal para Lhe agradecer tudo o que me tem dado nesta experiência internacional e entregar-Lhe a fase que agora vai começar.

quinta-feira, 13 de outubro de 2005

Consegui!!!

É oficial: não sou mais desempregado!!!
Pelos vistos eles ontem gostaram muito da minha entrevista e querem que eu comece a trabalhar logo que possível.
Sou portanto, a partir deste momento, o Policy Officer da Toynbee Housing Association.
Vou tentar explicar-vos o que isto significa, mas até para mim ainda é um bocado confuso...
Uma housing association é uma organização sem fins lucrativos que gere um conjunto de casas arrendadas a preços acessíveis a pessoas com necessidades especiais (sem-abrigo, deficientes, idosos, jovens...), sem capacidade económica para arrendar casa no mercado normal.
Eu vou ter de avaliar os serviços que a associação presta, compará-los com os standards requeridos pelas leis do Governo e dos organismos reguladores da área, propor melhoramentos nos serviços e fazer com que sejam cumpridos. Isto vai implicar não só trabalho de computador, mas também ir falar com os moradores e com os outros membros do staff.
A sede da associação é em Stratford, no nordeste de Londres. Para lá chegar, tenho de caminhar 10 minutos até à estação de Camden Town, depois andar 20 minutos de comboio até Stratford e depois andar mais 5-10 minutos a pé. Não é muito perto, mas no fundo é o mesmo tempo que eu demorava para ir da Costa para a escola em Almada ou para a universidade em Lisboa.
O contrato é de 18 meses, um pouco mais do que eu esperava cá ficar, mas com as poupanças posso fazer algumas visitas a Portugal...
Estou ansioso por começar! Mas agora vou festejar! Passear um bocado pela cidade, porque há muito tempo que tenho andado agarrado ao computador a preencher formulários de candidaturas...

quarta-feira, 12 de outubro de 2005

Entrevista

A minha primeira entrevista de trabalho (da vida) afinal até não custou muito. Tinha andado preocupado nos últimos dias em saber muito sobre habitação social, mas acabaram por não me perguntar muita coisa sobre isso.
Primeiro deram-me 1 hora para preparar uma apresentação de 10 minutos sobre um projecto que eu tivesse liderado, e eu falei sobre a campanha de recolha de fundos para o MSV. O objectivo era mesmo testarem a minha capacidade de comunicação, por isso achei melhor falar sobre algo que eu dominasse bem - mesmo que vender T-shirts não tenha muito a ver com política social - do que pôr-me a inventar.
Depois foram-me fazendo perguntas sobre a minha experiência passada, e o que eu faria para resolver este ou aquele problema. E eu fui inventando, tentando dar as respostas politicamente correctas. Eram 2 pessoas, uma senhora e o senhor que vai ser o meu chefe, caso eu fique com o lugar. E amanhã já me dão a resposta, por isso vão ser umas horas de nervoso miudinho...
Os outros 2 candidatos (como eu era o do meio, deu para os ver) eram bem mais velhos que eu, por isso é natural que tenham mais experiência, mas isso pode não querer dizer nada. É esperar para ver!

segunda-feira, 10 de outubro de 2005

Parabéns a você (na Costa)

Sábado à noite, praia de São João... Obrigado a todos!!!

sábado, 8 de outubro de 2005

Parabéns a você (em Londres)

Meia noite em Londres. Happy birthday to you...













...e as primeiras prendas, oferecidas pelos meus flatmates.

sexta-feira, 7 de outubro de 2005

Amanhã...

Amanhã festejo um quarto de século!
É verdade, já lá vão 25 aninhos desde o glorioso ano de 1980.
Nesse tempo, a televisão era a preto e branco, as fraldas eram de pano e ninguém tinha computador.
Portugal tinha Eanes como Presidente, Sá Carneiro como primeiro-ministro, Cavaco Silva como Ministro das Finanças e Mário Soares como líder da oposição. Como mudaram os tempos e os protagonistas! Bem, nem todos...
Nesse ano em que o Sporting foi campeão, a minha mãe ficou grávida pela terceira vez, e às 18h30 do dia 8 de Outubro resolvi espreitar a luz do dia, com 53cm e 3,800kgs.

9131 dias, 120 centímetros e 77 kilos mais tarde, achei por bem interromper a minha vida de emigrante desempregado em Londres e voar até ao nosso querido Portugal, para celebrar esta ocasião com os bons amigos que fui fazendo na escola, na universidade, na igreja, no MSV, na vida em geral...
A festa vai ser no Bicho d'Água, um bar na praia de São João. O espaço é muito simpático, com almofadas e puffs, e vai estar um DJ a pôr música para dançarmos ólnailongue!

Ao que parece, em Portugal ainda é Verão, e a temperatura à noite deve andar pelos 20ºC (mais do que aqui em Londres faz de dia).
Espera-se portanto uma festa de arromba!!!

Quem vê caras...

Quando vi no jornal o anúncio para esta casa, tudo parecia perfeito: a localização, o tamanho das divisões e o jardim. Telefonei à senhoria e marcámos uma visita para 4 ou 5 dias depois. Nesse espaço de tempo, calhou passar aqui e vim espreitar como era a casa por fora. O prédio não era especialmente giro, quando comparado com algumas casas tipicamente inglesas que tínhamos andado a ver, mas o pior era mesmo a porta, de plástico e vidro fosco, muito feia e insegura. Pior ainda por se situar numa urbanização social (ai os preconceitos...).
Pensei em desmarcar a visita, e só não o fiz por esquecimento. Na véspera da visita, mandei um mandei um mail à Nayan que dizia o seguinte:

I forgot to cancel the visit in Mornington Crescent... The maisonette in the council block with a plastic and glass door... But as it's not so far away from here I think I can go there, and maybe I can get a surprise behind the door...


Vim então ver a casa, foi amor à primeira vista e 2 horas depois estávamos a pagar o sinal.
Hoje estamos felizes e contentes por cá estar, e vimos sempre para casa com um sorriso nos lábios. Mesmo quando entramos por aquela porta.
Isto para dizer que muitas vezes quem vê caras não vê corações...

quarta-feira, 5 de outubro de 2005

Para a posteridade

Sempre a comer...

Eu no fundo sei perfeitamente que tenho de perder algum peso, mas acreditem que com tanta tentação é uma tarefa sempre adiada. Passo a explicar.
Domingo passado a casa voltou a encher-se de chilenos. A Mariela (na foto), também chilena, era do curso do Eduardo e da Nayan, e a mãe dela estava cá de visita e ofereceu-se para cozinhar empanadas, uma espécie de pastéis de massa tenra (que saudades do Frutalmeidas!) mas ainda melhores! E como a senhora ainda demorou um bocado a prepará-las, e a malta tinha fome, lá tivemos de fazer um churrasco no quintal enquanto esperávamos...

Na segunda, já com a Inês e a Francisca regressadas de Norwich, a Ana Magalhães convidou-nos para ir conhecer a sua nova casa e fez-nos um jantar tailandês, com legumes e camarão, que estava uma maravilha! Mas estão a ver, eu e as meninas que comem pouco, e eu que tenho sempre aquela mania de "não vai sobrar aquele bocadinho"...

E ontem tivemos cá uma amiga indiana para jantar e a Nayan lá teve de fazer "aquele prato especial" e eu fiz crepes para a sobremesa, e hoje mais outro amigo americano e aquela carne especial...
E a barriga, essa pula de alegria!

domingo, 2 de outubro de 2005

Até na missa!

Já algumas vezes dei aqui conta da paranóia que os ingleses têm com os incêndios, aqui fica mais um episódio dessa novela:
Hoje de manhã fui à missa à Newman House, uma residência universitária católica. Por ser o início do ano lectivo, era uma missa mais solene com todos os capelães das várias universidades e um bispo. E com direito a incenso...
Aí é que a porca torce o rabo! Entra o cortejo fumegante, e poucos segundos volvidos começa a tocar bem alto o alarme de incêndio. Gargalhada geral, claro está, e alguém correu a desligá-lo. Antes que viessem os bombeiros e nos obrigassem a evacuar a missa...

quinta-feira, 29 de setembro de 2005

Um ano!

Sem eu dar conta, fez ontem um ano que eu cheguei a Londres. Foi também há um ano que comecei a escrever este blog.
Muita coisa mudou na minha vida no espaço de um ano: fiz um Master, fiz muitos amigos estrangeiros, voltei a ser "solteiro", tive um sobrinho, fui padrinho de casamento do meu amigo Pedro, e agora estou (assim espero) prestes a encontrar um trabalho por cá, onde nunca esperei ficar.

Embora não soubéssemos que tínhamos uma efeméride para comemorar, ontem tivemos um jantar melhorado. As minhas convidadas fizeram carbonara e eu fiz um bolo de maçã. Regámos com vinho verde e ainda "demos uns toques" no queijo.
E o serão prosseguiu até às 3 da manhã, entre as fotos da Dinamarca e aquelas conversas saborosas sobre os planos (sempre inacabados) para a vida...

Vota Raposo!

Ele acabou o curso, fez um brilharete na LSE e começou a traabalhar na Pfizer. E segundo consta, está cada vez mais apaixonado pela sua Isabelinha.
Como se isto não bastasse, é candidato à junta de freguesia de Caxias!

Amigo João, se dependesse só dos muitos eleitores de Caxias que lêem este blog, estou certo que no próximo dia 9 poderias dizer como o outro: "Eu é que sou o presidente da Junta!..."
Infelizmente não é assim tão fácil, mais aqui ficam os votos de que consigas ter muitos votos nas urnas: Raposo, amigo, Londres está contigo!

Wireless

Já posso usar a net na sala, na cozinha, no jardim, no quarto ou até na casa de banho!
E já podemos usar a net os três ao mesmo tempo!
Isto é lindo! Viva a modernidade!!

Intercâmbio gastronómico

Como o sítio onde tive a entrevista era perto do único restaurante chileno de Londres, dei lá um pulinho e comprei umas empanadas, que são uns folhados de carne com óptimos condimentos, daquele género de comida pesada que a gente gosta!
Comi com o Eduardo e dois colegas dele também chilenos, o Alejandro e a Francisca. Mais um bocado de prática de castelhano misturado com "chilenismos".
Em troca, o Eduardo levou-me a um café de brasileiros que há ao pé do trabalho dele e ofereceu-me um pastel de nata. Em Portugal nunca os peço por achar um bocado vulgar (prefiro as bolas de Berlim com creme ou qualquer variante de ovos moles), mas aqui ganham sempre um sabor sentimental a galo de Barcelos.
E esta é mesmo a coisa mais gira aqui: Londres é totalmente a cidade do "vá para fora cá dentro"!

Preocupante

Quando me vestia para a entrevista, percebi que as calças me estavam apertadas, o colarinho quase não abotoava, e até os sapatos - os mesmos que uso há anos - me custaram a entrar, não por estarem curtos à frente mas por ter o peito do pé um pouco inchado.
A dieta começa a parecer inevitável... chuif...

33%

...é a probabilidade de conseguir o emprego de Policy and Research Officer numa housing association.
Ontem fui à entrevista e a rapariga da agência achou que eu tinha o perfil que eles queriam para o trabalho, por isso marcou-me uma segunda entrevista para dia 12 de Outubro, já com os possíveis patrões. Serei eu e outros 2 candidatos, ao que parece mais ou menos nas mesmas circunstâncias.
A associação gere cerca de 3500 propriedades e vai comprar mais 2000 em breve, por isso vão duplicar o staff e queriam alguém novo e "arejado", para integrar o novo gabinete de política. A minha tarefa seria pesquisar as normas e padrões de performance impostos pelo governo e por exemplos de sucesso entre outras associações semelhantes. E também ir ao terreno e falar com os inquilinos para averiguar o que pode ser melhorado. Parece muito interessante!
Falei do Master e do meu trabalho voluntário com o MSV, que foram os dois momentos em que eu ganhei mais capacidades. Ela deu-me umas dicas para eu estudar até à entrevista, para me inteirar mais dos assuntos e poder fazer boa figura.
Mas para não ficar dependente desta oportunidade, a procura continua...

terça-feira, 27 de setembro de 2005

Champions League

Daqui a 2 horas jogam Benfica e Manchester United, e o jogo passa na ITV1, um canal de livre acesso (o futebol dá quase sempre em canais codificados). Vamos portanto poder ver o jogo aqui em casa!
Se do lado dos ingleses joga o Cristiano Ronaldo, do outro lado joga uma equipa portuguesa, mesmo que "o inimigo", por isso acho que é meu dever patriótico apoiar o Benfica. Ainda para mais, recebo a visita de 2 ilustres benfiquistas, a Inês e a Mafalda, que me trouxeram bons petiscos (queijo e enchidos) da nossa querida terra!