sábado, 23 de dezembro de 2006

A chegar a Lisboa...

Tem sempre a sua pinta escrever um post em pleno ar!
É uma e meia da manhã, acho que nunca voei tão tarde. Acabaram por ser quatro horas à seca no aeroporto, mais uma dentro do avião à espera para levantar. Se por um lado ia com a curiosidade jornalística de ver "por dentro" a notícia que tinha feito as manchetes nos últimos 2 dias, rapidamente perdi a paciência. Mas enfim, neste momento já sobrevôo território nacional e aguardam-me 10 dias de sol, apesar do frio.
Pela segunda vez, o Eduardo vai passar o Natal connosco. Quero aproveitar a oportunidade para fazer algum turismo em Lisboa e para conhecer alguns lugares onde nunca fui (como o Lux!). Tenho também especial curiosidade em reencontrar alguns amigos que já não vejo há mais tempo, como o João Ascensão, recém regressado de Xangai, ou a Mafalda da Dinamarca. E os outros também, claro!
E é sempre bom regressar a casa dos Pais, brincar com os sobrinhos, encher o estômago com as hiper-calóricas iguarias de Natal, ir à missa na minha comunidade, pôr-me a par das novidades do MSV (a propósito, convido-vos a colaborar na campanha de Natal da RFM ou da IOL), ver o mar e o que resta da praia, conduzir o meu "BB",
Não prometo muitos posts nestes dias, mas em todo o caso vão dando uma espreitadela.
Um Santo Natal para todos os leitores!

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

Post telegráfico

Aeroporto de Heathrow - stop - faltam 2 minutos para ficar sem internet - stop - vôo atrasado 3 horas, só chego a Lisboa à uma da manhã - stop - muita gente nas filas para os check-ins, funcionários a oferecerem bebidas quentes, batatas fritas e bolachas à entrada, foi simpático - stop - avisos de voos cancelados, para Alemanha e Suiça, o que irá fazer esta gente? - stop - aqui vou eu... ate já em Portugal!!!

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Quase Natal

Desculpem a minha ausência do blog. Tenho andado simultaneamente ocupado e preguiçoso, e o contar dos dias para ir de férias, à mistura com a lista mental de coisas a tratar até então, tem-me ocupado a cabeça. Mas chegou a hora de voltar à escrita!

Primeiro tenho de vos contar que tive o almoço de Natal do trabalho. É bom ser em tempo de trabalho - nada como estar a ser pago para comer e beber à borla -, mas é um bocado estranho ser tudo tão cedo: aperitivos ao meio-dia, tudo na mesa a apitar línguas-da-sogra à uma, e às duas e picos, já de barriga cheia, tudo a dançar músicas com cheiro a naftalina. E às cinco da tarde está a festa terminada (nem na primária era tão cedo!), no meio de alguns excessos, sobretudo dos homens de meia idade.
Do almoço no Marriott seguimos para um pub, onde já deu para ter algumas conversas mais interessantes. Teve piada sobretudo falar com 2 colegas de origem polaca: a minha chefa (vice-directora), uma conversadora lésbica de bigode, com quem acabo sempre a discutir religião, e um tipo casado e pai de 8 filhos, que me esteve a contar quando foi de bicicleta a Fátima (desde o norte de Espanha) e que até me queria apresentar uma das filhas. Enfim...

Tem sido também tempo de experiências gastronónicas. Para além das quiches e bolos de maçã (as minhas pièces de résistance), aventurei-me a fazer o típico "sausages and mash" (salsichas com puré) e para os anos do Eduardo preparei bacalhau à Brás e não saiu nada mal. Continuo meio atabalhoado, sobretudo quando é preciso "multi-task", mas cá me ajeito!

Pela primeira vez na vida, consegui terminar as compras de Natal uma semana antes da data. Sempre fui adepto da pressão de última hora, mas este ano preferi evitar o risco de asfixia nas lojas da Oxford Street e comprei tudo mais cedo. Optei até por mandar vir algumas coisas pela Amazon, o que foi um descanso. Tudo somado, e com várias encomendas de outras pessoas, levo alguns quilinhos a mais, mas como é Natal, ninguém leva a mal! Isto se me deixarem ir...

Ah pois, é emoção até ao fim! O nevoeiro resolveu descer em força sobre a cidade, o que tem provocado o cancelamento de vários vôos. Incluindo alguns da TAP para Lisboa. E os que chegam a partir, têm ido com várias horas de atraso. Mas estou confiante que amanhã vai correr tudo bem, e lá para as 10h15 da noite - ou provavelmente bem mais tarde - aí estou eu para passar o Natal no aconchego da família.

E se por aqui não faltam nas ruas as iluminações de Natal (e ainda assim, prefiro as nossas!), bem mais difícil é encontrar os símbolos do verdadeiro Natal - o nascimento de Cristo! Um jornal analisou os cartões de Natal que se vendiam numa das principais lojas e só 1% tinha alguma alusão religiosa. E mesmo a expressão "merry Christmas" é cada vez mais substituída por un insosso "season greetings". Uns dizem que é para não "ofender" as outras religiões, mas no fundo é apenas uma maneira de ir apagando as marcas da religião. Nada de novo em 2 mil anos de História - e ainda cá estamos para as curvas!
É apenas mais um sinal, a somar a vários outros que vejo nos jornais ou pelos meus próprios olhos, de que a Inglaterra é um óptimo país para trabalhar e ganhar algum conforto material, mas não é de todo um sítio onde eu gostaria de ver crescer os meus filhos.

Brrr, está frio! São cinco da tarde e está 1ºC, imaginem mais à noite... Tem-me valido o meu Duffy, um blusão de penas que foi um capricho dos meus 13 anos, e que agora repesquei do armário - nada como o anonimato da grande urbe para se poder usar coisas fora de moda! E com a sensação de trazer o edredon às costas, dou-me ao luxo de vestir manga curta por baixo, porque entre quatro paredes tudo é aquecido.

É quase Natal!!!

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Memórias do Palácio Foz

Há 3 anos atrás estava a trabalhar num palácio. Nada mau para primeiro emprego, ir logo parar a um palácio, mais precisamente o Palácio Foz, nos Restauradores.
Tinha acabado o curso de Direito há pouco e sabia que não queria fazer o estágio. Depois de passar o Verão a fazer voluntariado no Brasil, tinha vindo com a ideia romântica de fazer um "gap year" entre voluntariado, cursos e actividades paralelas, um ou outro biscate para me aguentar, e muita meditação sobre a vida. Mas ao mesmo tempo estava em marcha a minha candidatura para Londres, e rapidamente me apercebi que não havia bolsa que me valesse e que por isso ia ter de me esmifrar para conseguir juntar o máximo de dinheiro possível.
Foi nessa altura que este trabalho me caiu do céu. Havia um pico de serviço na CCPJ, a comissão onde se passam as carteiras profissionais dos jornalistas, e precisavam de alguém para ajudar no trabalho burocrático. Cada tolo tem a sua mania e eu sempre gostei de papelada, por isso não foi sacrifício nenhum passar 3 meses a inserir dados no computador, arquivar pastas e registar a correspondência. Passaram-me pelas mãos os processos de várias figuras famosas, mas de longe o mais importante foi o da minha amiga Joana.
Tinha um gabinete pequenino, com uma secretária de madeira escura e pesada, um computador e várias pilhas de papéis. Ah, e mais importante que tudo: um carimbo! E enquanto que aí estava, quase sempre ia ouvindo música.
Outro factor que ajudava era a companhia: a Mara, a Sandra, a Marília e a Fátima - estava rodeado de mulheres! Dávamo-nos muito bem e havia sempre ocasião para uma piada ou dois dedos de conversa. Também iam passando por lá um juiz e alguns jornalistas séniores, porque havia processos deontológicos a decidir, e tinha piada ir ouvindo essas conversas também. E podia almoçar no bar dos funcionários por tuta e meia! Mas bom, bom, foi o almoço de Natal no Solar dos Presuntos!
Mas a cereja em cima do bolo era a localização. Além do excelente acesso de transportes, estava na zona mais bonita de Lisboa. A luz do sol reflectida nos prédios da Baixa é algo muito especial! E poder subir o Chiado na hora de almoço, ir ver lojas ou encontrar-me com algum amigo, era um verdadeiro privilégio. Espero um dia (em breve?) voltar a trabalhar para aqueles lados.
Não sei porque me lembrei disto hoje. Talvez porque era mais confortável - sempre a lei do menor esforço - inserir nomes e moradas num computador do que ter a meu cargo um "impact assessment" sobre "anti-social behaviour" (pode ser que explique o que é isto noutro post). Ou talvez porque já vou sonhando com o passeio que hei-de dar por essas bandas daqui a 2 semanas...

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Vigilias

Nada me tira o sono, só mesmo a noite. Temos uma relação especial desde que me lembro de mim.

Em miúdo era mais o desafio de ficar a ver televisão até tarde, quando chegavam os programas mais giros. Felizmente o Vitinho nunca mandou muito lá em casa, nem eu percebia como os meus colegas da escola conseguiam ir para a cama às nove da noite. Lembro-me de argumentar que oito horas de sono bastavam e de calcular a hora da deita em função do despertador. É possível que hoje os meus Pais se arrependam de ter ido na minha cantiga - a minha Mãe despede-se ao telefone com um "deita-te cedinho", e o meu Pai tem medo que eu um dia destes "rebente" -, mas no fundo já sabem o que a casa gasta. E não sou o único lá em casa, é costume telefonar ao meu irmão para lá da uma da manhã e ficarmos um bom bocado à conversa.

Com a adolescência, a noite ganhou um fascínio ainda maior. Era tempo de começar a sair à noite e a passar férias com os amigos. Tempo de rir e de dançar, e de ter conversa suficiente para preencher uma directa. Mas mesmo sem chegar a esse exagero, a noite sempre foi a altura ideal para a conversa fluir cá de dentro. Não é à toa que ainda tenho bem vivo na memória muito do que se disse junto a uma fonte na Vermelha ou sob o céu irrepetível do Gerês. Tal como, um pouco mais tarde, as conversas em código de Martinlongo ou a espera pelo nascer do sol no Morro de São Paulo. E guardo no meu currículo pessoal, esse que nos realiza mais que qualquer curso ou emprego, momentos-chave onde o simples facto de eu estar acordado a desoras foi apoio suficiente para quem precisava de manter-se em contacto com a vida, ou de uma voz de confiança para voltar à calma. E para mim tem sido essencial ter do outro lado da linha quem me ouça sem se cansar e me ajude a pôr em ordem tudo o que vai cá dentro. Se é muitas vezes à noite que todos nos confrontamos com a solidão, eu prefiro não ter de a enfrentar sozinho!

Mas o que há de tão atraente na noite, para me fazer quebrar dia após dia a promessa de me tornar um rapaz disciplinado? É este silêncio, apenas cortado pelo ruído do frigorífico e pelos sons de quem já dorme. Enquanto de dia estamos sempre entalados entre uma tarefa e outra, à noite é mais difícil haver alguma coisa que nos interrompa. E a falta de distracções deixa-me o espaço livre para organizar as ideias, mastigar as notícias, ler o que me apetecer, e escrever. Noutro plano, não deve ser por acaso que as vigílias são momentos privilegiados de oração - veja-se o Natal e a Páscoa.

Só gostava que a noite tivesse mais horas. Para permitir aos dorminhocos mais horas de doce remanso e aos morcegos, sobretudo os que não podem dormir durante o dia, mais tempo de descanso. Porque com o passar dos anos a resistência vai baixando e pago o preço durante o dia.
Agora vou dormir. Por ser preciso, nunca por chegar ao fim.

domingo, 10 de dezembro de 2006

Contagem decrescente

Faltam já menos de 2 semanas para estar de férias! Sabe sempre bem ir a casa, mas desta vez a curiosidade maior vai para os avanços do meu sobrinho, que desde o Verão aprendeu a andar e a falar.
Este fim-de-semana foi tempo de começar as compras. Com a família a crescer e a tradição de presentear alguns amigos, todos os anos me cabe comprar umas 20 prendas. Tarefa morosa, mas cumprida com gosto, e este ano parece que vou conseguir ser um pouco mais eficiente.
Impressionante foi a invasão dos espanhóis a Londres neste fim-de-semana! Nas ruas de maior comércio, na zona do British Museum (onde há mais hotéis) e nos autocarros, por todo o lado se escutavam as famílias dos nuestros hermanos.

Ontem foi dia de festa estilo "traz outro amigo também". Recebi o convite pela Maria, já em "terceira geração", e cheguei à festa sem saber de quem era a casa. Acabei por encontrar por lá várias pessoas que já conhecia de outras paragens, sobretudo o bem apetrechado lóbi dos biólogos. Para além dos compatriotas, a festa estava cheia de "personagens", malta que compra a sua roupa em lojas de segunda mão e que parece saída de uma máquina do tempo. Apesar de um ou outro pormenor mais burlesco e do frio que apanhámos no regresso, a música e a companhia valeram bem a pena!

E lá morreu finalmente o Pinochet. Como perceberão, apesar de já esperada foi notícia para ter algum impacto cá em casa. Pena não ter sido possível julgá-lo em vida, mas ao menos que agora a sua sombra deixe de pairar sobre alguns espíritos ainda inquietos. Sejamos de esquerda ou de direita, e mesmo que o seu mandato tenha tido uma ou outra coisa positiva, não há justificação possível para matar e torturar.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Pai Natal e jornalista

Hoje senti-me por momentos o Pai Natal: mandei um cheque de £100 (€150) a cinco pessoas.
Passo a explicar. Há uns meses enviámos uns inquéritos para os moradores da associação preencherem com os seus dados pessoais, a fim de melhorarmos a nossa base de dados que é muito fraquinha. Dos 3300, recebemos 800 de volta, o que não foi nada mau para uma coisa deste género. E isto deveu-se, suponho eu, aos 5 prémios de £100 que prometemos sortear entre os que respondessem. Pois bem, fizemos o sorteio e fui eu que telefonei às vencedoras (5 senhoras, quase todas na casa dos vintes e com filhos) a dar a notícia - fez-me lembrar o António Sala e o Jogo da Mala! Claro que não é nada que lhes vá mudar a vida, mas sempre é uma boa ajuda para esta época de maiores gastos.
Neste momento tenho estes 800 inquéritos na minha secretária. Mandou-se um mail a todos os trabalhadores, a perguntar se alguém se oferecia para inserir os dados no computador, em horas extraordinárias pagas 50% acima do horário normal. E é claro que eu me ofereci!

Outra novidade: vou fazer um mini-curso de jornalismo. Era a carreira que eu pensava seguir aos 18 anos, quando entrei para Direito, mas depois acabei por desviar-me. Pensando agora, acho que não teria gostado muito de andar atrás das notícias (ou será que sim?), mas o bichinho de querer escrever artigos de fundo continuou por cá, e este blog é em parte fruto disso.
Em conversa com um colega de trabalho, ele recomendou-me uns cursos da City University e hoje inscrevi-me num deles: chama-se "Writing Freelance Articles" e vai durar 10 semanas, de Janeiro a Março, às segundas ao fim da tarde. São poucas aulas mas vou ter muito que aprender e praticar - vai ser mais uma bela maneira de capitalizar a estadia nesta cidade.
Depois de um ano em que fiz muito pouco, neste ano estou apostado em aproveitar ao máximo a oferta incrível de Londres. Para poder regressar com mais trunfos na bagagem...

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Christmas carols

Ontem foi de novo dia de cantorias. Desta vez músicas de Natal, a lembrar que a data se aproxima a passos largos.
O Barclays dava uma festa para os seus melhores clientes, e para isso tinha reservado um dos mais requintados armazéns: o Liberty's, na Regent Street. E graças a uma inside connection, contrataram o coro para ir lá cantar.
Bastou só um ensaio, e curto, para afinar os pormenores - que para os ingleses, habituados a cantar as mesmas músicas todos os anos, aquilo era peanuts. Mas para mim, nem tanto! Conhecia algumas melodias, outras não, e acertar com as letras?...
E para dar um bocado mais de graça à coisa, os livros por onde cantávamos eram da Chapel Royal (a capela da Raínha), onde o nosso maestro é o organista.

Já tinha estado no Liberty's antes, mas nunca tinha passado dos andares de baixo. No último andar, onde era a festa, estão os produtos de decoração, e era só móveis e candeeiros a custar alguns milhares de libras. Um banco de plástico, mas "design", custava £450. E por ali andavam os convidados, todos com ar de quem tem muito papel.
A pressão não era muita: éramos apenas "música de fundo" e o reportório não tinha nada de complicado, deu até para nos aventurarmos por cânticos que nunca tínhamos ensaiado. Mas acho que estávamos todos mais divertidos com o glamour do local, com o champanhe e canapés à borla, com a prova de chocolate...
Deu até para gravar 2 músicas no telemóvel. A qualidade não está muito boa mas vou pô-las aqui mais tarde (está aberta a concorrência ao blog do Rui: "o meu coro é melhor que o teu e o meu pai é polícia!").
E também deu para meter conversa com algumas pessoas do coro. O John, um senhor mais velho, que depois de se reformar de uma vida como engenheiro na British Telecom, andou a conduzir autocarros em Londres durante 4 anos. O Bob, cantor profissional que dá 200 concertos por ano por esse mundo fora, mas que acha divertido juntar-se ao nosso coro de vez em quando; ficou surpreendido quando eu lhe disse que era o primeiro coro em que participava e contou-me de um concerto que deu no Montijo este Verão, com direito a conhecer o nosso guardião Ricardo no final.
E foi tudo por este ano. O coro retoma em Janeiro.

Orientalissimo

O Diogo andou por cá este fim-de-semana. Veio com a irmã Mariana e ficou em casa da prima Mariana - mais uma pessoa que eu conhecia do mundo dos blogues e que gostei ainda mais de conhecer ao vivo.
Encontrámo-nos para jantar na sexta. Num restaurante chinês, onde o Diogo pôde praticar com os empregados o vocabulário que aprendeu no Império do Meio - e dava para notar que falava com o mais puro sotaque shantounês! Connosco esteve também a Maria Albino, colega de escola do Diogo e agora minha amiga também. E ainda apareceram umas amigas "bifas" que ele tinha conhecido em Oxford.
No sábado, com os mesmos convivas e depois de umas pints para aquecer, fomos jantar a um japonês no Soho (Taro, 10 Old Compton Street - recomenda-se!). E daí seguimos para um bar junto da Leicester Square (Waxy O'Connor's, 14 Rupert Street), com uma decoração original e boa música!
No fundo, uma das grandes vantagens de Londres é estar à mão de semear, o que possibilita mais visitas desde Portugal. E estes encontros que se proporcionam tornam a estadia cá ainda mais interessante. Como interessante é acabar a noite a comer profiteroles do Tesco na Trafalgar Square...

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

O mundo é MUITO pequeno

Ontem foram os anos da Marcela, irmã da Catalina, e ela convidou-me para ir jantar a um restaurante tailandês. Apesar de não conhecer bem ninguém do grupo, é claro que fui e não me arrependi! Para além dos colombianos, que são sempre boa companhia, havia uma alemã (que falava espanhol) e uma brasileira.
A brasileira chama-se Isabel e estuda com a Marcela. Já era a segunda vez que nos encontrávamos. Ela estava-me a dizer que tinha muita curiosidade em conhecer Portugal e que tinha lá vários amigos. "Uma das minhas amigas portuguesas até esteve em minha casa em São Paulo. Ela estava fazendo um mestrado em Lisboa e foi fazer uma parte lá no Brasil, ficou 3 meses." E aqui soou uma campaínha na minha cabeça.
- O que é que ela estava a estudar?, perguntei.
- Engenharia...
- Por acaso não se chama Constança?
E era! De repente, a Isabel deixou de ser apenas a colega brasileira da Marcela, para passar a ser a Béu, que aparecia em várias fotografias do blog que a Constança escrevia no Brasil (claro que fui logo ver quando cheguei a casa).
E como a Constança, que até já me veio visitar este ano, também fazia anos ontem, tentámos várias vezes telefonar-lhe para fazer a surpresa ("sabes com quem estou?"), mas por azar ela nunca atendeu.
Afinal não é só Portugal que é muito pequeno, é o mundo!

sábado, 25 de novembro de 2006

O concerto

E finalmente chegou o dia do concerto. Apesar de um último ensaio em que as coisas não saíram muito bem, estava confiante que à noite íamos dar o nosso melhor. E assim foi.
Os últimos minutos nos bastidores tiveram muita piada. Primeiro a mudança da roupa normal para traje especial: smoking sem laço para os homens (vejam este belo exemplar aqui ao lado), roupa escura com um toque de brilhantes para as senhoras. Depois os exercícios de aquecimento, não só para a voz mas também de descontracção: gritos, pontapés no ar, massagens, anedotas...
E lá entrámos, em fila indiana, às 7h30. Deviam estar umas 100 pessoas na igreja, que ficava numa das ruas mais elegantes da cidade. Da minha parte tinha os meus 2 flatmates e 4 pessoas do trabalho.
A primeira parte foi ao ritmo do swing: Ain't Misbehaving, Autumn Leaves, Blue Moon, Over the Rainbow, Smoke gest in your eyes, Summertime, And so it goes e In the Mood. Talvez não cheguem lá pelos nomes, mas decerto conhecem quase todas. Fica aqui em filme um cheirinho da última...

Esta parte passou num instante - quando os sinos tocavam as oito horas, já estávamos a descer aos "camarins" para o intervalo. Para a segunda parte ficaram as músicas mais populares: Abba (Thank you for the music, Money Money Money, Super trouper e Mamma Mia), The lion sleeps tonight, Somewhere (do West Side Story) e o grande êxito Hit Me Baby One More Time. Um reportório pouco tradicional para este género de coros, mas o público gostou - e nós divertimo-nos!
Eu ganhei confiança e cantei com mais força do que em qualquer ensaio. Dei uma ou outra abébia, mas também topei várias entre os meus colegas mais "cromos". Faltou-nos só um pouco de movimento, devíamos ter preparado uma coreografia para algumas músicas mas não houve tempo.
O próximo concerto é só no fim de Março, mas para a semana vamos cantar músicas de Natal numa festa do Barclays - também promete!

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Orgulho

Quando vinha a sair do Royal Albert Hall, ainda a cantarolar as músicas que ressoavam na minha cabeça, o sentimento que me invadia era o orgulho nos artistas portugueses. Sempre gostei de música portuguesa e fico contente por ver esse talento reconhecido fora de portas. E mais contente ainda por os portugueses começarem também a valorizar o que é seu.
Que a Mariza tem uma voz fabulosa, capaz de encher uma sala tão grande quando no encore cantou sem microfone, já não é surpresa. Aliás, o alinhamento deste concerto foi praticamente o mesmo do que assisti no ano passado no Barbican. Ainda assim, a sua presença em palco, a maneira como dança e como sente (e nos faz sentir!), são sempre de admirar. Mas o que me deixou mesmo de coração cheio foi a celebração da 'lusofonia', com os vários convidados que ela trouxe.
Primeiro entrou Carlos do Carmo - eu nunca o tinha visto actuar, mas fiquei surpreendido pela maneira como ele conquistou o público e pôs todos, portugueses e estrangeiros, a cantar o refrão de "Lisboa menina e moça":

Lisboa menina e moça, MENINA
Da luz que os meus olhos vêem, TÃO PURA
Teus seios são as colinas, VARINA
Pregão que me traz à porta, TERNURA

Cidade a ponto cruz, BORDADA
Toalha à beira mar, ESTENDIDA
Lisboa, menina e moça, AMADA
Cidade, mulher da minha vida.




Como é bela a forma como Lisboa é retratada e personalizada nos seus fados! Podemos não ter o sotaque adocicado dos nossos irmãos brasileiros, mas temos poetas e compositores de excepção!
E não é só Lisboa que é cantada...

Ver-te assim abandonado
nesse timbre pardacento
nesse teu jeito fechado
de quem mói um sentimento
E é sempre a primeira vez
em cada regresso a casa
rever-te nessa altivez
de milhafre ferido na asa

Recebido com uma chuva de aplausos, lá apareceu o Rui Veloso, cheio de piada: "só vou cantar uma música porque estou aqui só de férias". E brindou-nos com o Porto Sentido, cantado em coro pelas almas lusitanas da plateia.
E ainda houve o Tito Paris, a trazer-nos as mornas de Cabo Verde (sôdade...), e o brasileiro Jacques Morelenbaum a conduzir a orquestra e tocar violoncelo. Estava assim desenhado o "triângulo da lusofonia", como lhe chamou Mariza.

Foi uma noite muito especial, onde também encontrei alguns dos portugueses do tuga meeting (Sónia, João e Ana) e um amigo colombiano. Para além da companhia do Eduardo e da Anne.

Bónus: na fila para entrar, fui filmado pela RTP e apareci no Telejornal. Nem no estrangeiro as câmaras me dão descanso... :)

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

É hoje!

Típico de uma pessoa A como eu, fui a correr comprar os bilhetes assim que soube que a Mariza vinha cá de novo - algures no longínquo mês de Agosto. O senhor da bilheteira, surpreendido, perguntou como é que eu tinha sabido do concerto, e ainda nem sequer tinha os bilhetes para imprimir, pelo que teve de mos mandar pelo correio. Vou estar bem pertinho do palco, portanto.
O Royal Albert Hall é a mais tradicional sala de espectáculos de Londres. Leva cerca de 4 mil pessoas, e pelo que vi agora está praticamente esgotado. A Mariza conquistou os ingleses, a prová-lo estão os artigos publicados esta semana no The Guardian e no The Independent, dois dos mais prestigiados jornais.
Esta noite vai trazer como convidados o Carlos do Carmo, o Tito Paris e... o Rui Veloso!
E hoje tenho os seus 3 CDs a passarem nos meus headphones.

Smoking

Ontem comprei um smoking, igual a este da foto. Noblesse oblige, e para cantar no coro há que trajar a rigor. Mesmo que seja para cantar Abba e Britney Spears...
Em Portugal só tive de usar duas vezes, no baile de finalistas e noutra festa, e tinha pedido emprestado. Mas aqui parece ser mais comum, e não quis estar a alugar. Já fica para o futuro.
Ainda assim prefiro o fato normal, sobretudo porque gosto de escolher as gravatas. Com o smoking sinto-me algures entre o James Bond e um empregado de mesa. Mas claro que tem a sua pinta!

Na falta da minha mãezinha, pedi ao Eduardo para me ajudar na compra - sinto-me sempre disforme quando se trata de provar fatos. E seguiu-se um aprazível jantar de fish and chips, bom para o estômago e melhor ainda para arejar a mente.

Tudo a postos para o concerto! Tenho estado a decorar algumas músicas e ainda faltam 2 ensaios. Devo ter uns 8 amigos a assistir. Algum ficará encarregue da foto-reportagem para o blog.

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Tuga meeting*

Sábado à tarde houve um encontro de estudantes portugueses. Apesar de já não ser estudante, não quis perder a oportunidade de conhecer caras novas. Se por um lado estava curioso, por outro não sou a pessoa mais hábil a socializar numa sala cheia de desconhecidos. As apresentações sucediam-se (o que estudas, onde moras, és de onde em Portugal...) e em pouco tempo sentia-me a ficar sem conversa.
Mas teve muitas coisas boas. Desde logo, estar com a Maria, o João e a Luísa, os amigos com quem tinha combinado ir. Caras conhecidas, só encontrei o Luís e a Catarina, que viviam com a Ana. Das caras novas, o destaque vai para a Sónia, aka Cromossoma X, cara de um blog que costumo espreitar. A surpresa foi encontrar o Pedro, um rapaz que estudava piano com a mesma professora que eu, e que eu já não via há uns 10 anos. Ao todo estiveram cerca de 60 pessoas, quase todas da área das ciências, e ficou a promessa de repetir o encontro em breve.

No resto do fim-de-semana deu para ver o último James Bond, para ir conhecer a casa nova da Nayan e para terminar com um jantar mexicano cozinhado pela Daniela. Não me posso queixar de falta de actividade, mas sei bem que uma agenda cheia não preenche tudo.

*O termo "tuga" foi contestado por alguns dos participantes, mas eu gosto!

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Imagens

Feto com 10 semanas

Até há poucos anos o processo de desenvolvimento intra-uterino era apenas conhecido de quem estudava os livros de ciências ou medicina. Quando eu nasci praticamente não se faziam ecografias. Hoje em dia a evolução da gravidez está à vista de todos e até já se fazem imagens a 3 dimensões.
Ainda assim, num debate em que participei na minha escola secundária aquando do outro referendo, uma activista da UMAR insistia que estávamos a tratar de um "amontoado de células". O pior cego é o que não quer ver.
No entanto, não concordo com o uso de imagens de abortos na campanha. Foram essas imagens que me convenceram a envolver-me nesta discussão, mas não vão convencer ninguém do outro lado, apenas acicatar mais os ânimos. Ainda que todos reconheçamos a importância das imagens chocantes, como as que todos os anos a World Press Photo nos oferece, para divulgar o que vai mal no mundo. Acho, sim, que se deve explicar os vários métodos que existem, seja o aborto legal ou ilegal.
Mais do que o resultado que se traduza na lei, importa-me que cada um pense no que faria se o acaso lhe batesse à porta. E se isso fizer evitar alguns abortos, já valeu a pena.

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

Boa gente

Várias vezes me queixo do trabalho, e na verdade não estou muito satisfeito neste momento. Mas também é verdade que há momentos que me fazem sentir confortável aqui.
Esta fotografia foi tirada durante o almoço de ontem, no pub, com os meus colegas preferidos. Aproveitámos a ocasião para desabafar sobre o que não nos agrada no trabalho, e deu para aliviar um bocado o ambiente, que não tem andado o melhor.
Mas vamos às apresentações:
A rapariga que está ao meu lado é a Kate, a tal com quem fui jantar ao brasileiro. Não só já esteve em Portugal, como foi a única colega a combinar comigo alguma coisa fora do trabalho.
O rapaz é o Stephen, que trabalha na minha equipa. Apesar de termos padrões de vida um bocado diferentes, conseguimos ter conversas interessantes e vamos trocando boas doses de queixumes e má língua sobre os nossos superiores.
E a senhora é a Sue, que trabalha no nosso outro escritório (um terço das nossas casas estão na zona rural de Windsor). Ela é muito eficiente, responde logo aos nossos pedidos e oferece-se para ajudar em tudo o que pode - caso raro nesta organização. Além disso, costuma ir de férias a Portugal, e por isso sempre que me escreve um mail começa por "Ola Tiago". Pena que não seja ela a minha manager...

Rua Sésamo

Se há paranóia que sempre tive foi a do registo. Ficar com um registo das coisas mais marcantes. No papel, em vídeo, ou simplesmente na cabeça... Tinha uma espécie de medo que as coisas se perdessem. Acumulava agendas antigas, cassetes de vídeo e jornais, para guardar memória de tudo. E hoje estou melhor, mas ainda assim mantenho esse sentimento.
Lembro-me de ser miúdo, na altura bastante viciado em televisão, e de pensar o que aconteceria aos programas que eu gostava de ver na televisão: se os estaria a ver pela única vez, ou se viria a ter uma oportunidade de os rever. Na altura pensava apenas na reposição de programas, que acontecia a cada passo, e que mais tarde veio a ganhar corpo na RTP Memória.
Mas hoje em dia tudo se passa na internet. Cabe aqui o passado, o presente e o futuro. Se por um lado tem o seu quê de efémero, como o são os blogues, por outro lado também pode servir como uma gigante base de dados para preservar memórias.

Vem tudo isto a propósito do que encontrei hoje no YouTube, enquanto por lá vagueava. Já sabia que por lá havia vários desenhos animados da nossa infância, mas resolvi procurar a Rua Sésamo. E vejam só o que fui encontrar...

Uma das músicas mais hilariantes, que seguramente faz vibrar todas as crianças do meu tempo: Tenho orgulho orgulho em ser uma vaca!

Eu na altura (1990) já era crescidinho, já sabia bem as letras todas e até me irritava que eles dissessem "duplo vê", em vez de "double u". Mas era um programa que eu via todos os dias, apesar de não o poder admitir no dia seguinte à frente dos colegas.
E sem dificuldade poderia aqui lembrar o Monstro das Bolachas (quero comer, comer, comer-te, bolachinha!), o Egas e oBecas (peixepeixepeixepeixe!), o Conde de Contarr ou tantos outros. Mas para amostra, deixo aqui outro grande êxito: Vem ginasticar!
Um grande bem haja ao YouTube!

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

Sabor a Brasil

A Kate é uma inglesa que trabalha comigo. É casada com o Craig, neozelandês, e está à espera de bebé. Quando foram a Portugal este ano, ele ficou deliciado com uma feijoada que comeu no Atira-te ao Rio, e perguntou-me logo se também havia disso em Londres. Fiquei então de os levar a um restaurante brasileiro.
Fiz uma pesquisa na internet e encontrei o site do Barraco Café, cujo menu desde logo me entusiasmou. A primeira vez que combinei com eles para irmos lá, e o "lá" era num bairro um bocado manhoso, demos com o nariz na porta, porque era o dia de folga do restaurante. Entretanto abriu outro em Camden, mesmo à frente do mercado, e eu tinha ido lá com a Mafalda e o A., por isso já tinha comprovado a qualidade do sítio.
Ontem fui lá com os "bifes". Eles querem sempre combinar para depois do trabalho, e para mim jantar às 6 da tarde ainda me parece um bocado estranho, mas há que aculturar-se.
Comemos que nem uns abades! Para entrada, mandioca frita e camarões panados - uma delícia! E eu comi um bife de vaca, embebido em molho de tomate e com cobertura de queijo, com batatas fritas e arroz. Para beber, Guaraná, claro está! Não sobrou espaço para a sobremesa...
Voltámos satisfeitos e de barriga cheia, e às 8 da noite já estava em casa. Estes ingleses...

Deixo aqui a morada e recomendo a visita: 4 Ferdinand Street Camden Town NW1 8ER

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

Bailongo

A nossa casa voltou a vestir-se de festa no sábado passado. O principal motivo - se é que é preciso um motivo para fazer uma festa! - era dar as boas vindas à Daniela. Por outro lado, tínhamos acumulado algumas garrafas de Porto, moscatel, tequilla e pisco, e achámos que era boa altura de as partilhar com os amigos. Vieram cerca de 20 pessoas, quase todas do lado do Eduardo. A Daniela, talvez por ainda não conhecer a mística das nossas festas, mandou o convite tarde e a pouca gente, e só apareceram 2 amigos. Dos convites que fiz, vieram a Maria e a Teresa, a Marcela e o Zain.
Como sempre, o convívio começa na cozinha, entre conversas e petiscos (o salpicão foi muito apreciado!). Misturado com o inglês, também se falava espanhol, português e alemão. E a certa altura reparámos num trio curioso que conversava animadamente: um israelita, um libanês cristão e um muçulmano!
Mas a parte mais esperada é sempre a abertura da pista (aka living room). Cada vez mais a playlist é dominada pelos ritmos latinos, que são de facto os que mais puxam o corpo para a dança. E a dança durou até às 3 da manhã, o que é um feito para os padrões de cá.
Saldo final: Daniela mais ambientada, garrafeira vazia e o corpinho cansado de tanto bailar!
Só faltou...

quinta-feira, 9 de novembro de 2006

Don Teodoro

É um lugar estranho, há que reconhecer. O próprio nome, "Don Teodoro", não se afigura como muito português. Lá dentro fala-se uma mistura de português e inglês, mas sempre com o volume no máximo! Nas paredes há bandeiras dos vários clubes, quadros da Amália e do Eusébio, anúncios de concertos (o Emanuel vem cá este sábado!) e festas, e loiça decorativa de gosto duvidoso. A televisão sempre sintonizada na SportTV, ou não fosse a clientela 90% masculina. Em dias de futebol está sempre cheio (e ainda com mais decibéis) e tem também muita gente a espreitar desde fora.
Mas é um sítio onde se come bem! E foi isso que fizemos ontem. Febras para os homens, bacalhau à Gomes de Sá para as senhoras, tudo em quantidade abundante e preço aceitável. Acompanhado de azeitonas e pão com manteiga, como convém, e regado a Super Bock.
O fundo musical foi variando, desde grandes clássicos do fado na voz de Tony de Matos, até um chill-out de jazz, passando pelo Brasil e por África. Mas sempre um bocado abafado pelas vozes de bagaço que discutiam a situação do Benfica, enquanto um ainda mais bebido ia cantando alto e dançando pela sala.
Foi sem dúvida uma experiência! Expliquei aos meus amigos internacionais que não somos todos assim, mas também não me envergonha de nenhuma maneira sentir-me um pouco parte deste ambiente tão popular, que no fundo é o mesmo de tantos cafés na nossa querida terra.
Para quem quiser ir ver pelos próprios olhos, a morada é 1 Plender Street, perpendicular à Camden High Street. Não se vão arrepender!

segunda-feira, 6 de novembro de 2006

Boa onda

Ao contrário de Portugal, onde tudo parece estar a meter água (não é piada ao Governo...), por aqui não tem chovido. Há já uma semana que tem estado céu azul todos os dias (hoje é a excepção), e promete continuar por mais tempo. As temperaturas têm estado sempre abaixo dos 10ºC, mas gosto de poder voltar a usar camisolas, casacos e luvas.
Acho que estranharia morar num país onde estivesse o mesmo clima todo o ano. Gosto da passagem das estações, a mudança do clima ajuda a mudar algumas atitudes... Não sei se é o frio na cara a despertar-me pela manhã, mas tenho andado mais bem disposto. Também ajuda andar por aí a cantarolar as músicas dos Abba que vou cantar no concerto. E a aproximação do Natal também é motivo de alegria por várias razões.
E cortei o cabelo, curtinho mas levemente despenteado. Não está tão diferente do habitual, mas tem o seu quê de modernidade, ah pois tem.
E voltei ao ginásio e à dieta. E no sábado deve haver festa lá em casa.
Aqui por Londres, tá-se numa boa onda!

domingo, 5 de novembro de 2006

Frequent Flyer

Além de se fartar de viajar por esse mundo (merecidamente, pelo muito que trabalha), a Joana é visita habitual em Londres. Primeiro veio com a irmã, depois com o namorado e desta vez veio com a mãe. Trouxeram uma mala carregada de coisas saborosas e úteis e fizeram-me companhia por três dias. Entre as iguarias destacavam-se uns biscoitos que devorei em três tempos, salame de chocolate, castanhas que assámos, vinhos, queijo, amendoins... tudo óptimo!
Graças a elas também pude apreciar alguns petiscos da Chinatown. Fomos almoçar a um restaurante que era muito bom, e aí pude provar várias coisas que nunca tinha comido em 26 anos de restaurantes chineses, estilo dumplings diferentes e muita coisa que ainda agora não sei identificar.
Na sexta fui com a Joana ver o Spamalot, uma comédia musical baseada no filme Monty Python and the Holy Graal. Tudo num estilo de humor nonsense que me faz cócegas no cérebro, e a peça faz jus ao que conhecia da televisão. E ainda tivemos direito a cantar (e assobiar!) em coro o clássico Always Look on the Bright Side of Life.
Só foi pena termos perdido o fogo de artifício do Guy Fawkes (uma tradição estranha dos ingleses), mas diga-se em abono da verdade que não perdemos nada de especial, os nossos são melhores!

sexta-feira, 3 de novembro de 2006

Já ganhei o dia!

Telefonou-me o meu amigo Vasco com a notícia de que vai ser pai! Isso quer dizer que vou ser "tio" lá para Julho...

No meio da emoção, viajei pelo nosso percurso. Com ele e o Pedro formávamos (ou formamos) os Três Mosqueteiros. Sempre juntos na juventude... colegas de carteira, companheiros de futeboladas, compinchas de língua afiada. Os primeiros amores, os primeiros copos, as grandes decisões sobre o futuro, tudo passou por ali. E fomos trilhando o nosso caminho como não preveríamos aos 18 anos: mudámos de curso, mudámos de ideias, mudámos de cidade ou até de país... Hoje temos 3 horas de viagem entre cada um de nós, mas lá no fundo continuamos sempre juntos.

quinta-feira, 2 de novembro de 2006

Psicologia barata 1

Como já dizia Serafim Saudade, a humanidade está dividida em duas partes. A parte 'A' são os "planeadores", nos quais me incluo; a parte 'B' são os "impulsivos".

Os planeadores gostam de saber com muita antecedência o que vão fazer. À segunda pensam como vai ser o próximo fim-de-semana, e em Janeiro já têm o plano das férias para o ano inteiro.
São tendencialmente pessoas mais práticas, mais do dia-a-dia, talvez um pouco menos sonhadoras.
Assim que surge a ideia de uma viagem ou concerto, não descansam enquanto não têm o bilhete na mão - para conseguirem o melhor preço ou os melhores lugares, e também para tirarem essa preocupação da cabeça. E depois ficam a contar os (muitos) dias até que a coisa aconteça, e a criar expectativas de como tudo vai ser.
Sabem sempre as datas de tudo, desde aniversários até ao dia da semana em que calha cada feriado. Gostam de assinalar as primeiras e últimas vezes de tudo, e vem-lhes facilmente à memória que "há 5 anos estava no lugar X com a pessoa Y".
Nos tempos de escola, esperavam ansiosamente pelo dia em que saíam os horários.
Por regra 'vão a todas', e até dizem que 'sim' a programas que nem lhes interessam muito, só para agradar aos amigos, e porque também gostam que os outros venham quando são eles a convidar.
Quando têm dois programas em conflito, por norma escolhem aquele com que se comprometeram primeiro, ou fazem das tripas coração para passar nos dois lados, ou ficam incomodados quando têm de inventar uma desculpa para falhar um.
Detestam ficar dependentes dos B para uma decisão, e fazem uma tempestade num copo de água quando os B dão o dito por não dito.

Os impulsivos não têm pachorra para muitos planos, preferem decidir no momento. E no momento fazem o que mais lhes apetece sem grandes constrangimentos.
Gostam de voar com o pensamento em grandes projectos e acham as pequenas coisas práticas uma perda de tempo. Precisam de um empurrão para passar de uma ideia gira à sua concretização prática.
Se é coisa que envolva bilhetes, esperam até ter a certeza absoluta de que podem e querem ir - ou até que alguém trate disso por eles.
Não ligam muito a datas especiais. Não é que não queiram saber dos outros, apenas vêem esses pequenos compromissos como pouco importantes. Preferem surpreender os amigos num dia normal.
Raramente respondem com um 'não' definitivo a alguma proposta, e o seu 'sim' é sempre provisório até ao último momento. Aí pode sempre aparecer outro programa, a preguiça ou até o esquecimento. No entanto, essas ausências transformam-se de alguma forma em vantagem: quando realmente aparecem em determinado programa, a sua presença é mais notada.
Detestam ser pressionados pelos A, e não se apercebem quando deixam os A ficar mal.

Claro que isto é uma descrição muito estereotipada (daí o título de psicologia barata) e todos nós somos um bocado de cada. Mas consigo pensar numa mão cheia de pessoas que encaixam bem em cada lado.
Também não estou a dizer que uns são melhores que os outros. Os planeadores são em geral bons amigos, ainda que chatos. Os impulsivos são mais descontraídos e por isso talvez disfrutem mais, ainda que por vezes desiludam outras pessoas.
Eu gostava de estar mais ao meio, ou pelo menos aprender a lidar melhor com os B.

quarta-feira, 1 de novembro de 2006

Santidade

Por ser Dia de Todos os Santos e por fazer 26 anos que fui baptizado, deixo aqui o essencial do Evangelho de hoje, que me fez lembrar o que devo perseguir na vida. Mais do que ter sucesso, um bom emprego e muito dinheiro, são estas as coisas que me podem tornar mais santo (ou seja, feliz). Sei que ainda estou longe, mas espero estar a caminho de.

Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu.
Felizes os que choram, porque serão consolados.
Felizes os mansos, porque possuirão a terra.
Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Felizes os puros de coração, porque verão a Deus.
Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.
Felizes os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu.
Felizes sereis, quando vos insultarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o género de calúnias contra vós, por minha causa.
Exultai e alegrai-vos, porque grande será a vossa recompensa no Céu.

terça-feira, 31 de outubro de 2006

O concerto

Aqui está o cartaz do meu primeiro concerto à séria!
Quer dizer, já cantei em público com o coro da igreja numa mostra de gastronomia, já entrei num concurso de karaoke e já dei recitais de piano para pouca gente, mas este vai ser diferente! É uma coisa mais "profissional" e vai ser bem no centro de Londres, em Picadilly! E apesar de eu ser só um num coro de trinta, sei que a adrenalina vai subir...
O reportório inclui jazz, Abba, clássicos do cinema (como Over the Rainbow) e até Britney Spears, por isso promete ser uma noite divertida. Podem ver mais pormenores aqui.
Para os que vivem em Londres e estejam interessados, ficam feito o convite: 24 de Novembro, 19h30. Os bilhetes comprados antecipadamente custam £10, ou £7 para estudantes. Mandem-me um mail e eu trato do resto.

Brincando com o Mac...


segunda-feira, 30 de outubro de 2006

Vida nova

A vida cá em casa entrou numa nova fase com a chegada da Daniela.
Antes de mais, devo fazer justiça à Nayan. Foi muito bom viver com ela durante um ano. Gozar de boas conversas, experimentar uma cozinha bem diferente, dançar as músicas de Bollywood... Ela foi sempre impecável comigo, ouviu os meus desabafos e deu conselhos, partilhou também os seus problemas e desafiou-me para vários programas. Nos últimos meses já conseguia ler os meus pensamentos pela minha expressão facial - o que, diga-se de passagem, não é muito difícil! E sem dúvida que quero manter esta amizade, mostrar-lhe um dia Portugal e ir conhecer a Índia.
Mas também há que reconhecer que nem tudo foram rosas. Ela era um bocado desarrumada, os padrões de limpeza eram muito pouco exigentes, a cozinha ficava sempre em pantanas depois de ela cozinhar e os seus convidados eram os que mais incomodavam. Ok, eu sei que são culturas diferentes, mas a verdade é que agora dá gosto abrir a porta e não sentir cheio a especiarias, não ter gente a comer no chão da sala, não ter na casa-de-banho um milhão de frasquinhos inúteis e um utensílio metálico sinistro que, depois de muito nos interrogarmos, descobrimos que servia para limpar a língua.
A verdade é que, após uma limpeza a fundo na passada quarta-feira, a casa continua com um aspecto... limpo! O que antes seria praticamente impossível. E também aproveitámos a mudanla de flatmate para fazer alguns melhoramentos: novo router (finalmente posso usar a internet no Mac), novas lâmpadas, e o senhorio veio fazer :
A Daniela chegou na quinta-feira e foi fácil a sua adaptação. Eu tenho tentado falar o máximo possível em português, e achei muito divertido quando a certa altura estávamos os três a falar a língua de Camões - decidimos fazer "dia sim, dia não", português e espanhol, vamos ver se é para valer. Ela é discreta, passa o tempo no computador e sai para correr de manhã cedo. Sábado foi um "dia de flatmates": ficámos em casa, almoçámos e jantámos juntos, desvendámos um pouco da nossa vida, ouvimos música... um dia de puro relax e dolce fare niente!
Para a memória, e em especial para que todos os que andavam a pedir uma fotografia da Daniela, aqui fica o registo do nosso jantar. Os que já por cá passaram hão-de notar que a garrafa de vinho verde do Sainsbury's continua a ser presença fiel.

E a verdade é que tenho andado mais satisfeito com a vida caseira. Nos últimos dias tem-me dado para cozinhar! A quiche de atum já está, como o bolo de maçã, ao nível das "apostas seguras". E para este jantar aventurei-me a preparar uma vol-au-vent de carne picada, com maçã e passas. O resultado esteve longe de ser perfeito, ainda há muito para melhor, mas o certo é que tudo desapareceu numa refeição! E reparem no pormenor do 67, que é o número da nossa porta...

terça-feira, 24 de outubro de 2006

Incentivos

Ontem fui tomar um copo com uma rapariga portuguesa que conheci há pouco. Está a fazer um curso "acelerado" de Enfermagem, que é aberto a qualquer pessoa com um curso superior, seja ele Biologia ou Direito. São só 2 anos de aulas e estágios em hospitais, e a pessoa fica pronta a exercer. De qualquer forma, a maioria dos cursos superiores aqui só dura 3 anos. E uma das razões que me fez vir para cá estudar foi a possibilidade de fazer um Master em apenas 1 ano.
Mas não era sobre a duração dos cursos que queria falar. Em geral, as propinas cá são caras: cerca de €4500 por ano para um curso superior. Ora, como ultimamente tem havido pouca gente a entrar para Enfermagem e é preciso que haja mais, eles decidiram que neste curso não se paga propina. Melhor ainda, os ingleses ou estrangeiros que cá vivam há mais de 3 anos recebem uma bolsa durante o curso.
Claro que o importante, sobretudo nestas profissões que lidam mais directamente com pessoas, é captar as pessoas com mais vocação, mas há que reconhecer que estes incentivos são uma maneira prática de tentar equilibrar a procura e oferta no mercado de trabalho.

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Fim-de-semana

Para além da escolha da flatmate, o fim-de-semana que passou teve vários bons momentos. Coisas simples, mas que tornam mais rica a London life. Como bem me lembrava a Nayan, atrás de tempo, tempo vem.
Na sexta fomos jantar a um restaurante indiano. Era o último dia da Nayan e do Chintan cá em casa, e era também Diwali, o Ano Novo para eles.
Sábado à noite a Marcela (irmã da Catalina) ofereceu-se para vir cá a casa cozinhar para nós. Trouxe pão de alho e vinho, e fez-nos pesto. E como ainda vinha a tempo de festejar os meus anos, trouxe um bolo e tive direito aos parabéns cantados!
E no domingo à tarde deu para passear à chuva com o Eduardo e a Anne, a caminho de um pub onde nos demorámos em amena cavaqueira. Regado a pints e rematado por um belo hamburguer!
Pena que à noite os jogadores leoninos não tenham conseguido rematar mais uma vez com êxito, isso teria sido a cereja em cima do bolo.

Nova flatmate!

No sábado passado tivemos uma experiência digna da Residência Espanhola. Tínhamos posto um anúncio num site a oferecer o quarto da Nayan, algumas pessoas mostraram-se interessadas e marcámos 5 visitas para sábado.
Isto de procurar flatmate é uma prática bastante comum para os europeus do Norte, mas para nós era uma absoluta novidade. Ao que parece, há gente que prepara meticulosas entrevistas para fazer aos candidatos, mas nós limitámo-nos a limpar a casa e esperar por eles.
O primeiro a chegar foi um holandês. Mostrámos-lhe a casa e depois sentámo-nos a tomar chá e conversar. Ele gostou do sítio e seria um bom candidato, mas como ainda faltava conhecer os outros ficámos de lhe dar a resposta mais tarde. Quando ele saiu, ficámos com a sensação de que era realmente estranho ter desconhecidos a vir pedir-nos "posso vir morar convosco?"...
A candidata vencedora veio logo depois. Para manter o suspense, deixo os seus dados para o final do post. Falámos com ela em espanhol, o que facilitou o "quebrar o gelo". Ela ficou encantada com a casa e disse que por ela ficava. Nós também achámos logo tínhamos encontrado a melhor pessoa, e dissemos-lhe isso, mas como já não tínhamos maneira de desmarcar as seguintes, prosseguimos com as visitas.
A partir daqui levámos a coisa mais na brincadeira. Veio uma espanhola, excessivamente maquilhada, com roupa formal e ar de enjoada. Felizmente não gostou do quarto, achou-o muito pequeno, por isso foi fácil despachá-la. Esperávamos depois uma francesa que não apareceu, melhor ainda.
Mas para o fim estava guardado o melhor. Vimos esta rapariga a aproximar-se do nosso edifício e dissemos "não pode ser para aqui". Mas era! Baixa e muito magra, cara muito pálida a contrastar com a pintura negra dos olhos e o casaco de cabedal preto que era maior que ela, uma saia também preta e uns All Star de xadrez. Era uma espécie de soft punk, e muito nos rimos depois a pensar como seria quando ela trouxesse os amigos lá para casa. Ok, somos preconceituosos, mas a situação prestava-se... Ela era super simpática e também ficou interessada na casa, por isso ficámos com alguma pena - acho que ela vai ter alguma dificuldade em encontrar lugar.
Mas dos 3 interessados havia uma que claramente assentava melhor, e que a partir de quinta-feira vai viver connosco. Chama-se Daniela, tem 25 anos e é mexicana. Está no segundo ano de um Master em Curating Contemporary Art (organização de exposições em museus) e passou o Verão a trabalhar no Brasil, por isso também fala português. Gostou da localização do nosso flat porque fica perto de um parque e ela vai correr todas as manhãs. E diga-se em abono da verdade, é gira!
Uma nova fase vai começar. Sangue novo, conversas novas, novos programas (espero receber uns convites para inaugurações, que eu gosto de borlas). E a casa estará certamente mais limpa e arrumada, e sobretudo livre do cheiro a curry e fritanga.

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

Referendo


Venha de lá um novo referendo. Ainda que as pessoas já tenham votado há 8 anos e ainda que não me pareça ser uma prioridade na agenda do País, não receio a discussão e acho que de tudo se podem tirar resultados positivos.
O primeiro referendo serviu para acordar o lado do 'não': fez surgir vários centros de acolhimento e linhas telefónicas de apoio a grávidas. Se do debate dos próximos meses sairem mais iniciativas destas, ou se alguns casais decidirem deixar nascer um filho não desejado à partida, já serão bons frutos.
Não vale a pena extremar posições. Acreditem que é um tema que me toca bem fundo e mobiliza a minha militância, mas nem por isso menosprezo quem pensa de maneira diferente. Tenho amigos a votar 'sim' e 'não', e acredito que de um lado e doutro haja boas intenções. Conheço quem já tenha abortado e conheço quem tenha acolhido até ao fim um filho não esperado (quem pode garantir que não foi o seu caso?). Por isso não se trata de uma luta pessoal, bons e maus, preto e branco, vitória e derrota - apenas estamos a discutir a lei que queremos para Portugal. E nisso podem esperar de mim firmeza no que acredito: não quero que no meu País seja permitido o aborto a pedido (ie, sem restrições) até às 10 semanas.
Na data marcada, irei a Portugal pôr a cruz no "não". E entretanto vou deixando aqui algumas contribuições para o debate, sobretudo para fazer pensar os leitores mais indecisos.

quinta-feira, 19 de outubro de 2006

Aliviado

Não tinha contado antes para não dar mau agoiro, mas na semana passada tinha feito uma audição no coro e estive até hoje para saber o veredicto. Era um teste para ver se eu tinha competência suficiente para ficar, por isso deixou-me um bocado nervoso, sobretudo porque estava mesmo a gostar dos ensaios. Iam ser só 5 minutos, nos quais eu ia cantar uma peça que tinha ensaiado antes e depois ler uma pauta à primeira vista. Tudo coisas que eu me habituei a fazer durante anos, mas que já não fazia desde os meus 18.
Comecei por pedir umas pautas ao Rui, que também está num coro, e ensaiei durante uns dias. Primeira dificuldade: a voz de tenor (a mais aguda dos homens), onde até aqui eu me tinha incluído, tinha notas onde eu não conseguia chegar, e achei que me ia espalhar ao comprido quando tivesse de cantar sozinho. Por isso, quando lá cheguei disse ao maestro que eu provavelmente não era tenor. Ele lá me festa cantar umas escalas e disse que eu era barítono (voz do meio), mas como não havia essa voz no coro eu poderia cantar com os baixos (os mais graves). Mas por aqui tudo bem.
Enquanto fazia os tais exercícios, ele foi comentando que eu tinha voz mas que não tinha técnica nenhuma, e aí comecei-me a preocupar. Depois põs-me uma pauta à frente e disse para eu cantar, enquanto ele acompanhava ao piano, e eu rapidamente me perdi nas mudanças de linha. Ele disse para eu continuar, que a arte daquilo era uma pessoa nunca parar, e depois de uns dolorosos de muito patinanço ele disse "já ouvi pior". E rematou: "mas fica para o ensaio".
E eu fiquei, mas convencido que ia ser o último e que não estava à altura de tão virtuosos cantores. Fiquei, no entanto, à espera do email que ele prometeu mandar com o veredicto.
Hoje era o dia de ensaio, por isso resolvi perguntar se tinha sido aprovado ou não. E acabei de saber que... fui!!! Já posso ser um membro de pleno direito! E depois de ter mudado de naipe (é assim que se chamam as diferentes vozes) ainda fiquei a gostar mais!
O primeiro concerto, o tal da música pop, é já dia 24 de Novembro. Querem vir?

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

Volver


Sou uma espécie de cinéfilo não praticamente. Gosto muito de ir ao cinema, e quase sempre gosto do que vejo, mas não vou muito. Aqui é um bocado mais pelo preço dos bilhetes (cerca de €12) e por falta de companhia, mas decidi que me ia deixar de coisas e ir de qualquer maneira.
E não podia ter começado melhor. Fui ver o Volver, que já me tinha sido recomendado por vários amigos. Foi o meu primeiro Almodovar e gostei mesmo!
Todas as personagens escondem algo da sua história, por amor ou necessidade, e a verdade vai-se revelando ao longo do filme, para que no final todos, aliás todas, fiquem em paz. O universo lúgubre daquela aldeia espanhola está muito bem explorado. E o "andar para a frente com a vida" das duas irmãs, mais a entreajuda das vizinhas, exalta as virtudes da gente humilde.
Tudo filmado com boas doses de humor e belos planos de imagem, como a cena em que a Penélope Cruz (belo papel e que gira que ela é!) lava a loiça, ou a cena em que a irmã chega ao velório e é cumprimentada pelas velhas.
Se ainda não viram, vale a pena ir!

Breves

1. Esteve cá a mãe do Eduardo a visitá-lo. Veio com uma amiga, as duas sem falar inglês e por isso um pouco desorientadas nas ruas de Londres. Mas sempre muito divertidas, e particularmente corrosivas em relação aos hábitos de limpeza (ou falta deles) dos nossos companheiros indianos. Gostei muito de a conhecer e espero em breve poder retribuir a visita. E depois de uma semana de jantares "familiares", dei comigo a pensar em espanhol - ui...
2. A Mafalda veio cá jantar no domingo. Vinha da Polónia, onde esteve numa conferência sobre sem-abrigo, e aproveitou os vôos baratos para fazer escala aqui em Londres. Apanhei-a às 8 da noite e deixei-a às 4 da manhã. Pelo meio demos cabo de 2 doses de crepes, uma garrafa de vinho e resmas de palavras trocadas.
3. Estamos oficialmente à procura de flatmate. A Nayan conseguiu finalmente uma casa e vai mudar-se daqui a uma semana. Já tínhamos posto anúncios na nossa antiga universidade e hoje pusemos também um anúncio na net. Vamos ver quem nos cai na rifa...

sexta-feira, 13 de outubro de 2006

Novas tecnologias


Em poucas semanas tornei-me um pouco mais moderno.
Primeiro foi o computador. Tinha este portátil, onde ainda escrevo neste momento, desde o final do curso. Não é assim tanto tempo, algo como 3 anos e meio, mas além de ter deixado de ser verdadeiramente portátil já há muito, porque a bateria estava muito viciada e tinha de estar sempre ligado à corrente, avariou por completo por 2 vezes em pouco tempo, o que me fez pensar que era altura de lhe arranjar um sucessor. E a Ana fez o favor de me comprar um Apple em Nova Iorque, bem mais barato do que era aqui, e este é o meu novo portátil! Também teve uns problemas ao início, ainda lhe faltam alguns programas para se compatibilizar com o Windows, e ainda tenho de passar os ficheiros de um para o outro, além de que levo um bocado de tempo a habituar-me ao Mac, mas já tem dado para aproveitar algumas das suas funções e para ir no avião a escrever - até me deixar dormir, claro!
A segunda inovação foi o telemóvel, que me auto-ofereci nos anos. Tinha um Nokia 3310, que era o máximo há 5 anos atrás, quando apareceu a febre das sms. Mas a bateria, aliás a segunda bateria já estava a dar as últimas e eu achei que era altura de dar alguma cor e polifonia às minhas comunicações. Agora já posso tirar fotografias e pô-lo a tocar ao som de Shakiras e afins. Só espero conseguir desbloqueá-lo para poder usá-lo mais aqui em Inglaterra, neste momento só me serve para ler mensagens...
E assim se vai dando uns golpes nas poupanças... mas também há que ser moderno, ou não?

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

Victor Peter

Durante vários anos, era eu um pré-adolescente, tinha lugar cativo em frente ao televisor, ao fim da tarde, para ver A Roda da Sorte. Ao mesmo tempo que fui perdendo a inocência com algum humor mais brejeiro, também absorvi uma maneira de fazer trocadilhos com as palavras e um conjunto de expressões que me acompanham até hoje, e que nessa altura entraram no quotidiano dos portugueses.
Vem isto a propósito do Victor Peter, autor de grande sucessos como Goodbye Maria Ivone e Paula, que iam sendo lançados precisamente na Roda da Sorte. Lembro-me de os meus vizinhos andarem à procura da cassete dele para me oferecerem, mas nunca sabíamos se realmente existia tal pessoa ou se era só uma invenção do Herman. Isto na mesma altura em que eu e o meu vizinho de baixo cantávamos no banho, de um andar para o outro "Ó Ivone, ó Ivone, ó Ivone, goodbye my love...", com o atractivo extra de esse ser o nome da minha vizinha de cima. Pois bem, andava eu a vaguear pelo YouTube, quando encontro uma entrevista com o tal Victor Peter, que vale a pena verem! É sem dúvida uma personagem bizarra, mas é também uma figura bem presente no meu imaginário...

terça-feira, 10 de outubro de 2006

26 anos

Entre a última crónica e esta, fiquei um pouco mais velho. Deixei de estar equidistante dos 20 e dos 30, agora estou mais próximo dos trinta. Mas ainda falta muito!
Pois é, no domingo passado completei 26 anos de vida e foi pretexto para mais uma visita a Portugal. Quando voava para Lisboa pensava se não era um capricho meu ir a Portugal só para festejar os anos. Ainda para mais pouco depois de ter lá estado de férias, talvez me tivesse apetecido mais ter comemorado a data por cá. Mas a viagem estava marcada há vários meses e havia que aproveitar, e acho que valeu a pena ter ido.
Não consegui encontrar o tal sítio "à medida" para fazer uma festa mais animada e alargada, por isso optei por reunir os amigos mais próximos no sábado, para jantar em minha casa... ou melhor dizendo, em casa dos meus Pais. Com a contribuição de todos, conseguiu-se uma mesa bem recheada e variada. As conversas espalharam-se pelos vários quartos, mostrei também algumas fotografias das férias e à meia-noite lá me cantaram os parabéns. Sintoma da idade, pouco depois os convivas foram dispersando, e eu que até estava numa de borga... mas foi muito bom terem vindo!
No domingo foi a vez da família: pais, irmãos, cunhado, sobrinhos e tia. O alvoroço de sempre, a Mãe sem parar sentada, as sobrinhas a fazerem das suas, o sobrinho a gatinhar pela casa fora e o telefone sempre a tocar. Fiquei especialmente contente com as chamadas que recebi da China (Catarina, Raposo e Ascensão), da Guatemala (Roberto), da Colômbia (Catalina e Natalia), da Dinamarca (Mafalda) e de Madrid (Jorge) - não é que a alegria tenha de ser proporcional à distância, mas saber que se dão ao trabalho de telefonar de tão longe claro que me deixa lisonjeado!
E em termos de presentes não me posso queixar, foi uma colheita muito boa! Recebi um Swatch, muita roupa gira, vários livros, 2 CDs da Mariza, uma bola para fazer exercício, um "massajador" de cabeça, um cubo de Rubik, um auscultador de telefone para ligar ao telemóvel (prémio originalidade para a Tia Dada!)... E à chegada a Londres tinha à minha espera mais 2 camisas e... uma massagem!
Quem sabe se ainda faço uma outra festa por estas bandas... há que aproveitar todos os pretextos!

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

Parabéns!

Sábado fui conhecer a Sara, filha da Margarida e do Chris. Sair de Londres, ir de comboio até à vila pacata onde eles vivem, partilhar da sua alegria e poder estar quase 1 hora com uma bebé de 10 dias ao colo, foi realmente um privilégio! E a Sara é linda! Muitos parabéns aos papás!

quinta-feira, 28 de setembro de 2006

2 anos!

Faz hoje 2 anos que cá cheguei.
As despedidas no aeroporto, as primeiras 2 noites em casa da Margarida, a chegada a Passfield e à LSE, já me parecem recordações longínquas. As ideias que trazia foram mudando rapidamente: achava que o Master me ia mudar a vida e foi apenas interessante; achava que não ia fazer amigos e fiz bons amigos; achava que ia aprender a viver sozinho e ainda não aprendi; achava que ia voltar há 1 ano e ainda cá estou.
Não sei se estou mais maduro, mas sei que o meu mundo cresceu. Cresceu muito para a América Latina, e muito por culpa do Eduardo, que tem acompanhado de perto os altos e baixos da minha vida em Londres e é co-responsável por algumas das melhores páginas que por cá tenho escrito. Também foi muito importante, e continua a ser, a amizade com o Roberto e com os colombianos. Graças a eles, hoje falo um castelhano fluente e conheço muito mais da cultura latina. O meu mundo cresceu muito também para os lados da Índia, tanto pela Nayan como por outros amigos que cá continuam; apesar de a cultura ser bem mais diferente, não faltam pontos em comum, e têm estado presentes nos momentos chave. Também fiz alguns amigos entre os ingleses ou outros europeus, ainda que não tão próximos, e toda esta riqueza de encontros assegura-me que valeu a pena ter vindo.
Outra coisa que quero sublinhar foram as amizades que cresceram à distância. Amigos que estão sempre do outro lado do email, do MSN ou do Skype, a perguntar se está tudo bem e a manterem-me a par do que se passa em Portugal. Amigos que aparecem por cá, com quem passeio e converso com mais tempo e abertura. E outros amigos desterrados, com quem vou partilhando os queixumes próprios da saudade lusitana (falta-nos sempre qualquer coisa...) e cujo apoio internético não dispenso.
Por tudo isto, hoje tenho razões de sobra para festejar!

Faz também 2 anos que este blog nasceu. Quase 400 posts depois, tem cerca de 100 visitas por dia, o que me enche de orgulho. Não tanto pela qualidade da obra, mas por saber que há gente desse lado interessada em saber o que se vai passando deste lado.

quarta-feira, 27 de setembro de 2006

Portugal sempre perto

1. Na habitual visita ao supermercado para comprar o almoço, deparei-me com um cartaz a alertar para uma promoção: ROCHA PEARS. Como "Rocha" me soava pouco inglês, aproximei-me e de facto lá estavam as nossas deliciosas peras do Oeste. A juntar aos nossos espinafres e vinhos que são presenças mais habituais.
2. No regresso a casa, quando ia a sair da estação de comboio, vi na rua algum alvoroço, com duas motas da polícia a abrir espaço no trânsito para deixar passar um autocarro. O bigode de Reinaldo Teles não enganava, era a equipa do Porto a caminho do estádio do Arsenal. O desfecho da noite futebolística luso-britânica não foi o melhor, esperemos que amanhã o Sporting faça melhor.

terça-feira, 26 de setembro de 2006

Marisa Monte

Um belíssimo concerto: a voz cristalina, os efeitos das luzes, os braços dela sempre ao ritmo da música... As músicas dos 2 álbuns lançados este ano passaram quase todas: Vilarejo, Vem Saber e Meu Canário são as minhas preferidas. Mas o que fez o público levantar-se das cadeiras para dançar foram alguns êxitos mais antigos, como Não Vai Embora e os êxitos dos Tribalistas.
Realmente a música é uma linguagem muito forte! Traduz sentimentos que também são nossos, leva-nos até às memórias de outras vezes que escutámos as mesmas canções... e consegue fazer-nos arrepiar. E pelo menos a mim dá-me sempre a vontade de ser um dos músicos que estão no palco.

Um pé lá e outro cá

Assim foi o fim-de-semana.
Sair do trabalho em direcção ao aeroporto já não tem nada de novo. Dormir a viagem inteira, tal como depois fiz no regresso. Cumprir a promessa de comer a bela da francesinha em Vila do Conde.
No sábado, o tal encontro de família, desta vez com 133 pessoas. Muitos olhos no Pedrinho e os devidos parabéns para os papás. Depois da missa e do almoço, mostrei um Power Point para explicar às pessoas como podem colaborar no site da família, um dos meus projectos que espero agora ganhe outro fôlego. E para terminar, o tradicional jogo de futebol, mas com um pouco menos de garra, pareceu-me - muitos veteranos se foram retirando e os novos ainda estão muito verdes. Mas depois de terminada a festa, só deu para jantar com os meus pais, faltou um bocado mais de socialização...

E no domingo o almoço já foi na minha casa de Camden. Estava lá em casa a Marcela, irmã da Catalina, e depois de almoço o Eduardo e eu fomos levá-la à residência onde vai ficar. Mas como a tarde estava bonita, o passeio não ficou por aí. Fomos até à beira do rio, onde parámos a beber uma pint com a vista que aqui vos mostro. Ainda que cada vez mais ecoe na minha cabeça o refrão do Variações "só estou bem aonde não estou", são estes os momentos que me fazem perceber que por enquanto ainda estou bem aqui. E melhor ainda depois do fish and chips com que terminámos o dia.

sexta-feira, 22 de setembro de 2006

Ao encontro da família

Quando disse aqui no trabalho que hoje ia a Portugal, eles fizeram uma cara espantada: "Again?!"
Pois é, à noite já estarei com os meus pais a jantar uma francesinha em Vila do Conde. Isto porque amanhã temos o anual encontro de família em Famalicão.
O meu avô (o senhor baixinho que aparece no centro da foto) teve 17 filhos. Como vários destes filhos também foram bem generosos na prole, hoje somos 59 netos, 78 bisnetos e 8 trinetos. Com os respectivos, somos cerca de 200 pessoas.
E devido aos 50 anos de intervalo entre o primeiro e o último filhos do meu avô, a confusão entre gerações é bastante grande: o meu tio mais velho já é bisavô, enquanto os tios mais novos continuam a ter filhos... Por isso os novos rebentos vão-se somando aos vários níveis da árvore genealógica. Só nos últimos meses nasceu um neto, um bisneto e um trineto.
E quem é este trineto? O Pedrinho, meu afilhado! Sim, porque nos últimos anos tive a alegria de ter um amigo a participar de pleno direito nestes encontros familiares, que acho que ainda o deixam um pouco esgotado, não é Pedro? É que para quem entra, são muitos beijinhos e "passou-bens" a gente que não se faz ideia de onde aparece! Mas com os anos as caras vão-se tornando familiares...
Assim, amanhã espera-se um dia bem animado, e depois eu conto como foi.

quarta-feira, 20 de setembro de 2006

Procura-se...


Um post mais leve agora, mas nem por isso menos importante!
Daqui a pouco mais de 2 semanas vou a Lisboa comemorar o meu 26º aniversário. Faço anos num domingo, mas a minha ideia é dar uma festa no sábado, dia 7. E, como todos os anos, aqui fica a questão: alguém sabe de um lugar onde eu a possa fazer?
O ideal seria um bar, onde já tudo estivesse "pronto a usar" e não fosse preciso preparar nada nem arrumar no fim. Mas uma condição importante era que me deixassem pôr a música, para ser uma festa mais pessoal! Claro que outras soluções são de considerar, mas por enquanto é disto que estou à procura. Pode ser em Lisboa ou na Costa, ou perto. Dão-se alvíssaras a quem me descobrir o lugar perfeito...

Oi

Não gosto de ficar tantos dias sem escrever, que me desculpem os leitores mais assíduos. Não faltam assuntos, nem falta tempo, mas nem sempre há inspiração para o fazer.
Tenho andado demasiado absorto a tentar perceber o que espero de Londres neste momento. Estou um bocado descontente com o trabalho, parece-me chato, mas por outro lado toda a gente passa por esta fase e este tempo é bom para poupar algum dinheiro. Será que deveria procurar outro?
Algumas vezes deixo-me condicionar pela nostalgia dos tempos de estudante, e isso acaba por fazer-me mal - se o passado foi bom, há que ficar feliz e não triste, e o futuro é o que está por construir. Parece simples, mas tem-me levado tempo a entender!

Entretanto, tive a oportunidade de passar boa parte do último fim-de-semana com o meu amigo P.P., que veio cá poucos dias antes de entrar para os jesuítas. E é giro como aqui parece que temos todo o tempo do mundo para conversar, que não há uma próxima actividade para onde correr, como normalmente em Lisboa. As conversas ficam guardadas no coração, mas o orgulho na coragem da sua decisão e a promessa de rezar por ele nestes tempos podem ficar aqui documentados.

E que mais? Nos próximos dias chega a Londres a irmã da Catalina, vem estudar na LSE. E há novas compatriotas para conhecer. Daqui a 2 dias vou passar o fim-de-semana ao Porto com a família e na segunda é o concerto da Marisa Monte. E hoje devo finalmente ter o meu Apple arranjado! Tudo motivos para sorrir.

Esta é só uma noite para partilhar
qualquer coisa que ainda podemos guardar cá dentro
num lugar a salvo para onde correr
quando nada bate certo
e se fica a céu aberto
sem saber o que fazer

Esta é só uma noite para comemorar
qualquer coisa que ainda podemos salvar do tempo
um lugar pra nós onde demorar
quando nada faz sentido
e se fica mais perdido
e se anseia pelo abraço de um amigo

* Pode ser simples, mas a Mafalda Veiga continua a fazer sentido para mim. Hoje fez.

sexta-feira, 15 de setembro de 2006

Menino de coro

Durante 10 anos estudei música. Aprendi piano e teoria com a D. Judite, uma professora entusiasmada e exigente, que continuava a ensinar já na casa dos oitenta. Eu devo ter sido o seu último aluno, e no dia do seu funeral prometi que não ia deixar nunca a música.
Nesses anos todos de aulas, nunca consegui ganhar disciplina para me sentar todos os dias ao piano e estudar, e ao tocar faltava-me algum sentimento. Tens de arranjar uma namorada, dizia-me ela. Por sua insistência, ainda cheguei a fazer um exame no Conservatório, mas foi, juntamente com Processo Civil, a única coisa a que chumbei. Ainda assim, não me frustra tanto saber que não fui, nem virei a ser, um virtuoso do piano.
O que eu gostei mesmo foi de aprender a teoria da música, perceber a sucessão quase matemática, mas sempre aberta ao imprevisto, das harmonias. Reconhecer os sons, ler pautas, cantar afinado. Essa base tem-me sido preciosa para tirar acordes de ouvido para a guitarra e fazer vozes em coros ad-hoc para casamentos. E a isto se resumia a minha actividade musical até ontem.
A meio do Verão decidi procurar um coro. Era uma maneira de pôr a render esse talento e também de conhecer novas pessoas. O meu amigo Google deu-me várias hipóteses de escolha, mas a que mais me interessou foi um coro que ensaiava a escassos metros de minha casa e que publicitava uma boa vida social entre os seus membros.
Ontem fui pela primeira vez a um ensaio, à experiência, e acho que é para ficar! Eram 15 a 20 pessoas, quase todos abaixo dos 40. Se aqui no emprego o que não faltam são caras feias, ali toda a gente tinha pinta: lavadinhos, bem vestidos e com caras sorridentes - e nem vestígios de uma miúda feita, eram todas giras!
Quando cheguei, estavam nos exercícios de aquecimento, não só vocais mas também físicos (ginástica e até massagens!). Como era o primeiro ensaio para o próximo concerto (em Novembro, acho), o director apresentou reportório e avisou logo que ia ser um bocado diferente dos clássicos habituais. Passou-nos para as mãos um livro de partituras dos Abba, e lá fomos nós: Money money money, Thank you for the music... Não é de longe um dos meus grupos favoritos, mas aquilo cantado a 4 vozes tem outra pinta! E para a semana vamos juntar a Bohemian Raphsody dos Queen, e até Britney Spears, ao reportório.
O único problema é que, enquanto que todos os outros são uns cromos e apanham as notas todas
à primeira, eu estava muito enferrujado e andei um bocado perdido, mas nada que não se resolva com a prática. E também não tenho o vozeirão de alguns que lá estavam, mas essa é a vantagem de um coro - não é preciso ser um às, desde que possa contribuir para o colectivo!
No intervalo serviram café e biscoitos, e no final fomos quase todos até ao pub - how British! De onde és?, o que fazes?, como descobriste este coro?, as apresentações habituais. E todos me acolheram muito bem.
Parece que foi uma escolha acertada, e com muito para explorar!

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Tudo na mesma ou tudo diferente?

Muitas das vezes que fui de férias a Portugal nestes 2 anos voltei com a sensação de por lá estar "tudo na mesma". É, aliás, a resposta mais habitual quando pergunto a alguém se há novidades. Mas desta vez tive uma percepção diferente. Não que tenha havido um surto anormal de mudanças nos últimos meses, acho que fui eu a dar outra atenção às coisas.
O crescimento dos sobrinhos (é estranho já não poder dizer as sobrinhas) é o sinal mais evidente dessas mudanças, está bem à vista. Dos amigos, já quase ninguém estuda, e alguns conseguiram entretanto bons empregos. Uns já vivem por sua conta, outros preparam-se para o fazer. Entre os "emparelhados", fala-se cada vez mais em casar e ter filhos. Um grande amigo vai entrar para jesuíta.
Tudo isto fez-me pensar nos meus projectos. Às vezes preciso de um empurrão de fora para me questionar: até quando devo ficar por cá, o que quero fazer a seguir... Sinto-me enriquecido pela experiência no estrangeiro, e falo agora da vida profissional, mas não me sinto ainda "encarreirado". Terei tempo para experimentar várias coisas.
Mas ainda me falta cerca de 1 ano por estas bandas, e tenho muita vontade de segurar esse presente com garra! Para evitar que a vida só avance na pátria e que por aqui fique tudo na mesma.

segunda-feira, 11 de setembro de 2006

Acabou-se o que era doce

Foram só 2 semanas mas pareceu mais, de tão bem que me soube estar com a família e os amigos, estar de papo para o ar na praia, guiar o meu carro, comer e beber à boa maneira portuguesa. Mais do que grandes festas e ajuntamentos (que também os houve!), estas férias foram sobretudo feitas de momentos simples, encontros mais pessoais, conversas mais prolongadas. E também do dolce fare niente!
Mas eis que é chegado o tempo de voltar. Por enquanto a minha primeira morada continua a ser mais a Norte. E também é bom rever as caras que me acompanham por cá, tentar entregar-me com mais garra ao trabalho e a novos projectos, e voltar a estar por minha conta. Vamos a isto!

sexta-feira, 8 de setembro de 2006

sexta-feira, 1 de setembro de 2006

Ponto final

Lembro-me de ter 15 anos, em plena queda do cavaquismo, e de poupar no almoço às sextas-feira para poder ir à papelaria em frente da escola comprar O Independente. Lia com atenção as notícias corrosivas, sempre com trocadilhos por título, e passava as aulas da tarde a ler a revista, com os artigos irreverentes sobre a sociedade e as colunas de opinião do Miguel Esteves Cardoso, do Domingos Amaral, da Constança Cunha e Sá...
Há muito que O Independente já não era carne nem peixe. Já não era o jornal que fazia o Governo tremer, já não tinha todas as estrelas de outros tempos e já não ditava modas. Ainda assim era um espaço mais à direita que vai fazer falta, neste país onde a orientação política dos jornais raramente é assumida (em Inglaterra isso é mais transparente). Pode ser que venha outro.

quinta-feira, 31 de agosto de 2006

Sem nuvens

Desde que aterrei no sábado ainda não vi uma nuvem no céu. Pode ser exagero, mas não deve andar muito longe da realidade. E com a temperatura sempre acima dos 30ºC, tem sido pouca a vontade de sair da Costa, pelo menos enquanto é dia.
É bom estar em casa. E um prolongamento da casa, a 10 minutos de distância, é a praia, onde tento passar o máximo de tempo. De manhã com os irmãos e as sobrinhas, à tarde com os amigos que aparecem. O sol na pele e a água fria nos ossos repõem os níveis de energia e positividade puídos pelo cinzento de Londres. À noite, há sempre o aconchego de uma mesa à espera: a mesa da família reunida, a mesa dos jantares com 20 pessoas na aldeia do meu imaginário, a mesa descoberta do Buenos Aires ou a mesa cuidada e acolhedora da varanda do Vasco. Sinto-me descansado, despreocupado e simples - é isto estar de férias!
Fala-se cada vez mais de casas novas, casamentos e bebés. A idade é realmente outra...

segunda-feira, 28 de agosto de 2006

Postais de Gales

O prometido é devido! Aqui ficam algumas imagens do fim-de-semana passado em Gales.

Vejam só o nome destas terras!

Ovelhas por todo o lado...

...e também cavalos selvagens!

Foi sem dúvida um fim-de-semana em boa companhia! ;)